Ken Ingwersen
e Tom Fossheim trabalham há anos com o ex-Uriah Heep Ken Hensley e quando o
britânico recrutou Roberto Tiranti para vocalista algo de emocionante
aconteceu. Os dois noruegueses e o italiano sentiram que tinham muito para
oferecer. E realmente tinham. Como o demonstraram no seu álbum homónimo de
estreia, Wonderworld, mais um nome
influenciado pelos Heep. Na senda dos grandes powertrios da história este é um dos melhores lançamentos de 2014.
Mas o trio já prepara um novo trabalho, como se percebe da conversa que
mantivemos com Ken Ingwersen.
Olá Ken! Obrigado
pela tua disponibilidade para esta entrevista com Via Nocturna! Quando e como surgiram
os Wonderworld?
Olá! Tenho tocado com Ken Hensley dos Uriah Heep vai
para dez anos e temos feito alguns álbuns, dvds, etc. No ano passado entrou um
novo membro para a banda, Roberto Tiranti, e estávamos prestes a gravar o mais
recente álbum de Hensley, Trouble. Durante
essas sessões apercebemo-nos que Rob, Tom (baterista) e eu, fizemos um click musical e mentalmente falando. Por
isso, sugeri, a poucos dias das gravações, que talvez devêssemos formar um trio
e fazer os nossos próprios álbuns. A partir daí começamos a escrever e fizemos
o álbum. Basicamente foi isso.
O que vos motivou
a criar este novo projeto?
A pura energia que sentimos a tocar juntos em estúdio
no álbum de Hensley foi o grande motivo. Sentimos que soávamos muito bem
juntos, por isso arriscámos.
Li algures
que Ken Hensley é como um líder espiritual e orientador. É verdade? Que
influência teve que neste álbum?
Foi Ken quem nos juntou a todos. Sem ele, nunca nos
teríamos conhecido. Quando lhe falei sobre os Wonderworld, ele disse que nos ia
apoiar em tudo o que pudesse, que era o nosso maior fã! Também musicalmente Ken
está lá de alguma forma, porque o nosso terreno é comum a Ken e à sua música,
embora tenhamos desenvolvido um estilo próprio.
Já que
falamos de Hensley, temos de falar sobre Live Fire. Em que consiste este
projeto?
Live Fire era originalmente uma banda que se juntou
para alguns concertos na Noruega, apoiando Hensley. Ken gostou de ter tocado
connosco e quis que nós o acompanhássemos em espetáculos futuros. Da formação
original, sou o único elemento que permanece embora Tom se tenha juntado a nós
há cerca de 7 anos. Roberto foi a última adição à banda, substituindo o nosso
vocalista e baixista anterior. E nós nunca estivemos melhor do que agora e
ainda continuamos a tocar com Hensley.
Então não é a
primeira vez que trabalhas com estes teus companheiros?
Sim e não. O álbum Trouble
foi o primeiro com nós os três a trabalhar juntos. Tom e eu temos tocado com
Hensley há anos, por isso somos velhos companheiros de banda.
E o vosso
nome está, de alguma forma, ligado ao título do álbum dos Uriah Heep?
Claro! É uma homenagem a Hensley. Temos muitos fãs que
nos têm visto com Hensley, por isso foi natural, de alguma forma, ligar esta
banda com os Heep. Também se verificou que era um nome fixe para a banda e que
representa o que queríamos alcançar com ela.
Assim,
podemos assumir que os Uriah Heep são uma das vossas influências? Existem
outras?
Hm, já andamos no negócio há muitos
anos portanto acho que não temos muitas bandas óbvias que nos influenciem
atualmente. Diria que somos mais o resultado do que temos escutado ao longo dos
anos. E isso implica bandas de rock
clássico, como Led Zep, Heep, Deep Purple, Van Halen, Kiss, Thin Lizzy etc etc.
De qualquer
forma, essas influências não são muito evidentes na vossa música, o que
comprova a vossa identidade e personalidade. Portanto, gostaria de te perguntar
como defines a vossa própria música...
Hm, boa pergunta. Acho que nos vemos
como uma banda de rock clássico com
um som anos 2000, que se quer manter bastante simples, mas interessante.
Portanto, definitivamente há lá vestígios de blues rock, embora também gostemos de misturar as coisas seguindo o
feeling do momento.
Por que razão
a escolha do formato trio? Também influência de alguns powertrios históricos?
Bem, pessoalmente, sempre quis fazer parte de um powertrio e esta foi a primeira vez que
me senti realmente bem. Rob é um grande cantor, mas também é um grande
baixista, para poder lidar com os dois papéis. Há algo a respeito dos trios que
é o sonho de qualquer músico. Manter o mínimo, mas, ainda assim, obter um som
cheio e rico. E acho que nós realmente conseguimos fazê-lo. Acho que não sou fã
de nenhum powertrio, é mais a ideia
de sermos apenas 3 em palco.
E o facto de
serem de diferentes países influenciou o processo de gravação? Trabalharam
juntos em estúdio?
Fizemos este álbum muito rápido. Antes de o gravar fizemos
demos que fomos trocando via e-mail e discutidas no Skype. Encontramo-nos apenas 2 dias, só
para ensaiar as músicas que estavam prestes a ser gravadas e depois passamos 3
dias em estúdio a fazer bateria, baixo e guitarras. Depois separamo-nos e
Roberto fez os vocais na Itália e eu fiz a minha guitarra solos, preenchimentos
e backing vocals na Noruega.
Porque a
escolha de uma canção de Russ Ballard como cover?
É uma canção que todos gostamos e é uma música que acaba
por ser um pouco off em comparação
com o que normalmente faríamos. Portanto, em vez de fazer o óbvio, como a
escolha de uma canção dos Zeppelin/Heep/Purple, escolhemos uma canção pop e fizemo-la à nossa maneira.
Este é um
lançamento independente, certo? Chegaram a contactar alguma editora? Há alguma
novidade a este respeito?
Sim, decidimos fazer isso por conta própria. Tivemos algumas
ofertas de editoras mas a indústria está a viver condições de mau tempo nos
dias de hoje, pelo que não podem oferecer dinheiro nem marketing. Basicamente isso significa que tu dás uma grande parte dos
lucros à editora sem receber nada em troca. Quanto a álbuns futuros, vamos ver.
Há tantas maneiras de fazer isso hoje em dia que tudo muda num minuto.
Trata-se de
um projeto de um álbum só ou tens ideias de fazer mais lançamentos com os Wonderworld?
Já estamos a trabalhar no segundo!
Há hipóteses
de vermos este projeto em palco? Não há problemas de agenda?
Na verdade, já fizemos alguns shows ao vivo. E haverá mais. Nesta altura temos algumas datas na Noruega
e na Itália. De alguma forma, também poderemos fazer isso em conjunto com
Hensley. Vamos ver.
Obrigado Ken!
Foi um prazer conversar contigo. Queres deixar alguma mensagem para os vossos
fãs ou para os nossos leitores?
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