David Vaccaro é um histórico da
cena do rock clássico de Boston que
ficou conhecido, particularmente pelo seu projeto V-Project onde dividia os
temas com diversos vocalistas de nomeada. Mas chegou a altura certa para se
aventurar com uma banda verdadeira, em formato power-trio e os Neon Alley surgem com um disco que nos leva de
volta aos anos dourados do rock clássico.
E foi um bem-disposto e bem falador David Vaccaro que nos recebeu para falar
profundamente desta sua nova aventura.
Olá David!
Importas-te de apresentar este teu novo projeto Neon Alley?
Agradecido,
Pedro, pela entrevista. Neon Alley é um power
trio de hard-rock na configuração
mais tradicional - guitarra, baixo e bateria. Embora todos nós cantemos, eu
tornei-me o vocalista para quase tudo. Mike McDonald toca baixo e é o vocalista
principal em algumas faixas. No álbum, Mike canta a faixa Piece Of The Pie que foi escrita por ele com arranjos de ambos. Na
gravação tivemos na bateria Scott Marion de Detroit, Michigan. Devo mencionar
que Scott não continua connosco, sendo que o nosso baterista atual é Mike
Bangrazi de Leominster, Massachusetts.
Que
pontos de ligação ou diferenciação há entre esta banda e os V-Project?
Para
começar a maior diferença é que Neon Alley é uma banda para atuar ao vivo,
enquanto V-Project, era estritamente uma banda de estúdio. V-Project nem sequer
era uma banda. Com exceção dos vários cantores, Robin McAuley, Chris Post,
James Christian e Dennis Gresham, que compuseram e gravaram as suas partes
vocais, fui eu que toquei todos os instrumentos, fiz os samples de bateria, gravei, produzi, misturei, tudo, até a capa.
Por
outro lado, Neon Alley, é uma verdadeira banda. Sim, ainda sou eu que escrevo, produzo,
arranjo e realizo a maior parte da música, (pelo menos em estúdio), mas Mike e
Scott incluem-se naquilo que tocam. Mostro-lhes uma demo de uma canção, ou um riff
e peço-lhes que acrescentem as suas partes da maneira que quiserem. Apenas lhes
dou o feeling daquilo que quero.
Mas o
projeto V-Project ainda está ativo ou não?
Atualmente,
V-Project está em hibernação. V-Project é a "banda" que uso quando
não tenho uma banda. É uma colaboração estúdio entre mim e vocalistas, na sua
maioria convidados. Como vocalista tenho vindo a evoluir. Ter um vocalista que seja
apenas um cantor, aprimorando a sua arte durante anos tem sido a minha
preferência e que tenho a sorte de ter tido. Eles podem trazer muito mais
porque é isso que eles fizeram em toda a sua carreira musical. Eles têm cordas
vocais e riffs de anos de
apresentações ao vivo e em estúdio. Eu só canto a tempo inteiro há cerca de 4
anos. Portanto, por agora, V-Project está em segundo plano, uma vez que
coloquei todo o meu esforço nos Neon Alley.
Para
este novo projecto, era tua intenção, fazer reviver os power trios do Classic Rock?
Seria
ótimo responder sim a isso, mas realmente não o fiz. O power-trio foi apenas como a banda acabou. Assim que tivemos um
núcleo de músicos, Mike McDonald no baixo e ainda um outro baterista antes de
Scott Marion, (os nossos bateristas são como os do filme Spinal Tap, explodem… de
qualquer forma...) começamos a tocar em clubes, logo que conseguimos ter um
conjunto de temas que valesse a pena. Tinha toda a intenção, e até certo ponto ainda
tenho, de encontrar um vocalista. Também queria um segundo músico que pudesse dobrar
a guitarra e teclados, mas simplesmente não consegui encontrar ninguém que fosse
o que estávamos à procura. Portanto, assumi o posto de vocalista. E como
resultou muito bem como um trio, continuei.
Quando
Scotty entrou para a banda, acertamos e continuamos em frente. Para as
gravações em estúdio, conheço bem o processo, devido ao tempo de V-Project, por
isso limitei-me a reservar o estúdio para começar a gravar. Usava o dinheiro
dos espetáculos para pagar o estúdio assim que tivesse economizado o suficiente
para uma sessão. Portanto, os Neon Alley ainda têm espaço para crescer se tivermos
os músicos adequados.
