O genuíno Heavy Metal está bem vivo e
recomenda-se. Quem o prova é o jovem projeto nacional Ravensire que com o seu
EP de estreia Iron Will tem visto o
seu nome falado um pouco por todo o mundo. O segredo? Simplesmente tocar heavy metal puro e duro segundo as
regras estabelecidas pelos ícones do género. Fiquem com as palavras de Nuno,
guitarrista da banda lisboeta.
Olá viva!
Obrigado por aceitarem responder a Via Nocturna. A primeira questão é: quando
se deu a génese dos Ravensire?
Obrigado nós, pelo vosso interesse em Ravensire! Há
vários anos que tenho esta ideia de fazer uma banda de Heavy Metal, mas sempre foi complicado encontrar pessoal que gosta
REALMENTE deste estilo que foi tão "desprezado" nos anos 90 e 2000.
Por volta de 2005 ou 2006, desafiei o Rick (então em Ironsword) a ajudar-me e
começámos a dar uns toques em casa dele. Infelizmente, a vida reservou a ambos
algumas reviravoltas e acabámos por deixar esta ideia de lado. Finalmente, em
2011, o F resolveu deixar a guitarra e dedicar-se a aprender a tocar a bateria
e foi aí que Ravensire realmente começou em força. Entretanto, o Zé Gomes e o
Zé Rockhard foram dar uma espreitadela aos nossos ensaios, gostaram bastante e
acabaram por ficar definitivamente.
Alguns de
vocês já tinham experiências anteriores noutros coletivos. Que motivações
estiveram subjacentes à criação dos Ravensire?
A nossa principal motivação foi precisamente fazer uma
banda que fosse 100% aquilo que nós gostamos! Foi por isso que foi tão difícil
começá-la... Havia muito pouca gente com a mesma disposição e visão que nós
tínhamos em relação ao Heavy Metal.
Além disso, em Portugal há muito poucas bandas a tocar este estilo mais épico
e, portanto, sempre acrescentamos alguma coisa "diferente" à cena. No
entanto, não queremos, de todo, ficar fechados em Portugal e o nosso objectivo
para 2013/2014 é ir tocar a um festival europeu do género do Keep It True (na Alemanha), ou Up The Hammers (na Grécia), ou Headbanger's Open Air (Alemanha), por
exemplo.
Que nomes ou
correntes musicais vocês apontam como sendo as vossas principais referências?
As principais referências para Ravensire vêm todas do Heavy Metal puro e duro. Desde bandas
mais conhecidas como Iron Maiden, Manowar e Running Wild, até bandas menos
conhecidas (mas não propriamente desconhecidas!!) como Manilla
Road, Omen, Solstice, Doomsword, Slough Feg, Skullview, etc. Todos estes nomes já acompanham a
nossa vida há muitos anos e todos eles contribuíram para modelar a maneira como
tocamos e encaramos a música.
Quais eram os
principais objetivos a atingir com a edição deste EP?
A nossa ideia inicial até era gravar as músicas de uma
maneira menos elaborada para lançar uma espécie de demo. Mas o Francisco Serrano d'A
Forja gostou tanto do nosso som que fez questão em fazer uma edição em CD
e, para isso, era óbvio que tinha que ser uma gravação com qualidade. A partir desse
momento, o nosso objetivo passou a ser fazer o melhor possível e tentar
espalhar o CD e o nome de Ravensire por todo o mundo. Felizmente, até agora,
temos conseguido esse objectivo e o Iron
Will já roda em aparelhagens um pouco por todo o mundo, desde os Estados
Unidos e Canadá, até, inclusivamente, ao Japão, passando, obviamente pela
Europa. Claro que estamos a falar de números modestos, mas também não temos por
objetivo ser profissionais disto, portanto contentamo-nos em ser conhecidos
pelos circuitos mais underground e
mais acérrimos (risos)
E em termos
de criação musical, como acontece o processo no seio da banda?
