Se
houvesse mais bandas com o espírito dos Viralata, certamente o mundo seria bem
melhor! Diversão, alegria e descomprometimento fazem parte do seu vocabulário
enquanto banda praticante de um punk rock sempre
em rota de colisão com a boa disposição. Rota de Colisão que é, precisamente, o título do seu mais
recente disco e motivo que nos levou à conversa com o coletivo lisboeta.
Olá
pessoal, tudo bem? Ora aí estão os Viralata de regresso com mais uma descarga
de adrenalina, crítica e bom humor. Como foi o período que se sucedeu ao
lançamento de Doa a Quem Doer e à nossa última
conversa?
Tudo ótimo. A
seguir ao lançamento do segundo disco, seguiu-se um período intenso de promoção
e concertos e, mais tarde, de começar a preparar o novo disco que finalmente
saiu.
E
como decoreu todo o trabalho que vos levou até Rota de Colisão?
É o processo
natural e normal. Começar a reunir ideias, a ouvir coisas, a compor, escrever,
ensaiar, experimentar, arranjar e gravar em estúdio.
Uma
rota que também vos fez colidir com João Sanpayo e Eduardo Vaz Marques. Como se
proprocionaram essas duas participações?
Para além de
serem músicos de quem nós gostamos bastante, são também nossos amigos, daí ser
muito fácil partilharmos esta experiência em conjunto. Convidamo-los e
aceitaram à primeira. E o resultado deixou-nos bastante felizes.
Curiosamente
duas gerações distintas dentro do punk rock. Foi
essa a intenção? Como que a homenagear as vossas raízes e os vossos colegas de
atualidade?
Também. Em
primeiro lugar, porque a participação deles acrescentava, de facto, muito valor
às canções em causa. Eram músicas que precisavam e pediam mesmo a interpretação
deles. Por outro lado, porque obviamente partilhamos o mesmo ADN musical, temos
imenso em comum, falamos a mesma linguagem.
Um
dado curioso no alinhamento do disco é a faixa final, Fim… Qual o seu significado?
O disco tem
uma intro e um final. Na intro é o início da “nossa viagem”. O
final é como que uma ironia ao futuro que nos espera se nada for feito. A
extinção. Pensamos que para lá que caminhamos se nada mudar entretanto.
Depois
têm Lúcio
Fernando… é a vossa “Alcides Pinto”? Agora a sério, quem o “vosso” Lúcio
Fernando?
Lúcio Fernando é o verdadeiro nome de Lúcifer. LÚCI
(Lúcio) FER (Fernando). É uma sátira ao Diabo e uma ironia a quem é mau para
com os outros, na realidade, por falta de afeto e carinho. (risos) O mundo
precisa mesmo é de amor e prostitutas.
Aliás,
em termos de humor, os Viralata parecem estar ainda mais à frente que no disco
anterior. Basta atentar numa letra como És Linda! Como é
que uma letra daquele tipo surge?
Acho que em
termos de humor mantemos o mesmo registo, é algo que faz parte de nós. No que
ao tema diz respeito, sinceramente, sempre quisemos ter uma música romântica, e
isto foi o mais perto desse registo que conseguimos. (risos)
De
resto, mantendo a mesma equipa e a mesma editora, acredito que as dinâmicas
estejam muito mais oleadas. Foi importante essa estabilidade?
Sim. Os
processos acabam por ser quase sempre os mesmos. Nós somos família, vivemos a
música dessa maneira, quer como banda quer também na relação que temos com a
Rastilho que é de grande proximidade e entreajuda.
Em
termos de vídeos, ponto onde vocês também costumam ser fortes, o que já têm
disponível?
Fizemos para
o primeiro single, Estrelas Decadentes que antecedeu o
lançamento do disco. Contamos fazer ainda mais um ou dois videoclipes quando houver
oportunidade e disponibilidade.
E
agora, o que se segue em termos de promoção de Rota de Colisão?
Depois de um
lançamento no RCA Clube praticamente lotado, fizemos a Fnac do Colombo e fomos
tocar aos Açores. Temos mais uns concertos marcados e outros a serem agendados.
Mas hoje em dia é cada vez mais difícil para uma banda rock conseguir tocar bastante, preparar uma tour, o que quer seja. O rock,
principalmente feito por bandas portuguesas, foi literalmente apagado do mapa
musical em Portugal e deixou de ter espaço. Demasiados lobbies e interesses. Mas nós somos teimosos e fica desde já a
promessa de que não iremos concorrer ao Festival da Canção.
Obrigado. Querem acrescentar mais alguma coisa?
Estamos
juntos, doa a quem doer.
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