O que
estás a tentar alcançar com Neon Alley que não tenhas conseguido com os V-Project?
Uau, nunca olhei
para isso dessa forma. Acho que teria que dizer o reconhecimento ou validação
como guitarrista e compositor.
V-Project
tem o meu nome por causa dos vocalistas do Lost
Demos CD. Esse foi o primeiro lançamento de V-Project. As pessoas ficaram surpreendidas
por verem vocalistas de renome como Robin McAuley e James Christian no mesmo CD
a cantar com uma "banda" da qual nunca tinham ouvido falar antes... e
quem diabo é esse David Vaccaro que consegue juntar todos esses nomes?
O álbum
Lost Demos recebeu ótimas críticas comentários
e a primeira edição tornou-se quase como uma peça de colecionador para os fãs
de rock melódico. Essa primeira
edição tinha uma aparência metálica como a face de um CD real. Cometi um erro na
impressão. É por isso que se pode chamar de primeira edição.
De
qualquer forma, as pessoas descobriram-me principalmente por causa dos cantores
em Lost Demos. E até certo ponto foi a
mesma coisa com o meu segundo álbum V-Project intitulado New Machine. Quando ouviam o álbum diziam: "Ei, isto é fixe".
Com
Alley Neon, já que não há músicos de nomeada a aparecer no CD, gostaria que os ouvintes
descobrissem que o CD se aguenta dentro do rock.
Sempre que lanço um novo CD seja Neon Alley, V-Project, ou qualquer outra
coisa, quero que as pessoas saibam que é algo onde coloquei muito esforço.
Quero que os fãs de bandas como Aerosmith, Led Zeppelin, ou qualquer outra
banda de rock straight-ahead, se
sintam bem quando ouvem o meu CD no carro.
Foquemo-nos
agora na tua estreia homónima - um grande álbum, de fato. Durante quanto tempo
trabalhaste nele?
Obrigado.
Nós começamos a gravar o CD há cerca de dois anos atrás. Nós os três entramos
num estúdio em Boston chamado Zippah Recording Studio. Fizemos uma sessão de
oito horas e gravamos todas as pistas básicas de todo o CD. Fizemos um ou dois takes de cada faixa. Basicamente, a
ideia era gravar apenas a bateria. E, depois, voltar mais tarde e fazer todas
as outras partes em cima.
Depois
de termos a bateria (o que incluiu alguns ajustes nos tempos), comecei a agendar
tempo, à medida que podia pagar para voltar e fazer as restantes partes.
Primeiro foi o baixo e guitarra ritmo, depois os solos e, finalmente os vocais.
Tentamos tocar tão juntos quanto possível. Mike e eu tocamos as nossas peças rítmicas
ao mesmo tempo, de modo a dar ao álbum um sentimento tão real quanto possível.
Levou
algum tempo até tudo ficar pronto e sinto que esta não é a melhor maneira de
fazer as coisas, mas tem algumas vantagens. A coisa mais importante foi poder
ouvir as faixas durante algum tempo antes de avançar. Começas a ouvir coisas
que precisam ser mudadas. Precisas voltar atrás e olhar para o que tens depois
de desaparecer a excitação de ouvir uma nova música gravada.
A
canção Got To Rock teve mudanças de
melodia e fraseado no refrão. Jailhouse
Rock foi editada para a tornar mais curta e All I Want também foi editada. Se eu não tivesse tido tempo para
rever as canções o projeto teria sido provavelmente mais longo para fazer
alterações que trariam grande gasto de tempo, esforço e dinheiro.
E
esta coleção de canções é nova ou foste buscar algumas ao teu passado?
São
tudo músicas novas, exceto a faixa dois, All
I Want. Esta é uma canção que gravei com outra banda que eu tinha nos anos
80 chamados Capital Gain. A letra e a melodia foram escritas pelo vocalista dos
Capital Gain cujo nome é Tom Corbett. Eu fiz a música e os arranjos. Sempre
gostei dessa música e na altura conseguimos algum airplay com ela em programas de rádio locais na área de Boston, mas
agora soava um pouco datada, pelo que mudei os arranjos e, como disse antes, cortei
algumas partes para a encurtar.
