A Turquia não
é propriamente fértil em grandes nomes no metal,
por isso os Vengeful Ghoul são uma agradável surpresa. Com a sua mistura de power e thrash metal, Timeless
Warfare consegui penetrar forte no panorama underground europeu. Numa entrevista que abordou o aspeto musical e
até algo da história turca, o coletivo reuniu-se para falar com Via Nocturna.
Viva!
Obrigado pelo vosso tempo com Via Nocturna! Quem são os Vengeful Ghoul? Podem
apresentar a banda aos metalheads portugueses?
Vengeful Ghoul (VG): Olá e saudações para Portugal!! Vengeful
Ghoul é uma banda de metal de
Istambul, Turquia. O nosso estilo é power/thrash
com elementos de metal tradicional. Lançamos
o nosso primeiro álbum Timeless War a
14 de fevereiro de 2014.
Quando e como
nasceu este projeto?
Emre Kasapoglu (EK): A banda foi formada em 2005 por mim
e Senem Ündemir (guitarra ritmo). Éramos estudantes e o nosso objetivo inicial
ao formar uma banda era apenas tocar algumas coisas heavy-thrash nos anos escolares. Depois começamos a organizar as
nossas próprias composições, arranjamos outros elementos porreiros para o
grupo, começamos a fazer espetáculos em locais de interesse turístico e decidimos
gravar uma demo. Não foi muito fácil manter
as pessoas. Tivemos muitas mudanças de membros, mas esperamos pacientemente até
a mais precisa equipa estar formada.
Quais podem ser
consideradas como as vossas principais influências?
VG: Todos gostamos de quase todos os
estilos de metal, não queremos
limitar isso, mas se és um fã de Helstar, Agent Steel, Vicious Rumors, Primal
Fear, Jag Panzer, Iced Earth, Nevermore ou Kreator, provavelmente irás gostar de
Vengeful Ghoul.
Timeless Warfare é o vosso primeiro
álbum e já foi gravado em 2012. Ainda representa os atuais Vengeful Ghoul?
VG: Sim e não. Naquela altura não havia
espaço suficiente para a contribuição dos outros membros da banda, além de Özgür,
Emre e Senem. Atualmente, mesmo considerando que a estrutura principal das
músicas continua a ser escrita por Özgür e Emre há mais aromas dos outros
membros da banda também. Portanto, principalmente, temos um som mais coletivo.
Aliás,
podemos assumir que, por esta altura, já devem estar a escrever novas músicas. Corresponde
à verdade?
VG: Sim as gravações piloto do nosso
segundo álbum estão quase prontas.
Voltando a Timeless Warfare, como definem esse
trabalho?
VG: É uma abordagem irónica para o infinito,
a mente e o seu resultado final polarização/guerra.
O engraçado é
que existe uma canção com o título Ruthless
Crow que é também o nome do estúdio onde gravaram. Foi um tributo? É o vosso
próprio estúdio?
VG: Sim, claro. Ruthless Crow retrata culto de um herói de forma que queríamos
marcar o nosso "templo" com o mesmo nome. Já investimos muito
dinheiro nas nossas músicas, ensaios, gravações, custos de viagem, etc … Por
isso pensamos que devíamos investir muito mais no estabelecimento de um estúdio
nosso porque os estúdios locais são muito caros e também insatisfatórios para o
nosso gosto. Não conseguíamos exatamente o que queríamos. Finalmente percebemos
que a maneira melhor e mais económica de gravar um grande álbum de forma eficiente
e em serenidade foi ter o nosso próprio estúdio. Conseguimos tratar de tudo em
6 meses (incluindo comprar software e
hardware, construir cabines). Para já
é apenas um home-studio de gravação
dedicado exclusivamente aos Vengeful Ghoul.
A
masterização esteve a cargo dos dedos mágicos de Jens Bogren. Porque o
escolheram?
VG: Gostamos do trabalho que o Jens tem
feito com muitas bandas com quem já trabalhou como Symphony X, Hammerfall,
Paradise Lost, etc ..
E onde
podemos sentir o toque do Sr. Bogren?
VG: Especialmente na bateria, mas, penso
que em todo o álbum. Ele fez um bom trabalho e refletiu a nossa triste mas
promissora nova atmosfera de som.
Depois da
gravação do álbum mudaram de baixista. Como foi a adaptação do novo membro à
banda e às músicas?
VG: Foi muito fácil, pois já éramos
amigos há alguns anos. Já nos tinha ajudado na produção/gravação e no artwork do nosso álbum de estréia. Já
estávamos muito perto, por isso não houve, na verdade, um período de adaptação.
De facto, não
é muito habitual ouvirmos bandas turcas. Como é a cena no teu país?
VG: A cena do metal turco não é tão grande quando comparada com outros países da
Europa ou com os EUA, é claro, mas há muitos músicos e bandas de heavy metal talentosos. Poucos têm uma
história longa e ativa. Percebes, garantir a estabilidade como banda tem muitos
custos. Dinheiro, resistência, paciência, trabalho e tenacidade para além da
capacidade de tocar heavy metal
original. Não duvidamos da capacidade das bandas turcas de metal, mas desaparecem facilmente evitando investir na sua música.
Alguns têm dificuldades em manter o equilíbrio entre a vida cotidiana e a vida
musical e outros dececionam-se com bastante facilidade por não se sentirem
realizados num curto espaço de tempo. Também estamos um pouco isolados, para
ser honesto, já que não olhamos muito para a cena metálica do nosso próprio país.
Pelo facto de
o vosso país ser maioritariamente muçulmano, não têm problemas em ter uma mulher
na vossa composição?
VG: A Turquia não é um país islâmico, o
seu regime é uma república laica. 90% dos cidadãos são muçulmanos mas também há
muitos cristãos, judeus e ateus que vivem juntos há muitos anos em paz. Mustafa
Kemal Atatürk, o nosso líder e comandante da guerra de libertação, estabeleceu
a república em 1923 e, desde então, as mulheres turcas têm os direitos sociais
e políticos iguais aos dos homens turcos. Senem formou esta banda há quase dez
anos, demos inúmeros concertos por todo o país e não tem qualquer problema
causado por sexismo ou Islamismo. Aliás, nem sei se os "Islamitas"
realmente existem. Na história islâmica, há mulheres que lutaram guerras, mas
aquelas pessoas orientadas pelo orientalismo provavelmente não têm qualquer ideia
sobre isso.
Mas como
lidam com toda a situação do Estado islâmico, a guerra na Síria e no Iraque, aí
tão perto de vocês... Isso reflete-se nas vossas letras?
VG: Claro que é uma tragédia e afeta-nos
profundamente. Preferimos falar sobre essas coisas de forma genérica. A guerra esteve
sempre na equação nas nossas terras vizinhas, pelo que não é nada de novo.
Têm algum vídeo
retirado deste álbum?
VG: Não, pelo menos num sentido oficial,
mas temos gravações ao vivo da nossa tournée pela Europa na nossa conta de youtube: http://www.youtube.com/user/vengefulghoul1
Obrigado, foi
um prazer conversar convosco. Querem acrescentar mais alguma coisa?
VG: O prazer foi nosso! Gostaríamos de te
agradecer por esta entrevista e pelas tuas boas perguntas. Vamos caminhando no nosso
sonho e acreditamos que se irá tornar uma realidade quando compartilharmos a
nossa música com mais pessoas. Aplausos pesados para todos no círculo de metal!
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