Entrevista - Dream Circus

Com raízes no Canadá, Reino Unido e Portugal, os Dream Circus preparam-se para conquistar o mundo. O seu EP de estreia, Fear, merceu honras de edição pela influente Casket/Copro e em preparação está uma tournée que visitará a Europa e os Estados Unidos. Com estes motivos, associados a um EP de muita qualidade, Via Nocturna quis saber mais sobre o quarteto sediado em Lisboa e o vocalista James Powell respondeu às nossas questões.

Os Dream Circus são um projeto novo. Podes explicar a génese do coletivo?
Dream Circus, enquanto banda, surge porque nós os quatro conseguimos encontrar-nos uns aos outros e finalmente temos quatro pessoas a remar para o mesmo lado e que partilham uma visão musical.

Sendo um projeto sediado em Portugal, tem, no entanto, raízes noutros pontos do globo. Como se processou este encontro de diferentes personagens?
Eu há dois anos atrás estava a viver no Canadá, em Montreal e voltei para Portugal para participar num projeto com o meu irmão, uma coisa levou à outra... e já agora , o meu sangue é metade português também, portanto existe uma junção de culturas até dentro de mim!

Qual o background musical dos elementos dos Dream Circus?
Falando por mim, toquei em várias bandas, começando nos Emirados Árabes Unidos, onde vivi a minha adolescência. Vivi alguns episódios interessantes lá, incluindo um concerto no World Trade Center no Dubai. Mas como muitos outros europeus e americanos, fomos embora e logo fiquei sem banda. Posteriormente entrei numa banda chamada Abintra, na Inglaterra, mas não havia espaço criativo para mim e comecei um novo project , desta vez no Canadá... e ai surgiram os problemas habituais... drogas, relacionamentos ruinosos.. e acabei por voltar para Portugal para ver se o ouro estaria aqui haha! Falando dos outros membros da banda, o Fred foi baixista de SickSyko, e tocou em várias bandas de punk também. O Gonçalo foi baterista de Jesus on Fire, Lokomotive Station (que tocou no SBSR08) e também é um excelente DJ... O Sandro tem tocado em várias bandas de covers, originais e até toca numa orquestra, portanto uma experiência bastante diversa!

Nota-se na sonoridade dos Dream Circus algumas influências grunge. Que outras influências podem vocês apontar?
Metal, todos os tipos de rock... o grunge em si é um género que, para mim pelo menos, foi mais ou menos inventado pela indústria para vender discos nos anos 90, já que as bandas sonicamente tinham pouco a ver umas com as outras. Nirvana tem pouco a ver com Alice in Chains... Alice in Chains tem pouco a ver com Pearl Jam etc etc... Mas voltando à pergunta, metal sem dúvida, e rock de todos os tipos, punk, stoner, tudo o que for boa música!

Este EP de 4 temas serve, seguramente, como apresentação da banda. No entanto já tem edição da britânica Casket/Copro. Como foi conseguido esse passo importante de chegar, logo no inicio, a uma label de renome internacional?
Como devem calcular abordámos várias editoras durante o processo e respondendo da maneira mais simples possível, eles viram potencial no nosso trabalho e acharam bem apostar em nós! Para além disso, para nós foi uma excelente opção já que a editora tem potencial para nos dar maior exposição fora de Portugal.

Já agora, que outros objetivos se propõem atingir com Fear?
O objetivo maior é fazer com que a nossa música chegue ao público. Portanto, tocar ao vivo ainda é a melhor maneira de fazer com que isso aconteça... até porque ouvir um CD é uma coisa, mas teres a banda à tua frente a tocar é outra! Mas para alem disso já estamos a ver o EP a rodar em muitas rádios nacionais e internacionais e esperamos continuar a espalhar a palavra!

Falem-me do processo de composição. Como acontecem as coisas no seio dos Dream Circus?
Até agora pelo menos, a composição tem acontecido de uma forma super natural, fruto de momentos de inspiração mais do que trabalhos de laboratório. É claro que estruturalmente tem que haver alguma consideração posterior, mas as ideias básicas tem que ser puras... se começas a pensar muito estragas tudo, na minha opinião. A música deve ser um veículo para tu te expressares da forma mais honesta e pura.

E quanto ao processo de gravação, como decorreu?
Gravámos em Braga, nos Ultrasound, com o Pedro Mendes a produzir. Foi uma experiência fantástica, condições de trabalho muito boas e uma riqueza de experiência da parte do Pedro tremenda. Ficamos a conhecer a cidade de Braga também, que adoramos, e de resto podem imaginar, muitos copos, pouco sono etc haha!

Pude ler no site da vossa editora, que se preparam para uma tournée pela Europa e América do norte. O que nos podem adiantar sobre isso? O que já tem preparado nas vossas malas para levarem convosco?
Neste momento ainda nos faltam algumas datas em Portugal, mas sim, estamos a preparar uma tour internacional, onde temos já alguns contactos para tocarmos com bandas de renome... agora neste momento é impossível divulgar nomes, mas em breve vamos anunciar e vai ser... brutal!

Esta tournée será um importante e decisivo passo na vossa afirmação, certo? Consideram-na como tendo uma influência fundamental na implementação do vosso nome, ou sentem que é mais uma oportunidade de crescimento e aprendizagem?
É, em primeiro lugar, mais um passo e mais uma oportunidade. Mas também é muito difícil saber o que se vai passar tanto no mundo da música como em qualquer outra coisa na vida. Pode acontecer grande sucesso comercial de um momento para o outro, ou como no caso da maior parte das bandas que conseguem chegar ao topo, demora muito tempo e é preciso muito trabalho. Não se pode viver a pensar nisso, mais uma vez acho que acaba por estragar a perspetiva certa, que a meu ver é fazer porque se gosta de tocar e porque se tem paixão pela música. Tudo o resto vem por acréscimo.

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