Como
escolheste os músicos que estão contigo neste novo projeto?
Conheço
o baixista Mike McDonald desde os dias dos Capital Gain e de uma versão muito
inicial da banda V-Project. Embora Mike não estivesse a tocar quando comecei a
formar o que se tornaria Neon Alley, pensei em perguntar-lhe primeiro para ver
se era algo que ele queria fazer. Primeiro disse que não, que estava muito
ocupado com outras coisas. Mas depois surpreendeu-me quando apareceu na minha
casa com um novo baixo e uma guitarra acústica. Tipo engraçado.
Scott
Marion é o segundo baterista que temos na banda. Inicialmente era um baterista
diferente que tinha contactado através de um site chamado Bandmix.com.
Esse baterista esteve connosco cerca de um ano. Depois, voltei ao Bandmix e desta vez encontrei Scott
Marion. Conversamos e as coisas pareciam ajustar-se para uma audição. Foi num estúdio
de ensaio em Summerville chamado The
Jamspot.
Scott
tinha estado numa banda de covers
semelhante na sua cidade, Detroit, e conhecia muitas das covers que fazemos, por isso, estivemos em jams durante algumas horas. As coisas pareciam ajustar-se e como Scott
estava interessado, ficou ele.
Começamos
ao mesmo tempo com covers e melodias
originais. Tocávamos covers para ganhar
dinheiro para pagar o tempo de estúdio. Após cerca de um ano percebi que estava
na altura de começar a gravar. Comecei por mostrar a Mike e Scott as faixas que
queria gravar. Também começamos a tocar algumas das novas canções ao vivo. Um
dos nossos fãs chamou uma de That's How It Is. Dissemos às pessoas que íamos tocar ao vivo pela primeira vez uma
nova canção em que estávamos a trabalhar e que ainda não tínhamos um nome para ela.
Quando terminamos, perguntei: "como acham que se deve chamar?", e uma
rapariga gritou: "That’s How It Is”.
Para mim soou bem, por isso ficou assim.
A
mítica Jailhouse Rock foi
escolhida para surgir aqui com uma versão. Porque escolheram esse tema?
Acreditas
que era suposto ser um original? (risos) Comecei a trabalhar na canção quando
recebi o riff para o arranjo ritmo. Ia
escrever as minhas próprias palavras e todo o resto. Por alguma razão, comecei
a usar a letra de Jailhouse Rock como
um local reservado. Assim como forma de mapear as partes da canção. Ok, o verso vai aqui, pré-refrão aqui,
etc. Dispus a música inteira assim. Acho que tenho preguiça, porque estava a pensar:
“isto parece estar a funcionar muito bem, por que mudar?” Portanto, deixei
assim.
Na
verdade, há um verso inteiro no final que não está incluído. Quando fui
verificar a letra, descobri que havia um outro verso, mas adicionando esse verso
sobre Shifty Henry and Bugs, haveria
uma pausa e a canção duraria muito tempo, portanto cortei-o. Ora, se os Van
Halen puderam deixar de fora uma seção da sua cover de Pretty Woman, eu também posso eliminar um verso de Jailhouse Rock. (risos) Como se vê Jailhouse Rock está a tornar-se uma das
faixas fortes do CD. Temos recebido uma grande resposta sobre esse tema.
Dos
dois primeiros singles, That’s
How It Is e I Only Want To Be With
You, fizeram vídeos com a colaboração de
Vladimir Minuty. Como foi essa experiência?
Foi
uma experiência muito fixe. Encontramos Vladimir numa lista de produtores e
realizadores de cinema da região de Boston. Começamos por verificar os seus sites e ver um pouco do trabalho que
tinha feito. E gostamos muito do seu trabalho. O seu port-folio online inclui alguns comerciais que ele tinha feito para
a Nike e Netflix, vários dos quais já tinha visto na televisão. Depois de termos
falado com alguns produtores, escolhemos Vlad por causa de seu trabalho e
devido ao facto de ele estar com vontade de fazer um vídeo rock.
Enviamos-lhe
as duas faixas que tínhamos escolhido para vídeos e ele apresentou alguns
conceitos para cada canção. Escolhemos as ideias que mais gostávamos e, em
seguida, trabalhamos os detalhes com Vlad.
