António Côrte-Real é um homem do rock que compõe
muito. Mas muito do que escreve não tem lugar no seu grupo, os UHF, daí a
necessidade de se expandir criativamente. E fá-lo com a União das Tribos que regressa
com Amanhã, um disco de rock com uma costela acústica acentuada, onde estreia um
novo vocalista e junta um notável naipe de convidados. Foi o próprio António
Côrte-Real que nos explicou o que há de novo nesta tribo.
Olá António, tudo bem? Regresso aos discos com Amanhã. Qual é o
sentimento geral com este novo lançamento?
Olá, connosco está tudo ok, obrigado. O lançamento do disco correu muito bem, tivemos uma
noite de sonho em Almada dia 11 passado com a presença do Tim, Anjos e António
Manuel Ribeiro e o disco entrou diretamente para 9º lugar do Top Nacional. Tudo isto nos motiva e dá
força. O sentimento que paira sobre nós é de acreditar, acreditar que é
possível viver o sonho.
Mas, se me permitem ir um pouco mais atrás, o que
vos motivou a criar este projeto?
O projeto parte de mim, que componho muito e muito
daquilo que componho não tem espaço dentro do som dos UHF. Assim fica a
necessidade de juntar gente à volta das canções para as tocar e cantar. O
processo natural que se segue é querer tocar ao vivo, gravar, etc. Depois tudo vai
acontecendo de uma forma natural.
De que forma as bandas de onde vocês têm origem
influenciaram o vosso percurso enquanto União das Tribos?
Naturalmente que as nossas bandas de origem
influenciam o nosso som. São muitos anos na estrada e em estúdios a tocar
aquilo que queremos e gostamos. Depois, sabes que o rock não é uma moda, é um modo de vida e é algo que está dentro de
nós.
Uma das grandes novidades é a estreia de um novo
vocalista. Como foi a sua adaptação aos temas e à banda?
Muito fácil. Tudo aconteceu rapidamente. Fizemos
primeiro alguns ensaio acústicos para percebermos se teríamos de mudar os tons
às canções, mas não foi necessário. Houve uma adaptação natural, pois o Mauro
tem a sua identidade própria e vinca-a bem no seu modo de cantar. E é isso que
nós queremos, queremos o contributo de todos. As coisas podem ter origem num
guitarrista e numa guitarra numa sala em Almada, mas o que enriquece, dá corpo
e expressão à canção é o contributo de todos.
O Mauro já teve oportunidade de colaborar na
criação deste conjunto de temas?
Sim. A canção O
Tempo é Agora. Um rock a meio
tempo, com uma grande toada blues e
uma letra sensual e sexy. Termina com
um extenso solo de guitarra improvisado em estúdio, daqueles que já ninguém
grava. Não está na moda. Nós gravámos.
Um dos aspetos que mais salta à vista é a lista de
gente ilustre que participa neste disco. É uma honra para a Tribo poder contar
com estes elementos?
É a maior honra. À partida parecia-nos impossível
conseguir juntar esta gente toda. Mas como me ensinaram, quando era pequenino,
que não há impossíveis, fomos à procura. Ficámos felizes, porque conforme íamos
"batendo às portas" as pessoas iam dizendo que sim. Juntar no mesmo
disco os vocalistas dos UHF, Xutos e Delfins e ainda o Carlão, os Anjos e a
Mafalda Arnauth vai ficar para sempre na nossa história.
Foi fácil conseguir juntar todos esses nomes?
Como disse na pergunta anterior, parecia impossível à
partida. A luta aqui passava por contactar as pessoas e fazer a pergunta.
Portanto, foi o que fizemos e a resposta está neste disco de que tanto nos
orgulhamos.
E é curioso vermos o Miguel Ângelo ou o António
Manuel Ribeiro a cantarem versões de temas que os consagraram… Como reagiram
eles?
O Miguel Ângelo achou muita piada ao beat e às guitarras da versão. Ficou um
bocado reticente à primeira, porque a sonoridade é diferente da dele, mas
depois, mais tarde disse que sim e fizemos uma sessão brilhante de estúdio em
que ele gravou tudo perfeito à primeira. O António Manuel Ribeiro também.
Quando chegou a estúdio disse que a nossa forma de tocar parecia Metallica e
gravou também ao primeiro take. Só Eu Sei Porquê é um "lado B"
dos UHF. É uma daquelas canções que só mesmo os fãs conhecem mas que tem uma
mensagem sentida e critica sobre o que é ser artista em Portugal.
O disco acaba por ser suficientemente
diversificado, mas salta à vista o recurso às guitarras acústicas como
contraponto com os riffs rock. Sentem-se melhor em qual dos campos?
Nos dois. A maioria das canções da União são compostas
a guitarra acústica e depois levadas para o elétrico. Neste disco optámos por
mostrar os dois lados da banda. Metade mais pesado e a outra metade mais
acústica.
Por outro lado, o final é feito com uma mood completamente
diferente. De onde veio a inspiração para Bluesy?
A base foi composta exatamente como as outras, numa
sala em Almada com uma guitarra acústica no silêncio da madrugada. Em estúdio
gravei um take de guitarra e depois
fomos chamando os músicos um a um e todos gravaram de improviso. Deu o que se
pode ouvir no cd. É uma música completamente pura e despida de qualquer
produção. É pura.
Mas já tem tornado um hábito, uma vez que o vosso
primeiro disco também fechava assim…
É verdade. E o EP que lançámos em 2015 também. Mas
desta vez improvisámos e isso dá uma energia diferente à música.
Também recuperam alguns temas do EP anterior.
Sofreram algumas alterações/adaptações?
Nos primeiros ensaios com o Mauro percebemos que Viver Assim até funciona melhor em
acústico do que em elétrico. Depois, quando o Tó Zé apareceu com a harmónica,
decidimos os três que tínhamos de a gravar para o disco. És Como És, que já tinha sido gravada numa versão mais blues no primeiro disco, conta neste
novo trabalho com a voz dos Anjos. Resolvemos regravar a canção numa onda mais pop, recorrendo a guitarras acústicas e
a uma secção de cordas dirigida pelo Jorge Moniz e com um arranjo brilhante
escrito pelo Maestro Cristiano Silva.
Como estamos em termos de agenda no que diz
respeito a apresentações ao vivo?
Já de seguida vamos passar pelas lojas Fnac, começando
em Almada no dia 3 de março e depois vamos até Cascais, Colombo, Alfragide,
Algarve e Vasco da Gama. Vamos fazer pequenos Showcases tocando exclusivamente o novo álbum. Em março temos mais
um grande concerto com convidados, dia 28, no Fórum Luisa Todi em Setúbal.
Neste espetáculo teremos connosco a Mafalda Arnauth, António Manuel Ribeiro e o
Miguel Ângelo.
Obrigado António! Queres acrescentar mais alguma
coisa?
Obrigado pelo espaço de divulgação. Continuem a fazer
o que fazem pois é muito importante para a música e para os músicos
Portugueses.
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