Spyrus
Papadakis é um senhor grego que vivia calmamente a escrever a sua música. Mas
agora o seu anonimato irá ser perturbado. O seu projeto Phobos Corp. apresenta
quatro temas debaixo da designação de Felicity. Espetacular metal sinfónico é
que se pode ouvir neste EP. Via Nocturna esteve à conversa com o músico grego
que fez uma retrospetiva do seu crescimento e falou de Felicity.
Antes de
mais, parabéns pelo excelente trabalho. Podes explicar-nos como nasceu o
projeto Phobos Corp?
Primeiro de tudo, muito obrigado pelas tuas palavras amáveis e entusiasmo.
Eu apreciei! A fim de me responder à tua pergunta, eu tenho que recuar no
tempo, até à altura em que tinha 15-16 anos de idade. Eu já tinha descoberto a
música Metal e lembro-me que estava
com um amigo meu, a conversar sobre música e bandas e, de repente, ele sugeriu
que eu deveria formar a minha própria banda no futuro. Eu gostei da ideia e
como adolescente, comecei a sonhar com isso. Ao mesmo tempo fiquei muito
ansioso e animado, porque parecia uma coisa simples de se fazer. Eu já ouvia
música Metal, já estava a aprender a
tocar piano, também já tinha uma guitarra e até já tinha começado a escrever algumas
músicas. Ou seja, eu estava cada vez mais atraído pela música. Os anos
passaram, envolvi-me em algumas bandas, continuei com as minhas aulas de piano,
matriculei-me em aulas de tecnologia musical, mas nunca parei de escrever
música. Às vezes letras, outras vezes apenas melodias, outras vezes canções
completas ou instrumentais. Mais tarde, com o advento da gravação em casa e da tecnologia
musical, tornou-se ainda mais fácil gravar com o meu computador. Continuei a
escrever até que em 2005 tomei uma decisão importante: ou continuava a compor
sem que ninguém soubesse, ou iria em frente mostrar a minha música ao mundo.
Assim, nasceu oficialmente Phobos Corp e comecei a trabalhar na demo As The Angel Stared que mais tarde
enviei às editoras para ver o que iria acontecer e obter algum feedback.
E porque razão
Phobos Corp.? Este nome tem algum significado em todo o conceito do projeto?
Eu sempre fui muito influenciado por filmes de terror e por temas e ideias
mais escuras e na altura também costumava ouvir bandas de Black Metal e Death. Eu
queria encontrar um nome igualmente escuro para a banda. "Phobos" na
língua grega significa "medo" e depois "Corp" parecia encaixar-se
muito bem com Phobos. Pensando nisso agora, a introdução de "Corp"
foi provavelmente influenciada pelos meus estudos na área dos negócios. De
qualquer forma, acho que se poderia dizer que somos a "organização do
medo", espalhando o terror ao mundo! (risos)
Quem mais te
influenciou neste trajeto?
Essa é uma pergunta difícil, porque não foi apenas uma pessoa ou uma coisa.
Foi uma combinação de família, amigos, eventos de vida que aconteceram, bandas
que eu ouvia na altura e assim por diante. Mas, em última análise, acho que era
o meu sonho e meu desejo contínuo de me envolver na música e compor, tanto
quanto possível. Não posso esconder o facto, que a música sempre desempenhou um
papel importante na minha vida e é isso que eu gostaria de acabar a fazer no
futuro. Eu sempre fui um espírito artístico e criativo.
A tua primeira
demo foi muito bem recebida, mas passaram
quase sete anos até termos outro EP cá fora. O que fizeste neste tempo?
A primeira demo foi, na
realidade, um teste. Um teste para ver a aceitação que este tipo de música
teria na altura. No entanto, eu sabia que faltava alguma coisa. Eu sabia que aquele
não era o som "real" da banda e voltei para a minha
"prancheta" e comecei tudo de novo. Ao mesmo tempo, acontece vida,
fiquei mais velho, mais maduro, abri os meus ouvidos para novos sons, novos
instrumentos, novos géneros de música e, finalmente deixei-me inspirar por tudo
o que me rodeia. Continuei a escrever cada vez mais músicas, letras, melodias e
experimentei novos sons (sons especialmente eletrónicos e ambiente) e tudo isso
me trouxe até aos dias de hoje. Agora, sinto-me mais confiante sobre o som em
geral, sobre as minhas composições e capacidades de composição e sobre a minha
visão e os objetivos para este projeto. Claramente, todo este tempo foi uma
viagem de exploração musical e de experimentação, mas tenho a certeza de que
esta viagem continua até hoje e continuará também no futuro.
Felicity foi lançado no dia 1 de junho, mas todos os
comentários até agora tem sido excelentes. Altas expetativas, suponho ...