Uma
das coisas que realmente gosto em Vlad (e eu acho que ele mostra a sua obra), é
que ele é um artista. Ele foi para a faculdade de arte mas, a determinada
altura, saltou para os filmes. Sinto que é importante vermos um realizador que
é bom do ponto de vista técnico. Vlad pode imaginar na sua mente o que quer fazer
e depois tem o know-how técnico para
conseguir o que quer.
Fizemos
ambos os vídeos ao longo de um fim de semana. That’s How It Is no sábado e I Only Want To Be With You no domingo. A equipa de Vlad foi impressionante e toda a filmagem do vídeo de That’s How It Is foi como uma linha de
montagem. Um conjunto estava a ser preparado enquanto a equipa filmava o set atual. Terminavam um set, passavam ao próximo, e foi assim o
dia inteiro. Começámos às 7:00 e só terminamos cerca das 22:30. Um longo dia,
mas muito fixe, especialmente porque tivemos a oportunidade de conhecer todos
os atores e modelos. Temos algumas fotos para postar na nossa página de Facebook.
Falando
de Facebook, a página é Facebook.com/neonalley. Digo isto porque
há um canal de televisão de desenhos animados como o mesmo nome da banda. Isso
ajudar-vos-á a ir direito à nossa página, onde poderão ver o vídeo de That’s How It Is. O vídeo é uma
combinação de Sci-fi e Realidade
Virtual. É um pouco diferente. Também podem encontrar o vídeo no Youtube. Vou ajudar-vos aqui também. Uma
vez que existe a tal empresa de banda desenhada também chamada Neon Alley,
terão que procurar com o nome da banda e o nome da música: Neon Alley – That’s How It Is. Se fizerem assim ele surge logo no
topo. Se não fizerem, irão receber todos os tipos de desenhos animados e loucas
animações (gargalhadas).
Próximos
passos para os Neon Alley? O que tens previsto?
Agora
estamos a tocar no circuito de clubes do centro de Massachusetts. E estamos
mais entrosados como banda. O lançamento do CD e dos vídeos acho que
surpreendeu muita gente que via os Neon Alley apenas como uma banda de bares a
tocar covers, não percebendo que
algumas das músicas que tocávamos são nossas. E ainda somos uma banda de bar a trabalhar
arduamente. Esforçamo-nos sempre para tentar fazer o melhor espetáculo que
pudermos. Mas agora, com o lançamento do CD, podemos começar a trazer mais da
nossa própria música para os nossos espetáculos, bem como abrir para nomes maiores
que vêm à cidade.
Eu
também já tenho muito material para outro CD de Neon Alley. Portanto, provavelmente
irei começar a trabalhar nisso e mostrá-lo à banda para ver como soa.
Muito
obrigado, David! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado
Pedro por me teres dado esta oportunidade de falar contigo e com os teus leitores.
Acho que o que eu gostaria de dizer aos teus leitores é que Neon Alley é uma
banda que está numa fase inicial. Tivemos um orçamento apertado para fazer o
álbum e os vídeos. Algumas pessoas ainda trabalham de graça. Não há aqui produtores
de grande nome e de alto brilho. Ao vivo tento apresentar os Neon Alley da
maneira mais básica possível. É verdade, temos alguns overdubs como teclados, etc que não podemos fazer ao vivo, mas é uma
coisa mínima. O que está aqui, porém, é tão real e tão honesto como eu posso
dar às pessoas.
As
minhas raízes vêm de uma época em que música e as bandas eram tudo. Nós trazemos
para este novo disco os Zeppelin, Stones, Joe Walsh, Bowie, ou quem quer que
fosse a tua banda favorita.
Muita
da magia parece ter-se ido embora atualmente e as gravações parecem ter perdido
muito do seu caráter a ponto de soar estéril. Eu tentei o melhor que pude com
Neon Alley (e com todos os meus lançamentos de V-Project) para trazer de volta
um pouco do que foi, sem soar como se estivesse a viver no passado. Espero que
os leitores ouçam o CD e verifiquem o que eu estou a tentar fazer e se gostarem
do que ouvem, por favor comprem o CD para nos apoiar e espalhem o nome Neon Alley.
Rock Always!
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