Três anos após o brilhante Force Of
Nature, Alec Mendonça está de regresso com mais um álbum sensacional, Bohemian Kingdom e com algumas mudanças
a marcarem de forma indelével este novo registo. O próprio baixista, mentor da
banda, levantou o véu sobre este disco que tem edição marcada para 22 de março.
Olá Alec! Tudo bem contigo? Como é o sentimento geral agora que tens o teu
segundo trabalho pronto a ser editado?
Tudo ótimo, Pedro.
Sensação de realização por ter conseguido lançar um trabalho exatamente como
estava na minha mente, coisa que não aconteceu no primeiro disco.
Desde o ano passado que o tema Strong
Enough já podia ser ouvido pelo facto de ter estado disponível no site da Melodic Rock Magazine. Face a esse tempo de exposição, que
expetativas tens para este álbum?
As expetativas são
muito boas, porque agora poderei ser reconhecido por aquilo que eu gosto acima
de tudo, que é compor com o coração e a alma, e neste trabalho pressinto quer
as pessoas poderão sentir isso. Strong Enough vem com uma produção mais
pesada e um arranjo ligeiramente diferente agora, então será também uma
surpresa.
Entre Force Of Nature e este Bohemian
Kingdom, houve um intervalo de tempo de três anos. Acredito que este tenha
sido um trabalho pensado e criado de forma calma e sem pressões, apesar das
exigências após um primeiro trabalho bem recebido. Foi isso que aconteceu?
Exatamente, sem
pressão alguma, até porque os nossos trabalhos diários não permitem que
dediquemos todo o nosso tempo à música, como era nos anos 60, 70 e 80, onde as
maiores e melhores pérolas da música foram feitas. Mas como eu tive 3 anos para
pensar e estruturar as canções, elas acabaram por sair melhor ainda do que eu
imaginava. Agora não tenho mais aquela sensação de que falta algo, está tudo
lá, as cores e os tons de cinza.
Porque Bohemian Kingdom?
Desde criança que a
segunda guerra mundial exerce certo fascínio para mim e Bohemian Kingdom
é como era chamado todo o território Astro Húngaro no século XIX, e como
sabemos, Hitler era Austríaco. Com isso eu quis contar um pouco da história do
Nazismo e como ele afetou um de seus altos oficiais, Hessler. Os nazis acabam por
tomar todo aquele território que um dia foi o Bohemian Kingdom antes de se
renderem aos aliados. Também estive em Berlin e vi raízes do antigo Nazismo, sem
contar com os neonazis que hoje em dia assombram algumas partes da Alemanha com
todo aquele fanatismo cego que só prejudica os povos. Eu senti-me compelido a
falar sobre isso, tanto é que no começo da música o que vocês escutam é o
Hitler declarando guerra aos aliados. Não é uma apologia, é um aviso, um
lembrete para que nada assim aconteça jamais, seja de origem nazis, muçulmana
ou oriental.
Para este trabalho voltas a contar com a presença do Philip. Impunha-se a
sua manutenção na tua opinião?....
Sim, pois eu entrei
em contacto com o Philip e perguntei-lhe se ele gravaria novamente comigo, pois
eu já estava a fazer as músicas a contar com a voz dele. E convenhamos, nenhuma
voz encaixaria aqui como a de Philip, bem, a de Lou Gramm talvez…
Mas ao contrário do vocalista, tens algumas caras nova a trabalhar contigo.
Queres apresentá-las?
Sim, Juno Moraes, um
verdadeiro monstro das guitarras, produtor musical de songtracks no
Brasil, ele é um músico profissional há mais de 25 anos e um guitarrista que
tem uma pegada que me lembra demais o Randy Rhoads e o Kee Marcello (Europe).
Sem dúvida, ele encheu o disco de melodia e energia, fico mais do que feliz de
ter trabalhado e ensaiado com ele. Matti Alfonzetti também fez alguns backing
vocals e que vocalista fantástico. Falamo-nos pelo telefone, ele é muito
simpático e extremamente profissional. Lars Chriss... ah Lars...... ele foi
como um irmão mais novo para mim, não houve intromissões, houve muitas trocas
de ideias com ele, chegamos a trocar quase 20 e-mails por dia para
discutir sobre uma música e levamos mais de 2 meses para finalizar a mistura,
produção e masterização do álbum para que atingisse o nosso nível de perfeição,
pois Lars é tão perfeccionista quanto eu e ele é responsável pelo disco estar
com toda essa energia.
