A estreia dos
FPM está aí com Já Estou Farto, um
disco batizado a partir de um tema que a banda recuperou dos míticos Ku de
Judas. Um disco de diferentes ambiências, de base punk e hardcore mas que
se estende por outros sons pesados. Antes da festa de apresentação do disco em
Alvalade, Via Nocturna falou com o coletivo lisboeta.
Olá, tudo
bem? Para começarmos, podem apresentar os FPM?
Boas!!! Na voz é o Diogo Rocha
(Júnior) nas guitarras o Tiago Rocha (Bez) o Ricardo (Toucas) no baixo o Gui e
na bateria o Diogo Ribas.
O que vos
motivou a criarem esta banda?
Foi a vontade de tocarmos juntos e
fazer algo diferente de tudo o que estávamos a fazer naquela altura em termos
musicais.
Já tinham tido
algumas experiências anteriores?
Já. O Diogo teve uma banda que eram
os ColdTurkey onde tocava bateria e cantava, o Tiago e o Ricardo já tinham tido
uma banda chamada Tryout e o Gui e o Ribas quando começaram com os FPM tinham
uma banda chamada Freemind. O Ribas também tocou nos SlowMotionRiot e nos
Taurina.
Qual o
significado de FPM e porque a sua escolha para nome da banda?
Feio Porco e Mau. O nome da banda ajusta-se à visão que
temos do mundo que nos rodeia, não no geral, mas sim aquele mundo que entra
pela casa a dentro sempre que ligas a televisão, onde vês fome, guerra,
desigualdade social, onde existe um foço entre raças e religiões. Também porque
adoramos o filme do Ettore Scola (Feios Porcos e Maus).
Naturalmente,
o punk é um dos movimentos que mais
vos influenciou, mas ouvindo Já Estou
Farto, notam-se outras ambiências. Que outras coisas se ouvem no seio dos
FPM?
Nunca tivemos o objetivo de ser uma banda de punk ou hardcore, mesmo porque dentro da banda cada um de nós ouve outros
estilos e isso depois transparece na nossa música. Podemos estar juntos a ouvir
Tara Perdida e logo de seguida Johnny Cash ou Neil Young e depois Sepultura… O
que é bom!
Como tem sido
a vossa história até aqui?
O primeiro ensaio foi em abril de 2010. Começámos a
dar concertos passado um ano. Mas é desde de 2013 que esta formação se junta e
a partir dai foi quando começámos a desenvolver a nossa própria identidade
musical e gravar demos na nossa sala
de ensaios. Em 2015 fomos para estúdio, no Generator, como Miguel “Vegeta”
Marques, gravar o nosso primeiro disco.
Por que razão
a escolha de um tema dos Ku de Judas para revisitar, sendo que ainda é esse o
título deste álbum?
Tocámos pela primeira vez a Já Estou Farto em 2013 no Bairro Alto onde estava o João Ribas a assistir
ao concerto e que ficou logo agarrado à nossa versão e insistiu para nós nunca
pararmos de a tocar. E assim foi. Também queríamos uma música que tivesse significado
para a banda e na história do underground
em Portugal e apareceu a Já Estou Farto
e ainda bem!!! Tínhamos várias hipóteses para o nome do álbum. O Já Estou Farto foi o que nos pareceu
mais direto e mais forte e que representa o nosso estado de alma neste momento,
o mais sincero.
Nesse mesmo
tema colaboram Ruka e João Pedro Almendra. Como se proporcionou esse contacto?
Num churrasco em casa do Diogo Ribas foi onde surgiu a
ideia juntamente com o Ruka. O Ruka queria fazer algo connosco e a Já Estou Farto era perfeita para isso,
por todo o simbolismo que a música traz com ela. Depois falámos com o Almendra
que em 30 segundos aceitou fazer isto connosco. Foi lindo ir para estúdio com
eles e ver a música ganhar outros contornos e ter o Almendra e o Ruka no nosso
primeiro álbum e fazer uma bonita homenagem ao Ribas, ao Serpa e ao Aguilar, membros
de Ku de Judas, é um grande orgulho para nós.
O apelido
Ribas está carregado de simbolismo no cenário punk nacional e os FPM continuam o legado com o João Diogo,
sobrinho do saudoso e mítico João. Sentem que por esse facto, as pessoas
prestam mais atenção aos FPM?
Quando as pessoas vêem o apelido pode suscitar alguma
curiosidade. Mas nunca foi esse o objetivo. Nem nosso nem do Diogo. Queremos
que as pessoas olhem para nós como a banda que somos. Mas será sempre um
orgulho para nós termos tido uma ligação direta com o João e enquanto tocarmos
vamos sempre lembrar-nos dele e fazer questão de o homenagear em cada concerto
que dermos e também temos muito orgulho em vestir a camisola de tudo o que ele
representou e representa.
A gravação
decorreu nos Generator Studios, local já emblemático para o movimento punk, com o Miguel Marques nos comandos.
Como vivenciaram essa experiência?
Foi do melhor! Primeiro porque tirámos todos férias
durante uma semana e fomos para a Ericeira onde fica o estúdio e por lá ficamos
durante essa semana toda. Trabalhar com o Miguel foi fácil pelo excelente
profissional que é, e também porque nos demos bem com a pessoa que ele é.
Ficámos todos amigos!
Afinal já
estão fartos de quê?
Fartos do conformismo, da dormência social em que
muitas pessoas estão. Muitas coisas podiam ser diferentes mas nunca serão
enquanto houver mentes gananciosas e corruptas que dizem que lutam por ti nas
camaras da televisão mas nos bastidores só queram é encher bolsos. Fartos de
muita coisa, mas temos que ser nós a fazer algo de diferente e não apenas dizer
que isto e aquilo esta mal … temos de agir!!!
Curioso
verificar que, passados 30 anos, a crítica social do tema original ainda hoje
se mantém atualizada…
O tema Já Estou
Farto pode ser lido de várias maneiras. Pode ser um desabafo porque este
mundo apenas te sufoca e que te leva a encontrar outros caminhos que na altura
podem te parecer os mais certos mas que na realidade só te vão fazer afundar
mais, ou pode ser um desabafo pessoal que estás farto da tua própria auto
destruição. Mas é triste que as coisas que andamos fartos sejam as mesmas que
os Ku de Judas também já andavam fartos.
E quanto ao
futuro? Que projetos têm em mente? Até onde pensam chegar?
Este ano 2016 queremos andar a tocar por zonas do país
onde nunca tivemos a oportunidade de tocar. Na semana passada estivemos em
Alvalade a gravar o segundo vídeo que vai sair durante esta ou a próxima semana
e também temos o objetivo de em 2017 estarmos a gravar o segundo álbum de
originais. E é como nós dizemos, queremos continuar a fazer algo que nos encha
a alma e que nos dê alegria e orgulho fazer.
Mais uma vez
obrigado. Querem acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado nós!!!
Dia 6 de feveiro vamos estar a
lançar o álbum no RCA em Alvalade onde vão subir ao palco os Jackie D. e os
Contra-Mão e também vamos ter 3 convidados muitos especiais para nós. O Tiago
Cardoso dos Artigo21, Cabeças dos Shape e o grande João Pedro Almendra. Apareçam !!!!
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