Originários
de S. Paulo os SupreMa são um dos nomes mais importantes da nova geração do metal brasileiro. Ativos desde 2004, a
banda tem dedicado muito tempo aos concertos onde se incluem seis tours pelo Brasil. Por isso, só no ano
passado surgiu o primeiro longa duração, Traumatic
Scenes, que tem recebido excelentes apreciações um pouco por todo o mundo.
Douglas Jen, guitarrista deste poderoso colectivo paulista, concedeu a Via
Nocturna uma interessante entrevista foram abordados temas como o seu álbum, a
cena metálica brasileira, a
pirataria, os shows, entre outros.
Confiram a seguir.
Antes de mais
obrigado pela vossa disponibilidade. Podes apresentar os SupreMa aos metaleiros portugueses?
Olá pessoal, é um prazer conversar com vocês! Em
resumo o SupreMa é uma banda de power/prog
metal brasileira que este ano completa 10 anos de carreira. Lançamos em
2013 o primeiro full lenght da
carreira, o CD Traumatic Scenes que
foi lançado na Europa via Power Prog, e também nos Estados Unidos (Nightmare
Records) e Brasil pela Furia Music. No Brasil a banda já realizou 6 tours em seu território e reuniu um
grande número de fãs, e desde o ano passado com o lançamento internacional vem
conquistando muitos fãs principalmente na Europa.
Que nomes ou
movimentos podem ser indicados como as vossas principais referências?
Cada integrante da banda tem uma influência diferente
e isso agrega bastante em nosso som. Mas essencialmente ouvimos muito prog metal e também thrash metal, isso tem nos influenciado bastante.
A banda já
existe desde 2004, mas o vosso pecúlio ainda é curto. O que se passou entre
2004 e 2013, intervalo entre os lançamentos Spyeyes
e Traumatic Scenes?
A banda sempre investiu em tournés pelo Brasil e o Traumatic
Scenes na verdade era para ter sido gravado em 2008, mas pela grande
procura por shows da banda acabamos
sempre preferindo estar ao lado dos fãs. Porém chegou uma hora que tivemos que parar
definitivamente para gravar o novo álbum. Neste tempo aconteceram grandes shows e a banda começou a ser atração
principal de fests pelo Brasil. Chegamos
a dividir o palco também com grandes atrações como Primal Fear, Evergrey e
Blaze Bayley. Foi um período bem importante na carreira da banda.
Concentremo-nos,
particularmente em Traumatic Scenes,
a vossa mais recente proposta. Aparentemente tudo OK, atendendo às excelentes
críticas que têm surgido…
Estamos bem felizes pelos comentários que a comunicação
social brasileira e europeia tem escrito sobre o novo trabalho da banda, o
disco é cheio de detalhes, uma história surreal baseada no filme O Invisível e cada música do track list fala sobre algum tema
abordado no filme. As músicas interagem com a arte gráfica, com o cenário que a
banda leva a todos os shows, e também
com o figurino, com os clips... Tudo
é linkado de alguma forma e está
sendo bem legal ver que muitos jornalistas perceberam este detalhismo todo que
tivemos com o CD. É interessante que cada um tem uma música preferida e isso
para nós prova que o disco é bem equilibrado. As unanimidades são Nightmare e Fury and Rage.
De que forma Traumatic Scenes resume toda a vossa
experiência acumulada?
Muitas músicas do Traumatic
Scenes são bem antigas, a Nightmare
por exemplo é de 2002. Tem outras que não entraram no Spyeyes e depois produzimo-las para o Traumatic Scenes. Eu diria que este CD reflete bem o que o SupreMa
adquiriu na estrada durante estes anos depois de 6 tours pelo Brasil, é um CD super técnico, porém tem ótimos refrães
e músicas que interagem com o público, ninguém fica parado no show do SupreMa, o tempo todo acontece
uma troca de energia do palco com os fãs. É um CD bem enérgico, fizemos
pensando no ao vivo.
Como
referiste trata-se de um álbum conceptual baseado no filme O Invisivel. Que aspetos são abordados no campo lírico neste disco?
