De
Trás-os-Montes surge-nos um dos coletivos mais extravagantes do cenário
nacional: os Serrabulho! Praticantes de happy
grind, o coletivo estreia-se para a Vomit Your Shirt com Ass Troubles. A banda reuniu-se para nos
falar da peculiaridade do projeto e do seu primeiro disco. Naturalmente, sempre
com muito bom humor…
Viva,
obrigado por despenderem algum tempo com Via Nocturna. Para começar, podem
contar um pouco da história dos Serrabulho?
Paulo: Viva, antes de mais obrigado por
esta entrevista e pela vontade de nos terem na Via Nocturna. Serrabulho
propriamente dito começa em fins de 2010, mas os primeiros ensaios já vinham
desde o início do ano, quando eu (guitarrista) e o Nogueira (ex-baterista) nos
juntámos e, movidos por sons mais extremos, começamos a criar temas que – sem o
sabermos, ainda – se viriam a tornar as primeiras músicas de Serrabulho.
O que vos fez
começar este projeto?
Guerra: Desde que voltei a residir em Vila
Real em 2008 voltei a rever velhos amigos e estar em mais contacto com eles. O
Paulo foi um deles, começámos por ir a alguns concertos e festivais em conjunto
e a falar do que gostávamos ou não numa banda. Vimos que partilhávamos algumas
ideias e falámos em fazermos algo um dia, porque na altura eu encontrava-me em
Holocausto Canibal e o Paulo tinha outro projeto. Até fim de 2009 não passou de
uma ideia apenas, que foi sendo afinada cada vez que nos encontrávamos.
Porque um
nome como Serrabulho?
Guerra: Apesar de toda a gente conhecer este
nome como Sarrabulho, nós sendo residentes em Vila Real que fica no meio de
Serras (Marão e Alvão) optamos por trocar uma letra apenas, fazendo a alusão à
Serra, ficando Serrabulho, por outro lado, o facto ser um prato típico na nossa
região por altura de dezembro/janeiro e por ser um nome que ficaria no ouvido
das pessoas (risos)
Qual era o
vosso background antes dos Serrabulho?
Guilhermino: Eu estive em ThanatoSchizO durante cerca
de 14 anos, o Guerra esteve quase uma década com os Holocausto Canibal – tal
como o Ivan (atual baterista da banda), embora menos anos -, e o Paulo tocou em
Darko System.
Sendo uma
banda de grind, é curioso o adjetivo
de happy. Porquê?
Paulo: Acima de tudo porque a diversão é
garantida quando atuamos e as pessoas já perceberam isso e interagem bastante
com Serrabulho. Apesar de ser um som mais pesado e extremo, não queríamos que a
nossa imagem fosse demasiado distante e, por isso, cultivamos essa proximidade
com o público.
Guerra: Outra das razões é que nós quatro
estamos sempre na brincadeira uns com os outros, mas também com amigos e com
público, o que por vezes provoca situações hilariantes. Situações essas que nos
ajudam no processo criativo, porque alguns temas, foram pensados em situações
reais que aconteceram e em que estávamos presentes, todos ou apenas um de nós
(gargalhadas).
Quem são os Serrabulho
atualmente?
Guilhermino: Neste momento Serrabulho são
formados por Paulo Ventura (guitarra), Carlos Guerra (vocalista), Guilhermino
Martins (baixo) e Ivan Saraiva (bateria).
Guerra: As Serrabulhocas, todos os amigos,
bandas e público que nos apoiam!
Falando do
vosso primeiro álbum, como decorreram as sessões de gravação nos Blind & Lost Studios?
Paulo: As sessões de gravação decorreram
muito bem, o Guilhermino foi o nosso produtor (na altura ainda não integrava a
banda, apenas gravou o baixo como convidado) e trabalhar com ele foi muito
fácil, além de nos conhecer (Paulo e Tóká) há alguns anos, sempre nos deixou à
vontade desde o primeiro dia para dizer fosse o que fosse em relação à
gravação, ao som, à equalização dos instrumentos e vozes bem como o tempo que
queríamos perder com cada tema!
