Do Alentejo surge mais
uma referência do rock nacional:
Stone Slaves, de seu nome. Fortemente influenciados pelo grunge e pelo hard rock,
o quarteto rocka a valer como o prova
o seu trabalho de estreia Tear Down These
Walls. O vocalista e guitarrista Jaime Romano, via email, falou a Via Nocturna deste seu novo projeto.
Viva! Antes de mais,
obrigado por acederem a responder a Via Nocturna. Vamos começar pelo princípio.
Os Stone Slaves são ainda uma jovem banda. Podem contar-nos um pouco da vossa
experiência até agora?
A
nossa experiência musical já vem de outros projetos musicais que tivemos quase
todos antes de Stone Slaves. Enquanto Stone Slaves, na nossa curta carreira de
mais de 4 anos, já passámos por alguns concursos de bandas - IV Toca e Segue (2008) Rio de Mouro, III Vieira Rock (2008),
Vieira do Minho, I Rock N' Bee (2010), Mondim de Basto, XIV
RocKastrus (2010), Esposende e RockNordeste (2011), Vila Real - demos
mais de 50 concertos, gravámos um disco e um videoclip e neste momento estamos em fase de promoção do nosso
álbum de estreia. Este percurso acompanhou
o amadurecimento do projeto e permitiu-nos apresentar o nosso trabalho a
inúmeros públicos por todo o País o que é ótimo!
O que vos motivou a
iniciarem um projeto como os Stone Slaves?
Foi o facto de estarmos descontentes
com a música que fazíamos nos outros projetos a razão pela qual formámos os
Stone Slaves. Neste projeto fomos buscar exatamente a sonoridade que queríamos
e o estilo musical também. É um projeto onde todos se identificam com aquilo
que estão a fazer e isso faz toda a diferença.
Começaram como um
quinteto, mas atualmente alinham na forma de quarteto. O que se passou?
Passámos a quarteto porque o
elemento que saiu não conseguiu conciliar a vida pessoal/profissional com a
banda e tomou a decisão de sair. Foi uma decisão totalmente pacífica porque até
funcionávamos bastante bem como quinteto. Aliás, as primeiras músicas que
gravamos no álbum ainda contam com a sua participação. Quando o projeto Stone
Slaves se tornou mais profissional e com mais compromissos, ele, com muita
pena, teve de tomar essa decisão. Foi um pouco complicado na altura porque tínhamos
tudo estruturado para 3 guitarras e tivemos de reestruturar tudo só para duas,
mas penso que o resultado foi conseguido.
Existe algum
significado para o surgimento do nome Stone Slaves?
Não tivemos um motivo especial
para escolher este nome, tínhamos varias opções em cima da mesa e achamos que
este nome era o mais interessante e aquele que estava mais relacionado com a
banda e a história dos seus elementos.
Qual é o background musical dos elementos que
constituem a banda?
Quase todos à exceção do Carlos
(baixista), já vinham de outros projetos anteriores. A música tornou-se numa
coisa natural em nós porque já nasceu connosco. O nosso pai (referência ao pai
dos irmãos Jaime e Nuno Romano) sempre foi músico profissional, por isso e
naturalmente, habituamo-nos a ver a música como um processo natural e como uma
parte integrante das nossas vidas. Nunca imaginámos a nossa vida sem tocar ou
sem ter algum tipo de relação com a música por isso o projeto Stone Slaves é
tão importante e natural para nós.
Que nomes ou correntes
se pode afirmar como estando mais presentes como vossas influências?
As correntes musicais mais
presentes no nosso estilo são o grunge
e o hard rock, mas sem sombra de
dúvida que temos presente no nosso trabalho várias influências, desde o rock clássico ao metal. Pessoalmente cada um tem as suas influências que depois
transporta para a banda e isso vai influenciar o método de composição e acaba
por enriquecer ainda mais o projeto. Neste primeiro trabalho talvez tenhamos
tido uma maior influência de nomes como Alice in Chains, Alter Bridge e Foo
Fighters.
Tear Down These Walls é o vosso primeiro trabalho. De que forma é que analisam este vosso
primeiro produto?
Achamos que este primeiro
trabalho é um álbum muito heterogéneo, também devido às várias influências que
temos, mas de uma forma geral, é um álbum que se situa no mundo do rock puro. Do nosso ponto de vista,
achamos sempre que ainda podemos fazer muito melhor, sofremos um pouco daquele
síndrome da perfeição, até conseguirmos fazer o trabalho das nossas vidas.
Estão aqui presentes músicas novas, assim como músicas que já tínhamos composto
há algum tempo, embora para grande parte do público seja um trabalho totalmente
novo o que pode trazer boas surpresas. Os temas abordados são bastante
pessoais, situações reais que um ou outro elemento da banda estavam a passar na
altura em que escrevemos os temas, mas são temas com que qualquer pessoa se
pode identificar visto que são coisas que qualquer um pode sentir. É bastante
gratificante quando alguém nos diz que sentiu o mesmo, ou, que ouviu o álbum do
principio ao fim e sentiu que estávamos a falar para ele, é o dar voz às
pessoas que, por algum motivo, não conseguem exprimir o que sentem e o que lhes
vai na alma.