O Traumatic Scenes
é baseado no filme O Invisível, porém
não é uma narração exata do filme, usamos a ordem cronológica do filme para
abordar temas que estão implícitos durante a trama. Em resumo, o personagem
fica na linha entre a vida e a morte e precisa desvendar o mistério do seu
crime para voltar à vida, e durante este tempo ele sofre ação de vários sentimentos
e estágios da mente humana como pesadelos, fúria, ódio, mas também esperança,
amor, saudade, memórias. Tudo é tratado de uma forma surreal, e isso pode ser
bem entendido através dos clips da banda
também.
Contam com
algum convidado neste trabalho?
Neste disco eu pensei em algumas participações
especiais internacionais, porém eu não queria uma participação “avulsa”. Este
disco tem sido trabalhado durante anos e é o debut oficial do SupreMa, eu queria ter neste disco pessoas que
participaram da história da banda. Este ano completamos 10 anos de carreira e
temos vivido momentos inesquecíveis durante este tempo. O Fil e a Gisele foram
as vozes de apoio, Fil por ser um baixo/barítono incrível e a Gisele por sua
voz suave e lírica. Contamos com a narração do Tarsis Marim, um velho conhecido
do SupreMa e que interpreta muito bem vozes e narrações, chamamo-lo para a
narração de Marks Of Time para dar um
clima de filme de Hollywood! Nos teclados não poderia ter chamado outra pessoa
senão Guto Viegas, teclista que foi da primeira formação da banda e gravou o Spyeyes e deu o toque final em todos
timbres e climas que precisávamos. Nos guturais tivemos a participação de um
grande talento de nossa cidade, o Victor Prospero. Pudemos contar com as
pessoas certas que deram o toque final nos arranjos.
Nightmare é para já o
primeiro vídeo deste álbum. Perguntava-te, em primeiro lugar, o porque da
escolha deste tema e depois se há planos para mais algum vídeo nos próximos
tempos…
Nightmare
é uma música importante para nós. Como falei, é uma música que nasceu em 2002 e
ela mostra muitas características do SupreMa, é veloz, técnica, pesada e tem um
refrão grandioso, digamos que ela expressa bem o som do SupreMa e foi unânime
que ela fosse o single do disco. Agora
estamos preparando um novo vídeo clip,
da Fury And Rage, música cadenciada,
pesada, tensa e que é a maior produção de vídeo que o SupreMa já fez. Estamos
terminando o vídeo clip, produzimos
com uma produtora de filmes brasileira, a Nevaska Filmes, e estamos fazendo
praticamente uma curta-metragem em forma de vídeo
clip. Gravamos em duas cidades emblemáticas brasileiras, Paranapiacaba e
Joanópolis, utilizamos todo material usado em cinema como grua, iluminação de
Led e lentes 5D, foi uma mega produção e que vai sair agora em fevereiro/2014,
fiquem atentos no nosso site www.suprema-online.com.
O vídeo da Nightmare ficou em segundo lugar numa
televisão Suíça. Queres contar mais detalhadamente de que se tratou?
O clip da Nightmare foi muito difundido no Brasil e exterior, ficou
por semanas na MTV/BRZ no Brasil e também NGT e NET, e pelo mundo foi bem
difundido, não temos a noção exata de onde este clip chegou, porém quando a Rock Label TV nos informou que o clip ficou em 2º dos mais pedidos e
assistidos da Suíça esta foi a notícia mais inesperada e feliz que poderíamos
ter!! Espero que o novo clip da Fury And Rage alcance novamente estas
marcas e seja um degrau na carreira do SupreMa, ele tem tudo para ser um
divisor de águas.
Este vosso
álbum está disponível também aqui na Europa, correto?
Está sim! Assinamos ano passado com a
gravadora Power Prog e o CD já está sendo distribuído, está na Amazon e nas
lojas, quem não encontrar em sua cidade pode comprar direto do site da gravadora www.powerprog.net.
Referiram há
algum tempo atrás que o artista tem que estar na estrada e não se preocupar com
a pirataria. Acaba por ser uma visão algo diferente daquela que tem sido
amplamente divulgada até com alguma lamechice. Na tua opinião, portanto, achas
que os realmente bons não são afetados (ou pelo menos não tão afetados) pela
pirataria?
