Chapa Zero é um daqueles coletivos de punk rock sem papas na língua,
politicamente muito incorrecto. E isso fica demonstrado nas temáticas abordadas
no seu trabalho homónimo de estreia. No entanto, como se depreende desta
entrevista, a banda pretende ser ainda mais cáustica e ofensiva. O agora
quarteto juntou-se para responder às nossas questões.
Olá! Obrigado pela vossa disponibilidade. Para
começar, quem são os Chapa Zero?
Somos um coletivo de
indivíduos com perspetivas e objetivos muito parecidos, que ao longo de três
anos se vieram a juntar para fazer música dentro dos moldes que nos agradam e
com muita vontade de continuar a fazer temas e a dar concertos durante mais 30
anos.
Qual o background
musical dos elementos dos Chapa Zero?
Cada elemento da banda
teve percursos musicais diversos, mas sempre com o bicho do Punk dentro de nós. O Kaveirinha vem dos
Palha D’Aço, o Nuno dos Valium me Deus, o Marco dos Uncle Albert e o Alex dos
Conto do Vigário.
O que vos motivou a erguerem um projeto como este?
A nossa motivação depende
sempre do mau trabalho de alguém. Para dar exemplos, temos a nossa querida
polícia, os nossos maravilhosos governantes, os inúteis que falam nos programas
da manhã, etc...
Quais são as vossas principais influências?
Temos influências
diversas, como Iron Maiden, Clash, Pixies, Metallica, Mata Ratos, Radiohead,
Johnny Cash, Censurados, Motörhead, Ramones, Mão Morta...
Olhando agora para o vosso trabalho de estreia,
como analisam o trabalho desenvolvido?
Como todo o primeiro
trabalho de um artista, envolve sempre um grau elevado de insegurança... mas
muito orgulho! Embora esse orgulho tenha vindo a crescer à medida que ouvimos
as nossas músicas a receber boas críticas, vindas de pessoas insuspeitas.
Vocês acabam por recuperar um pouco o sentido do punk rock menos politicamente correto,
mais rebelde e até, diríamos, arruaceiro.
Sempre foi essa a vossa intenção?
A nossa intenção era
ofender um pouco mais os nossos alvos, só que, embora o sistema judicial em
Portugal não funcione, podemos levar com processos e ter de pagar multas para
as quais não temos dinheiro e não podendo pagar, podemos ter penas de prisão...
e as nossas prisões não são conhecidas pela boa música que lá se faz... o que é
uma pena, mas felizmente temos os Clockwork Boys a incitar ao Rock nas Cadeias.
O trabalho pouco elaborado e bastante sujo ao nível
da produção, acaba por acentuar esse sentimento de rebelião…
Sim, embora em Portugal não
haja rebelião a sério para ajudar à festa. A única rebelião que vemos é nos
concertos de Punk Rock, que são
sempre a loucura. Na rua só se vêm pessoas a atirar uma ou outra pedra à
polícia e a passear rumo à barraca das bifanas patrocinada por algum sindicato
e a esgotar a Grândola Vila Morena.
Por falar em produção, esta esteve a cargo de Vítor
Rua, conhecido pelo seu desempenho com os GNR. Como se proporcionou esse
contacto e como foi trabalhar com ele?
Nos GNR e em muito
mais... nomeadamente os Telectu em que tocava com o Jorge Lima Barreto. Muito
bom som! Nós convidámos o Vítor para gravar um solo num tema nosso e no dia em
que foi lá ao estúdio, apercebeu-se das condições em que estávamos a gravar e
os percalços que já tínhamos passado e disse-nos que, além da forma como
estávamos a gravar, não ser nada punk,
ninguém tem de passar o que passámos nesse estúdio e então disse que nos
gravava o álbum no estúdio Dim Sum do António Duarte e que queria produzi-lo.
E como surgiu a ideia do trompete em Vai Lá Vai? Como contactaram o Nuno
Reis?
Isso foi uma das grandes
ideias surpresa do Vítor. Ele achou que ficava a matar um trompete improvisado
no Vai lá Vai e nós adorámos. Além
das máquinas em que nos pôs a tocar que são os efeitos e teclados que se ouvem
no disco, ficou tudo muito bom!
Para além de Nuno Reis, contam também com essa
lenda viva que é o João Pedro Almendra…
Sim, mas o João foi uma escolha
muito especial. Todos nós temos o João como um herói no nosso imaginário, tanto
nos Kú de Judas como nos Peste & Sida e agora nos Punk Sinatra, com quem já
tocámos. Tê-lo no estúdio e ainda por cima a gravar um tema nosso, foi um
grande privilégio! Ainda por cima o tema parece feito para a maneira de ele
cantar.
No álbum são um trio, mas recentemente adicionaram
um novo guitarrista, não foi?
Convidámos o Marco para
tocar connosco, primeiro porque achámos que uma segunda guitarra ficaria muito
bem para dar corpo ao som e em alguns casos para libertar o Kaveirinha da
guitarra e depois porque já conhecíamos o Marco dos Uncle Albert com quem tocámos
várias vezes e achámos que seria uma escolha perfeita... e está a resultar
muito bem!
Têm algum vídeo extraído deste vosso trabalho?
Temos dois, o Queres é Aparecer do Nuno Marcolino e da
Teresa Rothes e o Dizem Por Aí do
Miguel Costa, todo filmado durante a gravação do álbum no estúdio do António
Duarte.
Projetos para os tempos mais próximos? O que têm em
vista?
O nosso próximo projeto
será gravar o segundo álbum, mas ainda não está nada preparado, vamos vendo nos
concertos que temas irão ser escolhidos, mas isso tem de ser feito com calma.
Obrigado. Querem acrescentar mais alguma coisa para
os nossos leitores ou para os vossos fãs?
Pessoal, ouçam muita
música, vão a concertos, formem bandas, imitem os vossos músicos favoritos e
tentem superá-los e, principalmente para o pessoal mais novo, não deixem que o
sistema nos lixe a cultura, toda a cultura é importante! Organizem-se e façam
coisas!
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