Entrevista com Bypass

Mais sucintos e directos. É assim que os Bypass definem a sonoridade do seu novo trabalho, Like Mice And Heroes. Oriundos de Lisboa e praticantes de um pós-algo, os Bypass assumem-se como uma das mais refrescantes propostas do novo rock português. Por isso fomos falar com a banda para nos esclarecer o seu percurso.

Para quem não conhece os Bypass, como descreveriam o vosso projecto?
Os Bypass são uma banda rock. Não uma banda rock tradicional, quando comparado com o panorama rock em geral, mas sim um colectivo onde a principal força motriz é o rock. Claro que nesta definição cabem muitas coisas, ou pelo menos deveriam caber, segundo a nossa perspectiva.

Já este ano havia lançado um EP, Airports. Existe alguma conexão entre estes dois trabalhos?
O EP Airports serviu de aperitivo para o álbum com o qual partilha alguns temas. De realçar ainda, no EP, a inclusão de uma remistura do tema Driving With Yours Fingers Crossed pelo Kubik e que foi baptizada de Sweet.

E sendo este já o vosso 3º álbum, que diferenças apontam entre Like Mice And Heroes e os seus antecessores?
Neste disco quisemos fazer temas mais sucintos e directos. Essa atitude na composição revela-se não só na duração dos temas como também na presença da voz que é muito mais forte. Estes temas apresentam-se mais próximos do formato canção.

Este é um trabalho inspirado na ascensão de Barack Obama ao poder. De que forma lidam, musicalmente, os Bypass com este cenário?
Sobretudo com pragmatismo e assertividade na forma como compusemos. Há menos subtileza e mais contrastes súbitos. É um momento em que, aparentemente, a hipocrisia é menos reinante e a esperança de que uma utopia nova tenha consequências é amplificada, juntamente com todas as incongruências que isso acarreta.

E que ligação tem o título Like Mice And Heroes, com o mesmo?
O título joga precisamente com esse carácter de nova aparência. Que mesmo que seja só ou sobretudo aparência pode ainda assim surtir efeitos positivos como uma espécie de placebo ético a nível global. Nesse sentido, há lugar à acção e não a um cepticismo que, para além de não ajudar, desajuda. Voltando ao título e às aparências, propomos a questão: quem são os ratos e quem são os heróis? Ou, noutra perspectiva, quando vamos (cada um de nós) querer agir de uma forma ou outra?

Gostaria, agora, que nos apresentassem os diversos convidados que participam no vosso álbum.
Makoto Yagyu (vozes), Hélder Rodrigues (trombone), Mila Gonzalez (trompete), Vera Dias (fagote), Isa Peixinho (flauta), Gonçalo Lopes (clarinete).

Quando decidiram que esses convidados deveria participar e como fizeram para conseguir o seu contributo?
Na verdade o processo foi inverso na maioria dos convidados. Os temas ditaram os convidados. Por regra, compomos sem pensar muito em quem tocará que instrumento. Escolhemos a sonoridade que, achamos que o tema sugere e se algum dos instrumentos nenhum de nós sabe tocar ou não sabe tocar de uma forma muito específica, pensamos em quem poderia fazê-lo connosco. De seguida entrámos em contacto ou com as pessoas de que nos lembrámos e que já conhecíamos ou procurámo-los simplesmente. Também o videoclip aconteceu dessa forma. Apesar da nossa ideia inicial mantivemos abertura e desenvolvemo-la juntamente com o Mr Edgar Ferreira. De facto, o resultado está muito distante dessa ideia primordial o que também é um prazer para nós - construir uma obra em conjunto com um elemento exterior à banda.

E essas individualidades tiveram algum input na criação dos temas?
As estruturas e os arranjos já estavam definidos antes de os convidados gravarem. Contudo, deixamos sempre algum espaço em aberto para incluirmos algum imprevisto valioso e até para sugestões que os convidados apresentassem para melhorar as nossas ideias iniciais o que, de facto, aconteceu em vários momentos.

E a passagem de Like Mice And Heroes para os palcos como está a ser feita?
Tivemos que reaprender a tocar os temas. Fazendo novos arranjos em algumas, ou distribuindo novos papéis para cada músico em palco. É comum a pessoa que gravou um instrumento no disco não ser a mesma que o toca nos concertos. Ou porque logisticamente é mais simples ou porque se descobrem novas formas de o fazer. Por isso, até para nós, é uma surpresa o ambiente no palco e a relação que cada um de nós tem com cada tema.

Finalmente, que objectivos se propõem os Bypass atingir com esta proposta?
Com esta proposta propomos: tocar o mais possível. Para este disco é isso que pretendemos, tocar ao vivo o maior número de vezes possível.

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