Com um conjunto de músicos
com grande experiência em diversos coletivos e dentro do mais diversos estilos,
não surpreende que esse ecletismo se reflita no álbum de estreia dos And The We
Fall, Soul Deserts. A banda juntou-se
e contou a Via Nocturna um pouco do seu passado e o processo de desenvolvimento
que culminou nesse belíssimo álbum que é Soul
Deserts.
Antes de mais obrigado pela
vossa disponibilidade. Afinal quem são os And Then We Fall e como tem sido o
vosso percurso até aqui?
Obrigado nós pelo interesse mostrado
da vossa parte em And Then We Fall. Tudo começou com um convite do David ao Paulo para
gravar umas baterias em alguns esboços de temas em meados de 2011. No final desse ano convidaram a
Susana para fazer algumas linhas vocais. Juntávamo-nos para fazer música
simplesmente pelo prazer de tocar e começámos a perceber que estávamos a
construir canções com alguma consistência. A partir daí sentimos necessidade de
juntar mais uma pessoa ao coletivo; faltava-nos o som grave do baixo para dar
consistência às músicas e força na secção rítmica. Após algumas experiências, o
João juntou-se à banda no final de 2012, altura em que começamos a trabalhar
enquanto banda no disco.
Que experiências tinham de
outros coletivos anteriores e o que vos fez juntarem-se em ATWF?
Viemos todos de estilos e projetos
bastantes distintos. O David começou nos Trauma, passou por Phantom Vision,
Manifestos e neste momento assume funções também em Oz Project e In Tempus e
nalguns projetos a solo. O Paulo esteve em Lúcifer Fere e Noctivagus, e depois
de uns tempos sem tocar, foi “resgatado” pelo David para o projeto. A Susana
participou em bandas como Sinuous Bliss, Own Reflection e Aenima e alguns
projetos de música erudita. O João já perdeu a conta aos projetos em que teve envolvido,
em inúmeras direções musicais diferentes, como Cyco Lolitas, Violência Violeta,
Saibaba, Albert Fish, Biru and the BoomBoxKrew, Focolitus, etc...
Porque um nome como And
Then We Fall?
A ideia inicial que nos veio à cabeça
foram imagens de folhas a cair no outono... O Paulo andou a pesquisar
expressões que refletissem essa visão e de várias hipóteses este foi o nome
mais apelativo para nós. Mais tarde associámos também o nome à condição humana
que nos rodeia.
Que nomes ou movimentos
mais vos influenciam enquanto músicos?
As influências são muito variadas,
mas juntamo-nos com a visão comum do rock
alternativo e na música de fusão e experimentalista, já que todos temos gostos
muito variados e queremos ver também onde isso nos leva... Quem ouve muita música
de certeza irá encontrar no álbum Soul
Deserts diversas influências, por vezes muito díspares, mas que para nós
fazem todo o sentido explorar e juntar. Se perguntares individualmente a cada
um de nós o que nos influenciou na gravação deste disco de certeza que para
cada música terias respostas bastante variadas.
Soul Deserts é a vossa estreia. De que forma olham para este
trabalho? Reflete tudo aquilo que são os ATWF?
Este trabalho reflete o que são/foram
os ATWF durante este período e gostamos do nosso produto final sem dúvida.
Claro que como qualquer músico, assim que as coisas saem, começamos logo a
pensar no que poderíamos fazer diferente, mas isso são tudo coisas que iremos
explorar no futuro.
Mas demorou bastante tempo
a ser gravado. Portanto, haverá aqui alguns temas criados em diferentes
alturas. De que forma a vossa evolução e/ou mudanças ao longo desse período se
reflete no processo de composição?
Sim, de facto passou bastante tempo;
começamos com alguns esboços que o David já tinha, e ao mesmo tempo que a
formação da banda se ia compondo, foram-se desenvolvendo os temas, e com a
entrada de cada elemento, mais ingredientes iam sendo atirados para o pote e
algumas músicas foram ganhando a maturidade que apresentam no disco, enquanto
que outras surgiram durante o processo natural de evolução da banda. Apesar de
todo este tempo, o processo de gravação em estúdio foi relativamente rápido,
acabando por ficar “parado” mais tempo na fase das misturas e pré-produção.
Curioso é a existência de
canções em três línguas (português, inglês e castelhano). Porquê?
