Reboot
(Pristine)
(2016, Independente)
(5.9/6)
Recentemente
tiveram oportunidade de deixar o perfume da sua música em dois palcos nacionais
e, a crer pelos likes na sua página
de facebook, o número de fãs
nacionais deve ter aumentado exponencialmente. O caso não é para menos, porque
o novo disco dos Pristine,
intitulado Reboot, é, de facto, um
disco de grande qualidade. Este é já o terceiro trabalho da carreira dos
noruegueses, mas o primeiro a ter lançamento e distribuição fora do seu país
natal, a Noruega. E o que se pode dizer deste coletivo liderado pela voz
fantástica de Heidi Solheim? Pois
bem, que, para além dessa voz fantástica e carismática, existe muita substância
num coletivo que se mostra maduro, capaz de criar momentos pesados e/ou
emotivos/emocionais, com uma sonoridade fuzz
e muito orgânica. A banda que fez furor nos prestigiados International Blues Challenge em Memphis, no ano 2012, baseia a sua
sonoridade, precisamente, nesse género, o blues.
Mas um blues sujo, poeirento e
carregado de atitude rock ‘n’ roll.
Aliás, os dois primeiros temas deixam isso logo muito bem claro. Mas a coisa
não é assim tão linear. Porque este som genericamente grandioso com guitarras
distorcidas e saídas do meio do nevoeiro acrescidas de um baixo gordo e de hammonds malabaristas, por momentos transfigura-se e torna-se
minimalista, reduzindo-se à maior das simplicidades. Os exemplos surgem a todo
o momento no disco: e falamos de situações com vocais à capela (em Derek e All I Want Is You), ou momentos onde
Heidi é acompanhada apenas por uma guitarra suja (em All Of My Love ou Don’t Save
My Soul e até parcialmente em The
Lemon Waltz). O que não deixa de ser estranho (mas muito interessante de se
ouvir) é a clareza dos vocais de Heidi, quando comparados com a sujidade da
globalidade do som. Uma clareza que a coloca próximo de uma Anneke van
Giersbergen, pelo seu registo estratosférico e pelo prolongar das notas. Uma
situação perfeitamente identificável em The
Middleman, um dos pontos altos de Reboot,
uma balada emocional e estratosférica com mais de metade do tema em solo de
guitarra. Mas se acham que isto é pouco, ainda acrescentamos que os Pristine ainda têm tempo para incluir
psicadelismo e algum experimentalismo. A flauta em Reboot, o tema, é um dos melhores exemplos a remeter para os
mestres do género, Hawkwind. Esta
crónica já vai longa, mas permitam apenas mais um destaque: Don’t Save My Soul. Já abordamos este
tema, referindo o seu minimalismo (voz e guitarra com pontuais harmónicas), mas
falta dizer que aqui se ouve um dos melhores desempenhos de Heidi num registo
cheio de soul. Parabéns aos
noruegueses por este disco espetacular. Quem não os viu ao vivo há dias, ao
menos, não deve perder a oportunidade de os ouvir em estúdio. E Reboot é uma bela oportunidade para
isso.
Tracklist:
1.
Derek
2.
(I’m Gonna Give You) All Of My Love
3.
All I Want Is You
4.
Bootie Call
5.
Reboot
6.
The Middlemen
7.
California
8.
Lois Lane
9.
Don’t Save My Soul
10. The Lemon Waltz
Line-Up:
Heidi Solheim – vocais
Espen Elverum Jakobsen – guitarras
Åsmund Wilter Eriksson – baixo
Benjamin Mørk – Hammond
Kim Karlsen – bateria
Convidados:
Anders Oskal – Hammond
Kristian S. Olstad – guitarras
Aleksander Kostopoulos - bateria
Internet:
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