Reviews: Abril (III)


Temptation (SKANNERS)
(2019, Alpha Omega Records)
Os Skanners são uma lendária banda italiana de heavy metal que já anda nestas coisas desde 1982, sendo considerados como os pioneiros do New Wave Of Italian Heavy Metal. Em termos de álbuns de originais já não se ouvia nada deste coletivo desde Factory Of Steel, de 2011. Um longo hiato que termina agora com Temptation, um belo disco onde se percebe que o metal tradicional continua a correr-lhes nas veias. Pelo meio a banda ainda lançou Eins Zwei Drei Metal Party Live, álbum ao vivo dedicado ao guitarrista fundador Max Quinzio falecido em fevereiro de 2014. Ultrapassada que está a perda, os Skanners mostram-se prontos para mais uma dose de bom metal, feito com a habitual mestria transalpina, num disco que, pelo menos no seu miolo, tem argumentos suficientes para fazer despender algum tempo com a sua audição. [77%]


Reloaded (GYPSY ROSE)
(2019, Scandirock Records)
Apesar de ativos desde 1981, apenas em 2005 foi lançado o primeiro álbum dos Gypsy Rose. A banda em torno de Martin Kronlund e Håkan Gustafsson assinava o seu álbum homónimo com o selo da Escape Music, o mesmo álbum que agora, 14 anos depois é reeditado com uma nova capa (bem, dir-se-ia mais um update da capa), um novo título, Reloaded, remasterizações a cargo do próprio Kronlund e a adição de um tema extra, Solitude. Reloaded é um disco de hard rock/heavy metal que tem as suas bases nos anos 80 – quer na cena glam americana (Bon Jovi, Warrant), quer na hard rock europeia (Scorpions, Treat). Este que acaba por ser o primeiro lançamento de uma nova editora – a Scandirock Records – é um disco sólido com sonoridades eighties, temas orelhudos e melodias que ficam na cabeça. Apenas o tema adicional fica aquém do restante álbum. [73%]


Open Arms (DISILLUSIVE PLAY)
(2019, Independente)
Open Arms é o primeiro disco dos gregos Disillusive Play, um projeto que começou a ser idealizado em 2009, mas que apenas em 2014 ganhou forma. A materialização das suas composições é agora apresentada num formato que pode ser considerado como metal alternativo, considerando algumas das variações aqui presentes que vão desde o hard rock moderno ao metal propriamente dito. A espaços lembra as icónicas L7, mas na maioria do álbum é um nome como Lacuna Coil que tem uma presença mais marcante. Há aqui, em Open Arms, algumas boas melodias e ideias interessantes, mas que nem sempre são devidamente trabalhadas, sendo que quando se espera que surja o necessário desenvolvimento… as canções acabam. Um projeto a rever! [62%]


All Things Fallen (ALL THINGS FALLEN)
(2019, Black Oak Records)
Markus Sigfridsson tem sido uma presença habitual no nosso site, através da sua participação nos álbuns de 7Days, Darkwater e Harmony. Agora, o guitarrista sueco volta com um novo projeto – os All Things Fallen – onde assume as guitarras, baixo, vocais e teclados e onde é acompanhado por Erik Tordsson (vocalista principal) e Leo Margarit (bateria). All Things Fallen tem muito dos seus projetos anteriores, nomeadamente a componente melódica cruzada com a vertente power/prog, mas apresenta uma abordagem mais moderna, chegando a tocar o metal de inspiração contemporânea. Boas linhas melódicas, estruturas bem delineadas, alguma complexidade e introdução de maquinaria que surge bem conjugada os instrumentos mais tradicionais, conferem a esta estreia uma capa de qualidade interessante. Um disco onde quase não há brechas na sonoridade, fruto da compactação das diversas camadas. [73%]


Divination (ZAUM)
(2019, Listenable Records)
Apenas três longos temas fazem parte do novo trabalho dos Zaum, trio de doom metal experimental e meditativo. O álbum chama-se Divination e entre passagens monolíticas e ressonâncias catárticas, o trio canadiano vai desenvolvendo a sua música negra, lenta, sofrida e tranquila. Como a passagem pelos elementos mais obscuros do interior de um mundo antigo a ser desvendado. Aliás, todo o conceito está assente na escuridão transmundana dos antigos Burma, tocando o conflito, teísmo e eventos esotéricos de significativa profundidade. Uma história interessante, mas que acaba por empancar numa deficiente abordagem musical, com melodias quase ausentes e muito ruído desnecessário. [57%]

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