Este tema de pirataria já rendeu
muito assunto aqui no Brasil e pelo mundo pelo que vejo. Porém existem coisas que
não têm muito como se controlar, claro que podem ter medidas que consigam
inibir tal ato, porém no geral é algo que acontece. Não adianta ficar perdendo
tempo criticando a pirataria e não fazer sua parte como banda. O artista tem que
estar na estrada e ir de encontro aos seus fãs, e se não for assim nunca
conseguirão uma alternativa para seguir sua carreira. Recentemente o Bruce
Dickinson veio ao Brasil e deu uma palestra sobre mercado, no meio do congresso
falou sobre o assunto e disse que não se importam com isso, e que por causa
disso a cada vez que Iron Maiden volta à America do Sul eles têm um crescimento
de 20% do público, enquanto eles fazem a música, eles também tem outros
produtos como camisetas e outros itens de merchandising,
e claro, estão sempre na estrada, não ficam dependendo somente da venda de
discos. E assim que tentamos fazer, buscamos alternativas e vamos sempre estar
em tournées para que os fãs assistam nosso show!
Outro aspeto
curioso é o facto de vocês transportarem convosco todo o material cénico e
estrutural para todos os espetáculos. Como tem sido essa experiência em termos
logísticos?
No começo foi muito complicado pois
não sabíamos muitas coisas na questão de espaço, quanto tempo demora para
montar, tamanho, equipe necessária, etc. Agora depois de alguns anos
conseguimos chegar a um ponto que facilita toda montagem, e temos a mesma
qualidade de show em qualquer cidade que
o SupreMa vá, queremos levar a todos os nossos fãs a mesma estrutura e fazemos
isso em lugares de difícil acesso no Brasil. Temos um grande sonho de fazer uma
tour europeia e já tem um tempo que
temos pensado na logística toda para que isso aconteça, queremos levar este
mesmo cenário e tudo para a Europa para proporcionar aos fãs o mesmo show que fazemos no Brasil. Estamos
estudando como tornar isso possível, mas tenham certeza que quando tivermos
certos de que é possível ser feito, faremos uma grande tour para ser inesquecível.
Mas é também
uma forma de proporcionar a mesma qualidade de espetáculo a todos os públicos…
É o que buscamos, seja no grande
festival ou na pequena casa de shows,
queremos levar a mesma qualidade de show.
Tratamos todos os fãs da mesma forma e quando termina o show fazemos questão de ir à mesa de merchandising e conversar e tirar foto até o último fã, este
respeito que temos por eles é algo que nunca iremos perder, e todos valorizam
demais isso.
A qualidade
do metal brasileiro parece ser
indiscutível. No entanto, não sentem que acabam por não conseguir chegar com
muita força à Europa? Na vossa opinião isso dever-se-á a que?
O Brasil é cheio de talentos,
existem pelo menos umas 30 bandas que você ouve e se impressiona, grandes
músicos e grandes artistas! Eu creio que a Europa é uma meta que a grande
maioria tem por aqui mas nem todos se arriscam. O mercado brasileiro se
enfraqueceu muito de uns anos para cá pois o Brasil foi invadido por tournées
internacionais, você tem facilmente 4 ou 5 shows
internacionais na mesma cidade durante um único mês e o público acaba não tendo
dinheiro suficiente para ir em todos os shows,
sendo assim as bandas nacionais acabam tendo menos espaço. Desta forma muitas
bandas super talentosas acabam ficando enfraquecidas e só mesmo as que lutam
muito que conseguem algo melhor e conseguem difundir seu som pelo mundo.
Esperamos que o SupreMa seja uma destas poucas que saem do país para mostrar
seu som, temos um planeamento e queremos chegar à Europa com força total.
Muito
obrigado. Queres acrescentar mais alguma coisa que não tenha sido abordado
nesta entrevista ou deixar alguma mensagem para os vossos fãs?
Eu que agradeço o bate papo. Fiquem ligados no site da banda e na página do Facebook que quase diariamente postamos
novidades da banda. Este ano de 2014 o SupreMa completa 10 anos de carreira e
devemos ter inúmeras novidades e novos lançamentos. Esperamos estar em breve na
Europa e bater cabeça com nossos fãs. Um abraço a todos!
Comentários
Enviar um comentário