De Famalicão surge uma das
maiores revelações deste ano. Os Via-Sacra estreiam-se com The Road, um fantástico álbum de hard rock que não fica a dever nada às maiores produções
internacionais. A banda reuniu-se para falar de si própria e do seu trabalho
aos leitores de Via Nocturna.
Antes de mais, parabéns pelo
vosso excelente álbum. Sendo este o vosso trabalho de estreia, impõe-se conhecer
a banda. Quem são os Via-Sacra e como tem sido o seu trajeto até à data?
Desde
já o nosso agradecimento pela crítica e interesse pelo nosso trabalho. Os
Via-Sacra nasceram na adolescência a partir de um gosto comum por música.
Começou por ser um passatempo mas a malta foi crescendo e devido aos seus
projectos pessoais e profissionais, cada um acabou por seguir o seu caminho. A
sua origem remonta ao ano de 2006 e a uma base muito rudimentar. Durante alguns
anos os Via-Sacra foram apenas duas guitarras e bateria. A formação era na
altura a seguinte: Lázaro na voz e na guitarra; Ricardo na guitarra solo e
Ninfa na bateria. Tínhamos uma minúscula sala de ensaios que ironicamente
chamávamos de “sacristia”. Foi nesse espaço que partilhamos e construímos as
primeiras ideias musicais. Fizemos alguns concertos tendo o de maior dimensão
acontecido no extinto Festival do Ave
onde pela primeira vez tocámos ao lado de bandas com nome no mercado. O ano de
2010 acabou por se tornar num ano de viragem, o Ninfa foi substituído pelo
Ruizão na bateria e o Carlos juntou o baixo ao projeto. Surgiu a oportunidade
de participarmos no Dolce Vita Band
Casting e acabámos por chegar à final. Durante este período a banda
adquiriu uma maior maturidade o que nos valeu excelentes críticas por parte do
produtor Luís Jardim, do Fernando Ribeiro dos Moonspell entre outros. No início
do ano seguinte o Joel juntou-se aos restantes elementos e achamos que seria
altura de parar, escolher os temas de maior agrado e começar a trabalhar sobre
eles no intuito de gravar um EP ou se o material fosse suficiente um LP.
Durante este período de reconstrução os Via-Sacra passaram por vários concursos
conquistando sempre um lugar na final.
O que vos motivou a começar a
tocar e a juntarem-se nos Via-Sacra?
A
nossa junção acabou por ser de uma forma natural, todos temos uma enorme paixão
por música e apesar dos nossos caminhos serem todos diferentes acabaram por se
cruzar e depois criou-se uma grande afinidade com o projeto.
O coletivo não deixa de ter
um nome forte. Porque Via-Sacra? De alguma forma se trata de metal religioso ou não?
Ao
contrário do que se possa pensar à primeira vista, os Via-Sacra não pertencem,
nem defendem nenhuma ideologia religiosa. Defendem o “livre arbítrio” ou seja
cada um é livre de ter fé naquilo que quiser. Via-Sacra surge no seguimento da
dicotomia caminho/estrada. Representa o percurso correspondente à maturação de
ideias.
Que experiências anteriores
os membros de Via-Sacra têm noutros projetos?
Por
estranho que pareça nenhum dos elementos dos Via-Sacra fizeram parte de algum
coletivo cujo nome se tenha destacado no panorama musical.
Que nomes ou correntes podem
ser apontados como influência?
Quando
falamos de influências as coisas complicam-se… Todos temos gostos musicais
muito diferenciados que vão desde a música erudita até ao metal pesado. Seria necessária uma lista enorme para enumerar todos
os nomes ou correntes.
Como foi o processo criativo
que deu origem a The Road?
O
processo de composição e transformação dos temas do The Road aconteceu numa nova sala de ensaios, com mais espaço e
melhores condições. Tudo acabou por acontecer de uma forma muito natural,
através de uma afincada rotina de ensaios onde estivemos a trabalhar os sons e
as ideias que nos pareceram funcionar melhor.
Para já, nesta fase inicial,
que objetivos se propõem os Via-Sacra atingir?
Como
costumamos dizer entre nós “o limite é o céu”. Os nossos principais objectivos
passam pela divulgação do nosso trabalho, pela assinatura de um contrato com
uma editora e por tocar ao vivo que é o que nos dá mais prazer.
Naturalmente devem estar
satisfeitos com o resultado final apresentado em The Road. Sempre sentiram que seriam capazes de criar um álbum
assim tão forte e com este alto nível?
Sim,
consideramos que para um primeiro trabalho e dadas as limitações orçamentais o
álbum ficou tal como deveria ser. Relativamente à segunda questão, embora não
sejamos músicos de topo, somos muito esforçados e tentamos explorar ao máximo
as nossas capacidades. O produto final é o resultado de muita persistência.
Este é um trabalho com uma
notável produção. Cortesia dos Ultrasound Studios, certo?
Sim
a masterização ficou a cargo do Daniel Cardoso pelas referências que tínhamos
de qualidade no estilo que praticamos.
E como decorreu esse
processo de gravação?
O
processo de gravação não foi de todo fácil. Todos nós temos as nossas vidas,
com trabalhos que nos ocupam uma grande parte do dia. A captação foi toda feita
em Braga e ficou a cargo do Pedro Mendes. Aproveitamos muitos finais de dia e
fins-de-semana. Demorou cerca de quatro meses.
Como se proporcionou a
participação da Micaela Cardoso e que papel desempenhou ela?
Sempre
pensamos em ter uma voz feminina na banda mas nunca se proporcionou. A sugestão
da Micaela Cardoso foi-nos dada pelo Pedro Mendes. Foi feito o convite que ela
aceitou prontamente e estamos muito satisfeitos com a prestação dela no álbum.
Um outro aspeto também
notável é o artwork e o digipack. De quem foi a ideia?
Os
Via-Sacra sempre tiveram algum cuidado com o aspecto visual, a ideia de um formato
diferente sempre foi um objectivo. Quando propusemos o desafio ao artista
plástico Sérgio Azevedo ele transportou para a realidade aquilo que nós
idealizamos. Ficou simplesmente fantástico.
Como tem sido a apresentação
de The Road ao vivo?
Por
incrível que pareça os Via-Sacra ainda pouco mostraram do seu trabalho.
Gravamos recentemente na Balcony TV Porto
e iniciamos o processo de promoção. Temos encontrado algumas dificuldades no
que diz respeito ao agenciamento de concertos.
E que projetos já têm para
os próximos tempos?
O
futuro passará por uma digressão com datas a determinar e pela construção de
novos temas.
A terminar, querem
acrescentar algo ao que já foi dito para os nossos leitores?
Não
se esqueçam de visitar as nossas páginas nas redes sociais e comprem o nosso
álbum… Rock On…
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