O trio
composto por Joe Market, Chris Gamper e Dave Walcott, conhecido como Cure For
Gravity, estreia-se com o EP homónimo numa interessante amálgama de sons
atmosféricos, cinematográficos e alternativos construídos sobre uma base de rock progressivo. Foi Joe Market quem
nos falou detalhadamente deste seu projeto.
Olá Joe! Obrigado pela entrevista. Olhando para o vosso
nome, devo começar por aí: qual o seu significado? O que estão a tentar dizer?
Na verdade, Cure For Gravity veio da ideia para título
de um álbum que tinha num projeto anterior no qual era vocalista que eram os Separate
Ways. Tínhamos planeado usar esse nome para o nosso último disco, mas o produto
final não era bem representativo da visão que tive e senti que seria um
desperdício usar um bom nome como este num álbum que não estava dentro das
nossas expetativas, por isso guardei-o. Alguns anos mais tarde, quando formei
esta banda, foi uma das primeiras ideias que me surgiu – na realidade não houve
muita discussão nem muito pensar sobre qualquer outra coisa. Sabíamos que este
era o nome que queríamos. Sentimos que capta para onde vamos - música que é cinematográfica,
temperamental, atmosférica na natureza que te ajuda a transportar para outro
lugar - escapando à gravidade. Também gosto da ideia de tentar curar o
incurável.
Falemos agora um pouco da banda – quando surgiram e
o que vos motivou a criar esta banda?
Estou nisto há muito tempo - todos os elementos da
banda estão nos 40 anos e, no mínimo, têm tocado ao longo de 25 anos cada.
Sinceramente, não queria criar outra banda depois do projeto anterior ter
chegado ao fim em 2000. Fiz uma pausa e, lentamente, fui voltando à música por
volta de 2008. Isso foi alguns anos antes de conhecer o nosso guitarrista, Dave
Walcott, na festa de Natal de um amigo em comum. As guitarras passaram e todos
nós tocamos algumas músicas e Dave e eu ligamo-nos. Dave tinha andado no liceu na
Costa Leste com nosso baterista Chris Gamper e já não se viam há 15 anos, até
que reataram a ligação, tendo-se ambos mudado aqui para a Califórnia para a
região da Baía de San Francisco. As coisas desenvolveram-se muito rapidamente
depois de ter formado o núcleo da banda - com Chris e Dave - gravamos o nosso
primeiro EP, Fallen Stars, na sua
maioria constituído por músicas que tinha que sobraram do meu projeto prévio e
algumas demos recentes. Cure For
Gravity como hoje o conhecemos, surgiu há cerca de três anos atrás, quando
começamos este segundo EP. O nosso teclista tinha saído e comecei a escrever principalmente
na guitarra e nos teclados. É aqui, literalmente, que a mudança do som para
Cure For Gravity surgiu e que a maior parte deste registo se foi desenvolvendo.
Qual é o teu background musical?
Comecei a tocar trompete com cerca de 9 anos de idade,
pelo que a música sempre foi uma parte da minha rotina diária. Isso e o facto
de a minha mãe ouvir no carro velhas cassetes, desde Barry White a Barry
Manilow e coisas intermédias como Pink Floyd. As minhas primeiras influências
musicais foram uma estranha mistura de Toto, Rush e Hall and Oates – mistura
super-estranha! Mas acho que isso explica um pouco dos nossos sons ecléticos.
Foi alguns anos mais tarde, quando descobri Black
Celebration dos Depeche Mode, que senti que tinha que escrever a música -
não apenas reproduzi-la. Fiquei muito surpreendido por eles terem criado todas
aquelas paisagens sonoras em teclados e com samplers
e isso foi o início de tudo para mim. Eu não estava satisfeito. (Vês o que
fiz?)
O que tentam alcançar com Cure For Gravity?
A nossa meta a curto prazo é sair e obter alguns slots de apoio para tours regionais ou para uma tournée
europeia. Simplesmente queremos colocar a nossa música lá fora, no palco e em frente
ao público. Pensamos que a nossa abordagem é exclusiva o suficiente para
capturar a atenção do ouvinte mais exigente, mas tem um apelo mais mainstream que nos ajuda a conquistar os
fãs de 14 aos 72 anos de idade. Fizemos uma mistura bastante atraente das
primeiras influências de rock progressivo
com o som dos anos 80 e os modernos sintetizadores e atual som de guitarra que
nos permite fazer uma música fresca.