Que objetivos se
propõem atingir com a edição deste trabalho?
Esperamos alcançar o maior número
de fãs com este trabalho, queremos despertar o "bicho do rock", que parece adormecido,
naqueles que estão ansiosos pelo ressurgimento do mesmo. E queremos também
atingir todos aqueles que, de uma forma ou de outra, se possam sentir
identificados com os temas abordados nas letras ou na música que fazemos. O
grande objetivo neste momento é dar-nos a conhecer ao público e defender a
ideia de que se faz bom rock'n'roll em
Portugal ou que, pelo menos, existe essa intenção forte. Depois seguem-se os
palcos, onde as pessoas poderão sentir o poder do rock sujo outra vez. Já estamos um pouco fartos do rock bem comportado e do politicamente
correto praticado por este movimento de bandas que se insurgiram nestes últimos
tempos. Se tivermos de partir tudo em cima do palco só porque sim, assim o
faremos, o rock é espontâneo, não é
uma coisa pensada.
Tivemos a excelente oportunidade
de trabalhar com o Marco Jung,
que na nossa opinião foi uma grande mais-valia para este trabalho. O Marco
ajudou-nos bastante no processo de criação, compôs e escreveu grande parte das
músicas. Também nos deu uma sonoridade bastante atual sem nunca fugir às nossas
origens e ao nosso conceito, é um especialista a fazer isso. O processo em si
foi mais demorado e trabalhoso que o normal. Não chegámos ao estúdio já com as
músicas e letras feitas do principio ao fim. Tínhamos só um esqueleto e
perdemos muito tempo em fase de criação, dá mais trabalho mas é mais
desafiante. Também não temos editoras ou produtoras a fazerem pressão para
termos as coisas prontas a tempo e horas por isso estávamos mais à vontade, é a
vantagem de sermos independentes.
Tem também já disponível
o vídeo para o tema Tear Down These Walls.
Querem falar um pouco dele?
O tema Tear Down These Walls basicamente fala sobre todas as barreiras
psicológicas que te são impostas desde a nascença e que vão influenciar a tua
personalidade no futuro. É um grito de raiva e desespero, é o tomar consciência
que te estão a manipular e tu queres desesperadamente libertar-te disso.
Aplica-se a qualquer um e a qualquer situação. Por isso no vídeo tentámos
recriar um ambiente claustrofóbico num espaço bastante reduzido e rodeado de 4
paredes sem hipótese alguma de fuga, onde, fazendo a analogia, o personagem
está preso na sua própria mente.
Uma coisa que pude
observar é a quantidade de vitórias em concursos. De que forma é que veem a
existência desse tipo de concursos e que influênciativeram no vosso crescimento
(para além do reconhecimento, naturalmente)?
Sim, ganhámos 5 concursos a
nível nacional o que foi muito importante para o arranque da banda. Este tipo
de concursos é muito importante para uma banda que está em fase de iniciação,
para além do reconhecimento, deu-nos oportunidade de amadurecer em palco. Mais
importante que as vitórias foi o facto de sermos selecionados e podermos
apresentar-nos ao vivo. Vimos de um meio pequeno onde não existe praticamente
circuito para tocar. Foi também através deste tipo de concursos que conhecemos
o nosso produtor, Marco Jung, e que nos permitiu chegar até aqui. Os prémios
monetários, fruto das vitórias, também foram extremamente importantes, porque,
confesso, sem eles talvez não conseguíssemos metade do que fizemos, não somos
ricos e desenvolver um projeto musical ou qualquer projeto artístico custa
bastante dinheiro. Tivemos sempre o cuidado de não gastar o dinheiro recebido,
tudo o que ganhávamos ficava de parte para investir na banda, ainda hoje
funcionamos assim. Neste momento os Stone Slaves ainda não deram lucro porque
tudo o que ganhámos tem sido reinvestido mas acreditamos que com o lançamento
deste álbum esse processo se possa inverter. Acima de tudo temos sido fiéis ao
nosso plano.
Em termos de
apresentações ao vivo para promoção de Tear
Down These Walls há já alguma coisa agendada?
Esta entrevista vem na melhor
altura porque acabámos de agendar o concerto de apresentação do álbum, que será
no dia 24 de setembro, no Hard Rock Cafe em Lisboa. Este concerto
acontece no dia em que o álbum é lançado oficialmente no mercado nacional e
será um concerto muito importante para nós. Depois disso queremos fazer showcases em lojas FNAC para promover o
disco mas as datas ainda não estão confirmadas. Basicamente este ano será de
promoção, para o ano é que esperamos estar aí em força de norte a sul do país
com a tour do disco o que não
invalida que nos contactem ainda este ano para concertos ao vivo. Seria ótimo!
A terminar, querem
acrescentar algo mais para os nossos leitores?
O lançamento do nosso álbum de
estreia Tear Down These Walls é
um momento muito importante para nós. É o culminar de muito trabalho, como já
descrevi acima, que esperamos que seja bem acolhido por todos aqueles que
sentem que o rock não está
"morto" como muitos apelam, e que sentem falta de sons elétricos e
potentes. Let's rock'n'roll baby!
Comentários
Enviar um comentário