Realmente, desta vez a mistura e masterização estiveram a cargo de Lars
Chriss. Como se proporcionou essa escolha?
Khalil apresentou-me
ao Lars e ele fez toda a diferença. Ele deu vida às minhas músicas. Se não
fosse ele, o disco não teria sido nem metade do que é, fico feliz em como eu e
Lars trabalhamos tão bem juntos. Demo-nos muito bem, e o estilo mais pesado
dele combinou perfeitamente com o meu estilo mais soft.
E este é um álbum cheio de surpresas. Como surgiu a ideia de incluir
saxofone, por exemplo? Tens mais alguns convidados a participar em Bohemian Kingdom?
Bem, fui criado ao
som do Supertramp, Foreigner, Boston, Pink Floyd, Alan Parsons e na minha
opinião o segundo instrumento mais rockeiro que há é o sax alto. Zé
Canuto, que já participou de várias edições do Free Jazz Festival é o
mago do sax no disco, mas as melodias são todas minhas. Também tem uma pequena
orquestra que toca no final de Bohemian Kingdom.
Outra das surpresas é o tema final, um tema belíssimo embora ligeiramente
diferente do que costumas fazer. Sei que é um tema que te toca muito e que tem
uma história real como suporte. Queres comentar?
Bem,
prefiro não me aprofundar, mas o meu amigo de infância, Adiel Ricci, (citado no
primeiro disco), tinha uma filha chamada Maria Clara, um amor de menina, vi-a nascer,
dei-lhe aulas numa escola de inglês e de repente, na flor da idade, quando ela
já cursava a faculdade de medicina aos 17 anos foi-lhe diagnosticada leucemia e
morreu em 14 dias. Foi uma verdadeira tragédia e eu estava no meio das
composições do álbum e exteriorizei isso na música No One Can Feel I’ts Over,
que para mim é a minha música preferida, é atemporal, é a minha Silent
Lucidity, digamos assim... Nesta música Philip está possesso, parece que
ele sente a música, a dor que eu senti, é realmente assombrosa a sensação de
ouvir Philip cantar um dos trechos mais belos de poesia que eu já compus e também
que eu já tenha escutado:
‘’When my grin is wide with laughter
And my throat is deep with song,
Don’t you think I’ve held my pain for so long?
But no one can feel it’s over’’
Em termos de produto final, quais são as principais diferenças que, na tua
opinião, existem para Force Of Nature?
Todas! São imensas as diferenças, esse segundo
disco soa como um mega lançamento, muito profissional, com tudo no lugar, com
um punch que até em lançamentos
mundiais é difícil de se encontrar, a qualidade final é indiscutivelmente
superior aqui em termos de produção, mistura, masterização e arranjos.
A capa do álbum está fantástica. Como surgiu a ideia e quem foi o artista
que a desenvolveu?
A ideia foi do
Khalil. Ele apresentou-me o rascunho, no começo eu resisti, pois tinha outra
conceção para a capa, mas depois analisando bem, vi que era um trabalho
fantástico e que teria tudo a ver com o título Bohemian Kingdom. Quem a desenvolveu
foi Carl de alguma companhia Sueca de artes.
Já está a ser preparada alguma tournée de apoio a este álbum? O que nos
podes desde já adiantar?
Por enquanto é
segredo, mas algum un-plugged pode aparecer...
A terminar, queres acrescentar algo mais ao que já foi abordado? Ou deixar
uma mensagem para os teus fans e para os nossos leitores?
Quero agradecer todo
o apoio e pedir que pensem na hora de baixar esse álbum ilegalmente. Pensem
como foi demorado, custoso e trabalhoso produzir esse álbum. Paguem 10, 15
dólares por ele se gostarem das músicas, pois esse álbum merece e ficará com vocês
para sempre. Pensem nisto: nós damos 15 dólares ou mais num lanche do McDonalds
que custa menos de 5 dólares para ser produzido, é feito em minutos, acaba na
hora e ainda nos faz mal, por ser Junk Food. Portanto, que tal dar 15
dólares por um álbum que demorou 3 anos para ser feito, onde milhares de
dólares foram gastos e que será de vocês para sempre? Um grande abraço a todos vocês,
fãs da boa música, e que ela seja eterna, assim como é a minha vontade de
criá-la.
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