Três anos após o soberbo X,
os Spock’s Beard estão de regresso e conseguem, mais uma vez, superar-se. Com
um novo vocalista, um baterista ao vivo que se estreia em estúdio e com Neal
Morse a colaborar em dois temas, Brief
Noctures And Dreamless Sleep é mais um álbum de rock progressivo de elevada qualidade. O baixista Dave Meros falou
a Via Nocturna sobre todas as peripécias relacionadas com esta nova pérola
progressiva.
Viva! Deixem-me dizer que é um enorme prazer! Antes de mais,
parabéns por mais um álbum soberbo! Já passaram três anos desde X. O que fizeram durante este período?
Fizemos uma tournée pela Europa em 2010, que começou
com um show em Los Angeles, que foi gravado
e disponível sob o nome The X Live Tour.
Depois fizemos alguns grandes festivais no Reino Unido, Suécia, Alemanha e
México e, claro, escrevemos o material para este novo CD. Começamos a trabalhar
neste CD há mais de um ano atrás.
Chegaram a afirmar que este álbum lembra um pouco o passado.
Foi uma tentativa deliberada de voltar às suas raízes ou simplesmente
aconteceu?
Simplesmente aconteceu. Na
realidade nunca planeamos qualquer tipo de orientação para as nossas músicas.
Elas saem como saírem. Acho que uma grande parte do CD parece a era mais antiga
dos Spock’s Beard, porque Neal Morse co-escreveu duas das músicas. (Waiting For Me e Afterthoughts)
Sim, ainda bem que focas esse assunto: Neal Morse colaborou
processo de escrita. Como aconteceu isso?
Alan e Neal são irmãos e,
claro, contactam frequentemente um com o outro. Alan tinha um par de ideias
para canções que pensou que seria bom trabalhar com Neal. Al foi a casa de Neal
em Nashville e trabalharam nessas duas canções durante uma semana e ficou
ótimo!
Mas disseram que talvez alguns fãs fossem ficar chocados com o
envolvimento de Neal. Por que acharam isso? Mas está tudo bem até agora?
Bem, as pessoas parecem
ficar chocadas com tudo e este é apenas mais um motivo para que as pessoas fiquem
chocadas. A internet cria um grande
negócio de cada pequena coisa e as pessoas começam a tomar partido e a formular
todos os tipos de ideias estranhas. Dito isto, a reação tem sido positiva até
agora, portanto acho que não foi tão chocante quanto poderia ter sido.
Para este álbum estrearam um novo vocalista. Com um ótimo
desempenho, deixa-me dizer! Foi fácil a integração de Ted? Já esteve envolvido
no processo de criação?
Sim, ele esteve muito
envolvido. Escreveu Hiding Out e Submerged e as letras para Afterthoughts.
Também o baterista Jimmy Keegan esteve, pela primeira vez, convosco
em estúdio, apesar de vários anos como seu baterista ao vivo. Acaba por ser uma
escolha previsível, não concordas?
Convidamos o Jimmy para ser
o nosso baterista de estúdio só depois de Nick sair, mas sim, ele foi realmente
a única pessoa que consideramos para substituir Nick. Ele tem tudo o que é
preciso para fazer esse trabalho e teve 10 anos de experiência. Não havia
nenhuma razão para procurar noutro lugar.
Consideraram este álbum sonoramente superior a qualquer coisa
que já fizeram antes. Investiram muito tempo nesta criação? Como foi o processo
de escrita e gravação?
Sim, parece que cada CD que
lançamos soa melhor do que o último. Pensei que tínhamos atingido o limite com X porque um está perto de ser sonicamente
perfeito, mas Brief Nocturnes And
Dreamless Sleep soa ainda melhor. Talvez um dia nós atinjamos o limite, mas
o nosso engenheiro e co-produtor Rich Mouser parece encontrar sempre uma
maneira de fazer o próximo soar melhor do que o anterior. Começamos o processo
de gravação em março do ano passado, primeiro com as pistas de bateria e
adicionando gradualmente todo o resto das pistas ao longo de seis meses. Depois,
passamos o último mês mais ou menos na mistura e masterização. Embora tenha
havido muitas lacunas nesse período de tempo. Não é como se vivêssemos no
estúdio para um dia de trabalho. Trabalhamos em torno da programação do estúdio
e da nossa própria programação. Gastamos muito tempo na gravação e mistura. A
maioria dos vocais, guitarras e teclados foram feitos no estúdio de Rich. Eu
moro longe do estúdio, portanto gravei as pistas do baixo aqui na minha casa e enviei-as
para um servidor para que em estúdio pudessem ser baixadas e inseridas na
sessão ProTools. Geralmente, leva
pelo menos um dia inteiro para misturar 8 ou 10 minutos de música, às vezes, dois
dias, e podemos voltar e re-misturar a mesma canção ou secção de canção duas ou
três vezes. Costumamos escrever por conta própria ou em grupos de dois e
gravamos demos das músicas em casa. Quando
é hora de fazer um novo CD enviamos todas as nossos demos e escolhemos o que irá aparecer no disco. Depois da escolha
das músicas, ficamos juntos durante alguns dias e correr tudo a fazer as
mudanças ou pequenos arranjos ou qualquer outra coisa. Depois vamos para o
estúdio e tocamos as músicas, mas apenas concentrados em obter grandes registos
de bateria. Só depois é que começamos a mergulhar em todo o resto das nossas faixas.
Então, este é o vosso melhor álbum de sempre na tua opinião?
Adoro este álbum, mas o meu
favorito será sempre Beware Of Darkness.
Depois de uma carreira de 20 anos, e olhando para trás, como te
sentes com tudo que criaram?
Tenho muito orgulho em tudo
isso, até mesmo o material que os críticos não gostaram. Na verdade, algum do
nosso material mais forte foi em CDs que obtiveram críticas piores. Acho que
esses CDs têm críticas piores, porque o álbum não era consistente e forte
durante o tempo todo, mas havia material muito bem escrito nesses álbuns.
A morte é certamente uma
possibilidade (risos). Falei em tom de piada mas, honestamente, já não somos
jovens, por isso é bem possível que um ou dois de nós possam morrer nos próximos
20 anos. Mas, mais otimista esperamos que este CD corra bem e que possamos
continuar a fazer CDs até aos nossos anos dourados.
Alguma tour planeada
até agora?
Sim, acabamos duas datas em
Los Angeles que correram muito bem e vamos para a Europa para uma tournée pela Europa/Reino Unido, que
começa a 02 de maio. Verifiquem em www.spocksbeard.com para mais detalhes.
A terminar, queres dizer mais alguma coisa, qualquer coisa que
não tenha sido abordado nesta entrevista? Ou uma mensagem para os vossos fãs em
Portugal ou para os nossos leitores?
Muito obrigado pelo vosso
apoio ao longo dos anos! Não conseguiríamos sobreviver sem vocês!
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