Tal como não nos prendemos a uma só
direção “instrumental” (se o pudermos chamar assim), também não ficamos presos
só a uma “língua”... Normalmente no processo de composição das várias linhas de
voz, ainda antes de haver letras escritas, a Susana canta os temas por
onomatopeias, e logo aí surge naturalmente uma sonoridade que nos faz escrever
em determinada língua. Por isso pensamos que é uma caraterística que irá estar
sempre presente na nossa música.
Acho brilhante as vossas
incursões, por exemplo, pelo blues, em
All The Pain Inside. De onde surgiu
essa influência?
É curioso que muita gente refira essa
música, porque a incluímos no disco quase como “um lado B” por ser bastante
diferente das outras. O blues é algo
que nos vem de maneira muito natural, é algo com que nos identificamos e
gostamos bastante de tocar nos ensaios, até mesmo para “aquecer”, e o Paulo
deu-nos a ideia de inserir um blues
no disco já que era uma coisa tão natural em nós. Daí à concretização e
gravação foi um pequeno passo.
Soul Deserts é um lançamento Ethereal Sound Works. Parece-me a
casa perfeita para a vossa sonoridade, tendo em conta alguns títulos
anteriormente já editados. Sentem isso? Como se deu o contacto com a label?
Este contacto já existia entre o
Gonçalo (ESW) e ATWF porque o David já trabalha com a editora através de OZ
Project. Isso permitiu-nos logo uma primeira aproximação e depois de vermos que
o catálogo da Ethereal Sound Works era tão diversificado, achamos que de facto
era ideal para este primeiro álbum. A editora ouviu o nosso trabalho e
demonstrou interesse na edição de Soul
Deserts o que nos agradou bastante.
A apresentação do álbum
decorreu no Heavens Club no Porto.
Como foi a festa?
Esta oportunidade surgiu devido a um
convite feito pelo Paulo (Bal Onirique) para tocarmos numa das “Noites de Outro
Lugar” realizadas no Heaven's Club de tempos a tempos. Depois de algumas
mudanças de datas, acabámos por fazer coincidir a data do concerto com o
lançamento do disco, o que nos agradou, pois gostamos muito do Porto, e foi uma
oportunidade para ver velhos amigos e conhecer pessoas novas e apresentar
finalmente o nosso trabalho. Aproveitamos para mandar aqui um abraço ao pessoal
que estava no concerto do Porto que nos acolheu tão bem. Soube bastante bem
tocar finalmente estas músicas ao vivo num ambiente de concerto. Já tínhamos
feito um pequeno show-case/ensaio
aberto em julho passado no Beta Café na Qta. do Conde (Setúbal), numa vertente
mais intimista e quase acústica, mas que serviu também para termos a ideia de
como soavam os temas ao vivo.
Já têm algum vídeo para Soul Deserts?
Temos algumas ideias para vídeos, mas
por enquanto são ainda esboços que poderão ser desenvolvidos mais tarde. Temos
umas pequenas montagens feitas pelo Paulo que se podem encontrar no nosso facebook quando ainda estávamos em fase
de gravação do álbum para irmos disponibilizando algo.
E quanto a concertos? O que
já há agendado?
Neste momento temos alguns concertos
pensados, mas ainda sem datas devido a algumas questões de agendas
particulares. Mas mais proximamente pensamos fazer algumas “fnacs”. Mas estamos
sempre abertos a convites e a ideias/espaços diferentes onde podemos tocar a
nossa música.
Obrigado. Querem
acrescentar mais alguma coisa que não tenha sido abordado nesta entrevista ou
deixar alguma mensagem para os vossos fãs?
Obrigado Pedro por teres feito a review ao nosso disco Soul Deserts e teres mostrado interesse
em fazer esta entrevista. E um Obrigado a todos os que nos tem seguido pacientemente
e nos têm dado força para continuar a trabalhar e a tocar, que é para nós o
mais importante. Aquilo que nós esperamos é poder continuar a surpreender, quer
em espetáculos ao vivo, quer em próximas edições, quebrando as nossas
limitações ao mesmo tempo que nos encontramos fazendo de And Then We Fall um
coletivo mais coeso onde todos os que nos ouvem são também amigos e parte da
família. Love & Hope.
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