Em 1966
nascia um coletivo chamado Mabel’s Greer Toyshop (MGT) que rapidamente começou
a dar nas vistas nos clubes londrinos. Dois anos depois, em maio de 1968, o
coletivo dava o seu último concerto em Londres. Em junho Bob Hagger saía e dois
meses depois os MGT mudavam o nome para aquele que viria a ser um dos mais
importantes nomes do rock sinfónico
de sempre – YES! 45 anos se passaram e Via Nocturna foi falar, precisamente com
Bob Hagger a propósito do renascimento e primeiro álbum dos MGT.
Olá Bob,
antes de mais permite-me que te diga que é um verdadeiro prazer poder fazer
esta entrevista com uma verdadeira lenda. Vamos lá ver - como tudo recomeçou
com os Mabel Greer’s Toyshop (MGT)?
Bem, ironicamente, pode ter sido
Peter Banks a fazer este avivamento acontecer: foi há 2 anos quando soubemos
que ele tinha morrido que nos levou a encontrarmo-nos e a discutir os velhos
tempos. Foi nessa reunião que decidimos que queríamos ver de que forma iriam
soar as músicas antigas tocadas novamente.
45 anos se
passaram, naturalmente estiveram ativos noutros projetos, mas a respeito de MGT,
quais são os vossos sentimentos nesta altura?
Tudo parece surreal, este é um
projeto incrível. A música ainda está lá, as velhas vibrações e a mesma emoção
de tocar a música de Mabel Greer’s Toyshop.
Sentem que
este é o álbum que os vossos fãs deveriam ter tido a oportunidade de ouvir há quatro
décadas atrás?
Se o tivéssemos produziu há quatro
décadas atrás, não teria sido o mesmo. Este álbum é baseado nos antigos sons,
mas aumentado por experiências que só o tempo pode proporcionar. Este álbum é
único.
Clive e tu foram
os principais responsáveis por este renascimento. Como se deu a junção dos
restantes membros?
Bem, precisávamos de um baixista e
tínhamos visto Hugo Barré tocar com Alex Keren há um tempo atrás e tínhamos ficado
impressionados com os dois. A primeira passagem do álbum foi feita apenas
connosco, os três – eu, Clive e Hugo - uma versão que ficou conhecida como The Paris Tapes. Nessa altura decidimos
que precisávamos de teclados e foi quando pedimos a Tony Kaye e Billy Sherwood
para se envolverem.
Na minha
opinião, as comparações com os Yes são inevitáveis. Como lidam com esta
situação? Isso aborrece-vos ou não?
Não pode haver comparações. Os Yes
cresceram musicalmente a partir de MGT em 1968 e produziram 22 álbuns de
estúdio. As nossas experiências são diferentes. Nós não escolhemos o mesmo
caminho. Estivemos fora a desfrutar de experiências de um tipo diferente, que acabaram
por influenciar esta última oferta.
Mas têm
consciência de que alguns de vocês foram precursores de uma dais maiores bandas
de rock sinfónico jamais existente...
é um passado que é impossível negar, não achas?
Concordamos, mas a nossa música deve
ser vista como mantendo-se por si própria. É verdade que as raízes são as
mesmas, mas temos crescido numa árvore diferente!
E o título do
álbum - New Way Of Life – poderá simbolizar
esse renascimento?
O título New Way Of Life simboliza a mudança e a dificuldade de mudança. É o
motivo porque escolhemos a obra de arte do artista Inglês Carne Griffiths para
a capa do álbum. Não há maior símbolo de como é difícil a adaptação a um novo
estilo de vida do que a dos povos indígenas americanos.
Este álbum
apresenta uma mistura de músicas novas e algumas mais antigas. As mais antigas
alguma vez já tinham sido lançadas ou é a primeira vez?
Das seis músicas antigas, duas (Beyond And Before e Swetness) apareceram no primeiro álbum dos Yes e as outras foram gravadas
para o programa de rádio da BBC de John Peel em 1968. Podem ouvir todas as
músicas no nosso site www.mabelgreerstoyshop.com.
De qualquer
forma, fizeram novos arranjos para essas composições, certo?
Bem, elas foram tocadas a partir da
memória que tínhamos de como as tocávamos nos velhos tempos. Ainda assim os
arranjos podem ser diferentes dos originais. Parece que a velha faísca ainda
está lá!
Como têm sido
as reações dos fãs mais velhos e até dos mais novos?
Tivemos o incentivo de todos, por
isso agradeço a todos. A maioria das pessoas dizem que a música é apenas o que
se esperava de MGT. Também recebemos saudações por parte de Chris Squire! Um
toque muito agradável. Obrigado Chris!
Infelizmente,
Peter Banks já não está cá para assistir a este regresso. Há aqui alguma música
escrita por ele?
Peter teve uma enorme contribuição na
forma como estávamos a desenvolver a banda e no seu som, mas não compôs nenhuma
das músicas.
Pois bem, a
partir de agora, não vamos ter de esperar outros 45 anos para um novo álbum,
pois não? (risos)
Se os MGT lançarem um novo álbum daqui
a 45 anos prometemos não tocar nele!
Há hipóteses
de levar este álbum para palco? Têm alguma coisa agendada?
Sim, gostaríamos de marcar alguns espectáculos
para este verão, estamos abertos a convites.
Obrigado Bob!
Foi um verdadeiro privilégio. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Sim, tentem ouvir o álbum numa sala
escura com boas colunas e depois venham ver-nos ao vivo. Obrigado a todos por este
grande regresso!
Comentários
Enviar um comentário