Guerra: Também o facto de ser o som que era,
foi um desafio para ele e nos demos-lhe algum trabalho (risos), mas foi muito
bom o nosso primeiro trabalho ser feito com ele!
Guilhermino: Eu notei, desde cedo, que estes
temas tinham um potencial tremendo e, devidamente captados poder-se-iam tornar
em verdadeiros hinos – até pela boa disposição e aquele ambiente quase-circense
que alguns deles emanam. A gravação foi um processo bem calmo, em que tentámos
tirar proveito do melhor de cada um. E penso que foi isso que se conseguiu.
Como está a
ser a receção ao mesmo?
Guerra: Para já está a ser excelente! Já
tivemos bastantes telefonemas a dar os parabéns, e-mails a pedir o envio do Cd. Do estrangeiro já nos contactaram
nesse sentido também, mas também já nos falaram na possibilidade de irmos lá
fora para promover o álbum.
Guilhermino: O feedback parece-me positivo. O comentário que mais tenho ouvido é o
da forma quase automática como os riffs
se “colam à cabeça”, talvez por serem tão orelhudos.
Como surgiu a
possibilidade de ser editado pela Vomit
Your Shirt?
Paulo: Aquando do nosso primeiro concerto
no final de 2011 no Birras Bar (Covilhã), convidados pelo Mica – dono da
editora -, no final ele virou-se para nós e disse: “Pah, esta merda (risos) ‘tá
muito boa, quando vão gravar algo?” Nós rimo-nos, porque não esperávamos aquela
reação, mas dissemos que queríamos tocar mais vezes e que, a gravar algo, só no
fim de 2012 início de 2013. O tempo foi passando e começámos a tocar com mais
frequência e em alguns festivais onde o Mica por vezes se encontrava com a
banda dele a tocar - os RDB (grandes amigos) - ou com a sua banca da VYS, ele perguntava
sempre como estavam as coisas. Num desses encontros dissemos que estávamos a
gravar e ele perguntou se já tínhamos contactado alguma editora ou se íamos
lançar autofinanciado, nós dissemos que andávamos a ver as editoras e que íamos
tentar contactar algumas. O Mica logo disse que Serrabulho “era” da Vomit
(risos), pois o som, imagem, os músico e a maneira de sermos, tinham muito a
ver com a VYS… e assim começou esta ligação extrema entre Serrabulho e a Vomit Your Shirt.
E pelo que
sei com distribuição internacional…
Guerra: Sim é verdade, a Vomit Your Shirt fez um óptimo trabalho,
e conseguiu que o nosso trabalho fosse distribuído por três editoras/distribuidoras
por todo o mundo.
Paulo: Sim, neste álbum contamos com a Sevared (EUA,) conhecida por ter das
bandas mais importantes, a nível mundial, dentro deste género; a Rotten Roll Rex (Alemanha) que é das
mais conhecidas na Europa, e a Pathologically
Recordings, de Espanha - um país que cada vez mais se apresenta aberto a
sonoridades extremas.
Guilhermino: É sempre bom partirmos, desde logo,
para a edição do álbum com distribuição internacional e as perspetivas são de alargamento
dessa distribuição a outros territórios, pelo que se avizinham mais novidades
nesse campo.
Pelo que pude
ver, oportunidades para tocar ao vivo não têm faltado. Como têm sido as
reações?
Paulo: Sim já tivemos muitas oportunidades
e sabemos que, agora com a saída do álbum, elas vão aumentar. O público tem
reagido bem. Muito bem, mesmo! E até o público não tão predisposto a este
género musical reage bem à nossa presença, acabando por interagir e entrar na
nossa festa.
