Praticantes daquilo que
verdadeiramente se deveria chamar de avantegard metal, os Skypho, banda de
Albergaria-a-Velha apresentam em Same Old Sin um disco absolutamente sem
barreiras e sem fronteiras. Um disco arrojado e vibrante. Um disco onde a genialidade
e a criatividade andam de mão dada. Por isso, Via Nocturna quis ir descobrir um
pouco mais deste audaz projeto. Hugo Sousa, guitarrista, foi o cicerone.
Em dez anos de carreira, tem havido muita evolução nos Skypho. De que
forma isso se nota em Same Old Sin?
Na minha opinião isso nota-se na forma como as músicas são
estruturadas. É claro que todos nós tocamos um bocadinho (pouco J) melhor mas julgo que quem nos ouvia no
inicio da nossa carreira e nos ouve agora nota isso claramente. As nossas composições
não obedecem a nenhuma regra o que faz com que a nossa música seja um pouco
imprevisível. Acho que não somos aquela típica banda que as pessoas ouvem e
gostam mas que não traz nada de novo.
Este é um disco quase indescritível. Mas como é visto aos olhos dos
seus criadores?
Concordamos com a
expressão indescritível. Nós não conseguimos definir o som que fazemos de uma
forma clara. Podemos de uma forma muito abrangente definir a nossa música como
Metal Alternativo. Gostamos de experimentar na nossa música e quem ouvir o
disco vai poder constatar isso mesmo.
E que expectativas têm para este trabalho?
Nunca tivemos grandes expectativas em relação aos nossos lançamentos.
Sinceramente esperamos que a nossa música possa ser ouvida pelo máximo possível
de pessoas e esperamos que algumas dessas pessoas gostem daquilo que fazemos.
Já passámos a fase de sonhar em viver disto. Contudo acreditamos muitíssimo
naquilo que fazemos. Por isso mesmo os discos serão enviados à comunicação
social porque queremos ver o que as pessoas acham do nosso trabalho e por isso
mesmo sempre que surja a hipótese de tocar em algum lado lá estaremos. Se
chegarmos a mais pessoas com este trabalho do que chegámos com o anterior EP
então valeu a pena.
De que forma é que se trabalha para se conseguirem resultados como os
apresentados em Same Old Sin?
Acho que mesma maneira que maioria das bandas trabalha. Existe uma
ideia, normalmente trazida pelo Carlos (Vocalista) ou pelo Zé (Guitarrista) e
depois na sala de ensaios essa ideia é trabalhada por todos até chegarmos ao
produto final. Como somos todos gajos que não ouvem só metal é normal trazer um
pouco de outros mundos para a nossa música. Se calhar no passado chegámos a um
ponto em que achámos que a nossa música se tinha talvez tornado um pouco
monótona e então resolvemos seguir por este caminho.
Como surgiu a ideia de convidar uma escola de samba para o tema Jungle
Syndrome?
Já há algum tempo que andávamos a pensar nisto. Acho que isto surgiu
porque quisemos testar os nossos limites de composição. Acho que nos devemos
ter virado uns para os outros e ter pensado se seria viável compor com uma
escola de samba e se seria viável gravar isso. Acho que correu bem e foi uma
experiência muito boa.
Para além da Escola Unidos da Vila, vocês têm ainda outros convidados a
participar no disco. Queres apresentá-los?
Claro. Na música White
Bird queríamos juntar uma voz feminina e a escolha óbvia para nós foi a Diana
Costa, amiga da banda desde há muito tempo e que tem uma voz muito especial,
que se encaixou na perfeição nesta música. O outro convidado foi o Osga,
conhecido músico do Porto, que tem movido a sua carreira em bandas de World
Music como os MU e Bailebúrdia. Também é um dos Homens da Luta. Gravou todas as
pares de didgeridoo.
O EP anterior chamou-se Nowhere Neverland e neste trabalho temos um
tema com esse nome. Trata-se de uma reposição? O mesmo se passa com My
Insomnia?
Sim, são músicas que sempre tivemos um grande carinho por elas e por
isso tinham que fazer parte do nosso primeiro álbum. Estes temas surgem com
roupagens um pouco diferentes em relação ao Nowhere Neverland. Quisemos
regravá-las e juntar-lhe algo de diferente sem mudar a sua estrutura e a sua
essência. Acho que ficaram melhores com estas roupagens novas.
A masterização foi feita pelo conceituado Jens Bogren na Suécia. Como
se processou o contacto?
Foi através do nosso produtor que tem vindo a trabalhar com ele. Quando
ele nos falou em masterizar o disco com o Jens foi com muito agrado com que
recebemos essa proposta até porque nunca pensamos que poderíamos “chegar” a um
nome destes.
Que ações promocionais já estão preparadas para divulgar Same Old Sin?
Numa fase inicial andamos a enviar o disco para revistas, rádios e
sites para as habituais reviews. Brevemente iremos gravar um videoclip e
logicamente vamos tentar tocar o mais possível para promover o disco. O normal…
E em termos de estrada, o que já está a ser programado?
Não temos andado muito ativos no que a concertos diz respeito. No
passado dia 15 de outubro demos o concerto de lançamento do álbum aqui em
Albergaria. Num futuro mais próximos vamos no dia 10 de dezembro a Viseu.
Andamos presentemente a trabalhar para a partir de janeiro ou fevereiro ter uma
pequena tour pelo país. Vamos ver…
A terminar, até onde podem os Skypho chegar?
Sinceramente não sei. Hoje em dia a vida não é fácil para as bandas
portuguesas, principalmente para aquelas que usam guitarras distorcidas. Ou
seja, não ganhamos dinheiro com a música por isso e como temos todos contas
para pagar, todos nós temos que trabalhar o que torna muitas vezes a atividade
da banda bastante difícil. Contudo andamos nesta vida já há alguns aninhos e
temos sabido gerir as nossas vidas particulares de modo a que o mundo não fique
privado dos Skypho J
Agora, se de repente uma grande editora se chegar à frente e que queira
apostar em nós, bem, ela será bem-vinda. Ficamos à espera… J
Como amiga da banda desde sempre partilho de tudo aquilo que foi dito pelo Sousa e acrescento que, ao fim de 10 anos, a qualidade é inquestionável e que acredito que os Skypho por aqui andarão muito tempo. Com mais ou menos notoriedade... isso só a "sorte" o ditará, mas a verdade é que, para quem gosta de musica um pouco mais pesada, os Skypho são um grande nome a reter.
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