Durante
os anos 70 os Kaipa destacaram-se como um dos mais importantes nomes suecos da
cena progressiva e sinfónica. Na altura estava lá um tal de Roine Stolt – esse mesmo,
dos atuais The Flower Kings e Transatlantic, entre outros. Muitos anos se
passaram e sempre ouvimos falar dos Kaipa, apesar de ser apenas um elemento a
continuar a banda. Agora, mais de três décadas depois, Stolt e mais dois
membros regressam aos originais sob a forma de Kaipa DaCapo, para evitar
conflitos inúteis em torno de um nome. Foram estas alguns dos assuntos
conversados com o mítico guitarrista e vocalista sueco.
Olá Roine, tudo bem? Como te sentes de regresso aos álbuns com
os KDC depois de 35 anos de ausência?
Oh - é muito fixe - é bom voltar a conectar. Conheço
estas pessoas desde os meus 17 anos! E vou gostar disto enquanto puder – pelo
menos até começarmos a atirar coisas uns aos outros. (risos). A sério, estes
dias têm sido mais divertidos. Kaipa é relativamente menor que as minhas outras
bandas, The Flower Kings e Transatlantic. Da mesma forma, talvez seja estranho
ver-me fazer estes espectáculos low
profile, após as colaborações "triunfantes" do ano passado com
Steve Hackett (85 espetáculos) e com Jon Anderson dos YES, mas é tudo música e
eu toco pela música. Às vezes a audiência é maior, outras vezes é menor. Mas em
palco, numa boa noite, quando tudo está no sítio certo, é uma forma de viver.
(Acho que pessoas como o Tony Levin entendem e concordam com o que estou a
dizer - 50 pessoas ou 5000 - tudo bem. São pessoas - e a arte real manifesta-se
a qualquer hora e em qualquer lugar.)
Quando foi lançado este teu último álbum?
Acabamos de lançar Dårskapens Monotoni em meados de outubro. Estamos extremamente
satisfeitos com o resultado e felizmente temos tido boas reviews.
Quantos membros estão agora da banda original?
Somos três membros da banda original: Ingemar
Bergman (bateria), Tomas Eriksson (baixo) e eu (guitarras e vocais).
Quanto aos outros elementos? Quem foi escolhido para ocupar os
outros lugares?
Temos Max Lorentz nos teclados - e há muitos,
órgãos Hammond, pianos elétricos e
acústicos, Moog, Mellotron, Poly-synths, Accordions, Pipe Organ - e vocais. Mais o meu irmão Michael Stolt nas guitarras,
Moog e vocal principal.
Durante todos estes anos tem havido uma banda chamada Kaipa que
tem lançado alguns álbuns. Existe alguma ligação com este coletivo?
Isso é, na verdade, apenas o teclista original com alguns
músicos de estúdio (eles nunca tocaram ao vivo). O que aconteceu foi que ele
foi rápido e registou o nome da banda Kaipa - com toda a honestidade, ele era
um dos membros originais. Era apenas um elemento daquela banda. Nós não quisemos
entrar em conflito, como acontece com tantas outras bandas, a respeito de um
nome. Por isso chamamos a esta banda nova Kaipa DaCapo – que são 3 dos membros
originais. É como se Paul, Ringo e George dos Beatles se tivessem chamado The
Beatles DaCapo porque John Lennon utilizou o nome de The Beatles (risos).
O álbum é totalmente cantado em sueco. Por que decidiram ir
por esse caminho?
Na década de 70 cantávamos em sueco. Tentamos
torná-lo mais original já que actualmente há muitas bandas prog a cantar em Inglês. Percebemos ultimamente que existem algumas
bandas a tentar imitar o som dos The Flower Kings ou Transatlantic, o que é lisonjeiro
Mas sentimos que Kaipa deveria, se possível, ser um pouco diferente. Avançamos para
tentar desenvolver o nosso próprio estilo distintivo - incorporamos um pouco de
música folclórica sueca, algum jazz e
clássico - de modo que se torna bastante complexo, mas ainda com algumas
canções pop e riffs de metal direto também
lá presentes.
Esta coleção de sete músicas é totalmente nova ou recolheram alguma
do vosso passado?
As músicas do novo álbum - Dårskapens Monotoni - são todas novas canções, escritas em 2016. Mas,
ao vivo, tocamos muitas músicas antigas dos anos 70 - clássicos como Skenet Bedrar, Sist på Plan, Korståg, Total Förvirring, Inget Nytt Sob Solen. As novas canções vão desenvolver-se bem ao
vivo - já tocamos algumas e foi ótimo - estão a crescer em nós e espero que também
para a audiência.
Este álbum tem um som muito orgânico. Como foi o processo de
gravação?
Tentamos entrar em estúdio com as demos refinadas – mas ainda houve espaço
para que todos contribuíssem. O próprio estúdio tem um gravador de bobina, por
isso gravamos muito como se fazia no final dos anos 60 e início dos anos 70 -
com toda a banda a tocar de forma livre na sala de estúdio. Sentimos que somos
melhores quando não somos controlados por metrónomos ou computadores – limitamo-nos
a tocar ao vivo de forma muito orgânica. No final, podemos tirar proveito dos
programas de edição que o Pro Tools e
o mundo dos computadores fornecem. Na mistura tentei ficar longe de muito
processamento e compressão - por isso é muito mais dinâmico do que a maioria
dos novos álbuns prog. Soa muito bem
quando toca alto numa boa aparelhagem de som. Também usamos muito mais espaço
para a bateria, em vez de reverbs
artificiais. Como os Zeppelin e os Queen fizeram. Sentimos que somos mais uma
banda desse tipo - não liso, não muito técnico, mas com muito nice vibe e um som próprio.
Prontos para ir para palco com essa
banda novamente? O que está planeado para os próximos tempos?
Na verdade, estaremos numa tournée de três semanas pela Europa a começar em fevereiro. Será
muito divertido e agradável tocar o novo álbum e as músicas antigas pela
primeira vez em tournée em algumas
cidades da Europa. Temos uma grande equipa de estrada e o lado técnico está agora
bastante mais fácil para recriar as grandes texturas sinfónicas dos álbuns.
Para a tournée também temos um
teclista convidado, Lalle Larsson (dos Karmakanic), que é um monstro absoluto e
um tipo fantástico. Portanto, será muito especial. Confiram este link para ver as datas da tournée.
Muito obrigado Roine! Queres
acrescentar mais alguma coisa?
Para aqueles que puderem ver os espectáculos - a
maioria será em clubes, mas vai soar enorme!!!
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