Guerra: O público tem sido do melhor. Estamos
em cima do palco e vemo-lo a reagir aos nossos temas, ao que fazemos e às nossas
roupas. Torna-se logo uma força extra para nos ajudar na nossa atuação, porque
ficamos ainda com mais vontade de estar com eles ali, a divertirmo-nos ao máximo
durantes 40 minutos.
Guilhermino: Nós divertimo-nos, o público
diverte-se e toda a gente fica satisfeita. Basicamente, os concertos têm sido
uma gigantesca – e frenética – festa!
E as
experiências em Espanha?
Paulo: Quais experiências (gargalhadas)?
Bem falando (risos) da música, tocar em Espanha é sempre muito bom, os
espanhóis aderem aos eventos com vontade de apoiar TODAS as bandas que estão
presentes no evento e não chegam tarde, só para ver as bandas que tocam no
final, por serem as mais conhecidas/importantes. Já tocámos 3 vezes em Espanha
(Palência, Ponferrada e Vigo) tendo sempre sido bem recebidos pelos
promotores/organizadores e fizemos, também, novas amizades com bandas e
público.
Guerra: Sim de facto sentimo-nos muito bem
quando estamos em Espanha, recebem-nos sempre de braços abertos. Tal como foi
em Itália, quando fizemos a mini-tour
em Maio com os Rabid Dogs (grandes malucos!), fomos muito bem recebidos em
todas as cidades onde tocámos (Taranto, Pescara e Roma). Mais uma vez, todas as
pessoas se deram bem e interagiram bastante com Serrabulho, quer durante a
atuação, quer como antes e depois do concerto, que para nós são igualmente
importantes em Serrabulho. Não nos limitamos a tocar, queremos estar com as
pessoas. Ganha-se muito com o contacto do PÚBLICO! E acho que, quem nos conhece
ou já nos viu, sabe do que falo.
As vossas
performances são altamente artísticas. De onde vem tanta imaginação?
Guerra: Do cérebro!
Paulo: Qual cérebro? (risos)
Guerra: (gargalhadas) A parte artística como tu
falas, vem em parte das roupas que usamos. Tentamos sempre que sejam diferentes
em cada atuação, o que até agora se tem mostrado boa aposta, porque as pessoas
já sabem disso e procuram mesmo elas ir vestidas ou dar sugestões para um
próximo concerto.
Paulo: Algumas roupas pedimos emprestadas (fatos de
princesa ou jogadores de futebol) ou até as fazemos, (como o power ranger ou os M&M’s), tudo isto
para que ao entrarmos em palco, causarmos o impacto que o público já espera da
nossa parte, mas eles também nos surpreendem e bastante!
Guerra: Outro pormenor importante são também alguns
adereços que levamos para cima do palco, como balões, serpentinas, bolas de
futebol… até pipocas já fizemos em cima do palco enquanto tocávamos!
Paulo: A próxima vai ser fazer algodão doce ou
cachorros quentes (gargalhadas).
E quem vos
quiser ver ao vivo nos próximos tempos onde o poderá fazer?
Paulo: Temos várias datas da promoção do Ass Troubles a anunciar nos próximos
meses, mas assim para breve vamos estar na Lousã (dia 2 de novembro), na
Covilhã (dia 16 de novembro, se tudo correr bem), Favaios (ou dia 23 ou 30, prestes
a “ser fechada”) e dia 7 de dezembro em Guimarães na festa de lançamento do
novo trabalho de Skinning.
A terminar,
mais uma vez obrigado e dou-vos a oportunidade de acrescentar algo mais ao que
já foi abordado nesta entrevista?
Serrabulho: Queremos agradecer a todas as bandas com
quem já tocámos, bandas que nos influenciam, aos nossos amigos, à editora Vomit Your Shirt (Mica e Simão) às
distribuidoras Sevared Records, Rotten Roll Rex e à Pathologically Recordings, aos promotores/organizadores e sem
dúvida ao PÚBLICO por nos acompanharem e ajudarem a crescer. Sem vocês nada disto
seria possível - um grande e sincero OBRIGADO!
Muito grandes pá!
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