Normalmente começa com umas ideias e uns riffs feitos em casa. Depois desenvolve-se
a ideia e constrói-se uma primeira estrutura. Só então é apresentado à banda,
que trabalha a ideia em conjunto e faz os devidos arranjos e acertos. Depois de
a parte instrumental estar definida, é altura de avançar para a parte vocal e
letras. Só depois deste processo todo é que se pode dizer que a música está
terminada.
De que forma
está a ser a receção ao vosso trabalho? Qual tem sido o feedback?
Francamente, está a exceder as nossas expetativas mais
delirantes. As críticas que temos recebido dos quatro cantos do mundo até agora
têm sido absolutamente entusiásticas, temos respondido a diversas entrevistas
de várias publicações, temos pessoas de todo o lado a contactar-nos para dar os
parabéns pelo EP e até aparecemos em top-10's de 2012 (risos)! É como digo...
Não estávamos mesmo nada à espera deste "impacto".
Uma coisa
curiosa que se tem verificado ultimamente, é a tendência cada vez mais notória
dos grupos contemporâneos irem beber a inspiração às raízes mais profundas,
recuando até aos anos 60, 70 e 80. Porque acham que isso está acontecer? Ou
melhor, o que vos motivou a vocês, em particular, a seguirem essa via?
Francamente, a mim intriga-me que há 10 anos atrás o Heavy Metal fosse tão mal-visto e hoje
em dia, praticamente as mesmas pessoas que o maldiziam, agora andem
completamente doidas com isto... No nosso caso particular, não "seguimos
essa via". Falando por mim, e também pelos outros membros de Ravensire,
nós já ouvimos este estilo e estas bandas há mais de 20 anos, por isso o que
toco é uma correspondência directa do que ouço e sempre ouvi. Além disso, se
repararem nas bandas que citei como influência, há com certeza algumas dos anos
80, mas também há bandas contemporâneas, porque ao contrário do que muita gente
diz, o Heavy Metal não se esgotou nem
morreu no final dos anos 80...
Porque a
escolha de um tema dos Wild Shadow para fazerem uma versão?
Quando decidimos gravar o EP, quisemos prestar um
tributo à cena metálica vibrante que
havia nos anos 80, já que a maior parte de nós viveu-a intensamente! Como o Zé
Gomes tinha feito parte dos Wild Shadow (que foi uma das bandas de referência
do underground lisboeta) e gravou a
primeira demo com eles, resolvemos
aproveitar a ligação. Esperamos, com isto, chamar a atenção da nova (e não só!)
geração para a história "escondida" do Heavy Metal português.
Já há alguma
notícia a respeito de um longa duração para breve?
Nós temos trabalhado continuamente em músicas novas e
neste momento temos três músicas já completamente terminadas e mais três em
fase de preparação. Em Fevereiro vamos gravar um destes temas novos (Drawing the Sword) para sair num CD
compilação de uma revista grega chamada Steel
For An Age. Lá para março vamos concentramo-nos mais na criação e arranjo
de novos temas para, se tudo correr bem, iniciarmos a gravação do album lá para
o verão.
E quanto a
apresentações ao vivo, Iron Will tem
estado muito em estrada? E o que há previsto para o novo ano?
Desde que o CD saiu, já tocámos algumas vezes ao vivo
no Porto, S. João da Madeira, Lisboa, Almada, Benavente... Como todos nós temos
vidas bastante ocupadas, Ravensire provavelmente não será uma banda que vai
tocar todas as semanas em vários sítios, por isso gostamos de seleccionar bem
os concertos em que tocamos e com quem tocamos! Além disso, como alguns
elementos têm outras bandas, é preciso conjugar as disponibilidades e já
aconteceu termos que recusar um concerto porque um dos elementos já tinha
compromissos com a outra banda.
A terminar,
querem acrescentar algo mais para aos nossos leitores?
Se estiverem curiosos com Ravensire, podem sempre dar
um pulo ao nosso facebook em
http://www.facebook.com/Ravensire lá encontrarão algumas músicas para audição e
informação variada. Se quiserem encomendar o CD, podem fazê-lo através do
endereço aforja@aforja.org pela módica quantia de 5 euros (mais portes, se for
o caso...). Muito obrigado pela entrevista e STAY TRUE, STAND TALL!
Nota:
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