Que nomes mais vos influenciaram?
Todos nós temos diferentes influências da banda, mas,
definitivamente, para mim foi Depeche Mode. O poder de ser capaz de criar
músicas inteiras por ti próprio com um computador e ser capaz de sair e tocá-las
ao vivo, sem uma banda, inicialmente intrigou-me. Os meus primeiros projetos
foram 100% eletrónicos, acrescentando, ao vivo, umas guitarras e, mais tarde,
bateria. O nosso projeto que já referi anteriormente, Separate Ways, foi de
100% ao vivo – sem, ou com muito poucos sintetizadores ou programação. Com Cure
For Gravity tentei encontrar um bom equilíbrio entre os dois mundos, acrescentando
um toque etéreo num som completamente ao vivo.
Noto que vocês colocam um cuidado especial nas
questões líricas. Podes dizer-nos quais as principais mensagens que tentam
passar através da música?
Nunca me imaginei um poeta. A maioria das nossas
letras nascem em jams em estúdio.
Tento uma aproximação a Mick Jagger e atiro ideias vendo em que melodias vão cair.
Nos ensaios gravamos tudo, e depois vou ouvir e começo a formar ideias – deixo
as músicas seguirem o seu caminho. Na maioria das nossas músicas, tento criar
uma definição, uma cena, através das letras que são suportados pela paisagem
sonora. Quase como um mini-filme. É assim que eu as vejo. Cada filme tem um
tema e uma história diferentes. Alguns são muito positivos, como Tonight, outros mais obscuros e
misteriosos, como a personagem central de Sunspots
que assiste à transformação da sua namorada se num zombie, ou Blackmetal que
é um pouco uma canção de protesto contra a paisagem social e política atual
aqui nos EUA e no mundo. Também tento deixar espaço para a interpretação dos
ouvintes. Quero que o ouvinte participe ativamente e preencha os espaços em
branco com as suas próprias ideias ou imaginação.
Engraçado que o primeiro single e vídeo seja uma
canção chamada Black Metal. Não temes
que algumas confusões possam surgir com o estilo musical extremo?
(risos). Bem visto! E, honestamente, não tenho certeza
se realmente pensei muito nisso até que vermos o que estava a acontecer no Twitter. Para nós, a ideia de Blackmetal não era tanto sobre um
estilo, uma vez se trata do material duro e frio que constitui uma arma, ou a
escuridão do petróleo que mostramos no vídeo, que é o recurso central por trás
de grande parte dos conflitos do mundo de hoje - para a escuridão do submundo
que não vemos dentro das redes e servidores que mantêm os nossos dados
pessoais. Há muitas liberdades do nosso mundo das quais inerentemente desistimos
quando estamos online – mas, da forma
como o mundo funciona hoje, não podemos contornar isso.
Em breve irão começar uma tournée americana e
internacional. Como se estão a preparar para tal?
De momento, estamos num pequeno local de diversão perto
da nossa cidade natal chamado The Ivy
Room. De lá sairemos para alguns locais em dezembro e início de janeiro e,
em seguida, vamos para o noroeste do Pacífico e o Centro-Oeste, no início da
Primavera, tentando coordenar alguma aparição em algum festival de verão. O
nosso objetivo é chegar a alguns locais-chave na Europa no próximo outono a menos
que o management consiga alinhar algo
divertido mais cedo!
OK Joe, muito obrigado! Queres acrescentar mais
alguma coisa?
Muito obrigado pela disponibilidade e por ajudares a
lançar a nossa música! Estamos superanimados para fazer com que a nossa música
passe as fronteiras da nossa cidade natal e do nosso país – até agora temos
recebido um feedback muito positivo dos
nossos ouvintes europeus. E agora - uma pergunta para ti! Na tua opinião, quais
são as três bandas com as quais nós soamos mais?
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