Honestamente, eu não esperava tantos comentários positivos, principalmente porque
este género particular está superlotado com tantas bandas diferentes e também,
porque com o atual estado da indústria da música, é tão difícil para uma
banda/artista independente tornar-se conhecido das massas. Mas, eu não me posso
queixar. O feedback que tenho recebido
até agora, tem sido, no mínimo, fantástico, e nunca poderei agradecer o
suficiente às pessoas que fazem tudo isso acontecer! Mas, para responder à tua
pergunta, a vida ensinou-me que por vezes é bom e aconselhável não ter expetativas
muito altas, porque as coisas podem mudar rapidamente. Dito isto, não significa
que eu não tivesse nenhuma expetativa sobre Felicity,
mas provavelmente não seriam tão altas como muita gente poderia pensar. Eu
sempre tentei ser o mais realista possível quando se trata da indústria da
música e do modo como ela opera.
Quem toca
contigo em Felicity? Podes apresentar
os teus convidados?
Sabes como é, eu sempre tive essa coisa de colaborações e uma vez que Phobos
Corp. ainda é um projeto, eu teria que encontrar os músicos certos para me
ajudar com esta produção. Então, temos Mark Jones, que tocou as guitarras e
baixo, Chris Sutherland, que tocou bateria, Jon Ong e Zach Lemmon que fizeram
os arranjos orquestrais, Tara que gravou os vocais, Greg Tomao que re-amped as guitarras e um grande amigo
meu Shoi Sen da banda De Profundis, que tocou o solo em This Divine Tragedy. Tudo isto se completou com a ajuda do lendário
produtor Dave Chang, que eu duvido que precise de qualquer apresentação. Estas
pessoas ajudaram-me muito nos últimos meses e foram realmente dedicados e
apaixonados no seu trabalho e eu acredito que o resultado final fala por si. Para
mim foi um prazer e uma honra colaborar com músicos profissionais e talentosos e
espero poder voltar a trabalhar com eles novamente no futuro.
A respeito
do solo de trompete em One Eternal (Felicity’s
Song), percebo que não tiveste nenhum trompetista, mas o som é real! Quem e
como foi isso feito?
Sim, o som é real e foi gravado por um músico de sessão. Mas repara, para
os vocais e trompete colaborei com um estúdio de gravação on-line em Los Angeles e eles têm os seus próprios músicos de
sessão. Um desses músicos foi o trompetista, mas infelizmente eu não te posso
dar mais detalhes a respeito da sua identidade. No entanto, espero que concordes
comigo que ele fez um trabalho incrível com o solo!
Estes temas
pertencem a uma história conceptual. Podes desvendar um pouco dela?
Correto, todas as faixas fazem parte de uma história. É a história de uma
jovem, Felicity, que foi morta e agora é um fantasma que conta a sua história
sobre o que aconteceu e como ela morreu. Para ser completamente honesto, eu ainda
não terminei a história. Para já só tenho as ideias mais importantes na minha
cabeça e em termos musicais, de momento, ainda é um caos (risos). Mas, terás
uma boa ideia do estilo musical e de uma parte da história com o EP. Eu diria
que é bastante representativo do que se pode esperar do longa duração.
E então,
para quando poderemos esperar esse longa duração?
Ah, isso é muito difícil de responder por uma série de razões: em primeiro
lugar, porque eu preciso encontrar uma editora adequada que gostasse de lançar
este álbum; em segundo lugar, porque eu tenho ideias muito específicas sobre
este álbum e são ideias que precisam ser pensadas e planeadas com cuidado; em
terceiro lugar, porque a história e a música ainda não estão terminadas - ainda
é um trabalho em andamento. Mas, estaria a mentir, se eu não te dissesse que a
minha principal preocupação agora é encontrar uma editora adequada.
Podemos
considerar Phobos Corp. apenas como um projeto de estúdio? Está na tua mente
transformá-lo numa banda de verdade com shows
ao vivo?
Agora e tal como está, Phobos Corp. é um projeto de estúdio, mas espero
transformá-lo numa banda, com uma tournée
adequada num futuro próximo. Afinal de contas, é metade da diversão de estar numa
banda, não é? Dar concertos e conhecer fãs na estrada. Se eu pudesse formar uma
banda e começar a tournée
imediatamente, eu iria fazê-lo amanhã, mas, às vezes, as coisas não são assim
tão simples. Eu espero que muito em breve seja capaz de encontrar músicos com
quem possa gravar e fazer tours. Quem
estiver interessado avise-me e veremos o que o que se pode fazer...
A terminar,
existe mais alguma coisa que queiras dizer aos nossos leitores?
Eu sei que isto vai soar reciclado e cliché,
mas é a verdade óbvia para todas as bandas e artistas quando digo: um milhão de
vezes obrigado pelo apoio e entusiasmo! Eu aprecio muito e isso mostra-me o
quanto as pessoas gostam deste projeto dando-me força para querer continuar a
escrever e a criar música! Eu prometo que este é apenas o início e o melhor
ainda está por vir! Por último, gostaria também de agradecer a Via Nocturna por
esta entrevista e por apresentar o projeto ao seu público ajudando a espalhar a
palavra sobre Phobos Corp. Desejo-vos o melhor!
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