Entrevista: cult.urb_viseu.fest

Durante abril, Viseu será a capital nacional da cultura urbana com a realização da segunda edição do festival cult.urb_viseu.fest. Este festival consiste num conjunto de eventos que, ao longo de todo o mês e através de uma mescla dos conceitos de cultura e de cidade, pretendem contribuir para uma oferta cultural pertinente e com consistência. O festival é organizado pela Acrítica Cooperativa Cultural e decorrerá no seu espaço Carmo’81. Carlos Salvador fez-nos a antevisão do que será a edição deste ano que começa amanhã e se prolongará até ao dia 30 de abril.

Olá, tudo bem? Para começar, em que consiste este evento e que objetivos se propõem atingir com o mesmo?
O cult.urb_viseu.fest é um conjunto de eventos que vão ter lugar ao longo de todo o mês de abril. Chamámos-lhe festival de cultura urbana porque é estruturado numa série de linguagens artísticas eminentemente urbanas, a saber: música cinema, arquitetura, literatura, fotografia e pintura, edição de autor, etc. Pretendemos alargar o alcance do nosso trabalho regular de programação ao longo do ano, queremos ajudar a criar rotinas no público que já tem hábitos culturais, mas também criar novos públicos.

E quem está por trás desta organização?
Este festival de cultura urbana é organizado pela Acrítica Cooperativa Cultural, que tem sede no Carmo’81, espaço onde vai acontecer o cult.urb_viseu.fest e que recebe todos os nossos eventos ao longo do ano.

Sendo esta já a 2ª edição, que novidades apresentam em relação à edição de estreia?
Este ano quisemos apostar fortemente numa programação musical que desse estrutura aos restantes eventos. No ano anterior tivemos projetos musicais de muita qualidade como Capitão Fausto, Volcano Skin, DJ White Haus, Dj João Semedo e Chaputa Records, mas este ano quisemos trazer nomes que pudessem dar uma escala nacional ao festival. Para além disso mantivemos alguns workshops para crianças e jovens e trouxemos para o festival o conceito de masterclass.

Em função da resposta do público na primeira edição, quais os objetivos que pretendem atingir este ano?
Os nossos objetivos em relação à adesão do público são adequados à escala do Carmo’81. Os nossos concertos são para 100 pessoas e as sessões de cinema e masterclasses são para 50 pessoas. No ano anterior o público esgotou todos os eventos e é isso que esperamos também este ano.

Um dos aspetos mais relevantes neste festival é a sua vertente multidimensional. De que forma se repercute isso este ano?
Tal como já referimos, este festival vive da diversidade de linguagens artísticas como a música, o cinema, a arquitetura, a literatura, a fotografia e pintura de retrato, a edição de autor e outras. Com isso pretendemos chegar a públicos diferentes, mas também atribuir um caráter global ao conceito de cultura urbana e de cidade.

Em termos de cartaz, como é feita a gestão a esse nível? Apostam mais em nomes locais/regionais ou não? Ou em nomes com maior ou menor projeção nacional?
À semelhança da edição do ano passado e também no que diz respeito à nossa programação ao longo do ano, apostamos sempre em nomes e projetos locais. Não vemos isso como uma obrigação mas como uma estratégia que, no entanto, está sempre sujeita ao critério da qualidade e da linha estética que pretendemos seguir. Os nomes de maior projeção nacional enriquecem o festival com qualidade e permitem chegar a outros meios e comunicação, dando uma amplitude muito maior ao nosso trabalho.

Falando mais detalhadamente do cartaz, o que nos apresentam este ano?
Na programação musical vamos ter PAUS, Mirror People, White Haus, Memória de Peixe, Riding Pânico, DJ Quesadilla, DJ Rui Maia e DJ João Vieira. Apostamos ainda em dois projetos locais que são os Galo Cant’às Duas e Lugatte Baterista. Apresentamos também uma belíssima série de masterclasses com Rui Zink, João Salaviza, Pedro Gadanho e Maria João Fonseca. Ainda duas residências artísticas, uma com a Margarida Fleming e outra envolvendo os residentes e lojistas da (nossa) Rua do Carmo, no centro histórico da cidade, com John Gallo e L Filipe dos Santos. Faremos ainda uma Feira do Livro Usado e apresentaremos dois fanzines com os autores e editores presentes. Mantemos a parceria com o Shortcutz Viseu e a realização da Mostra Internacional de Fanzines e Edições de Autor.

As edições de autor voltam, portanto, a ter um especial destaque este ano. Com o que poderão contar os visitantes?
A aposta na edição de autor é um caminho que já é percorrido pelo Carmo’81 na sua rotina de programação diária. O Carmo’81 é um espaço onde estão disponíveis para venda ou consulta uma série bastante interessantes de edições de autor, quer no formato fanzine, quer noutros. Somos um ponto de venda de publicações regulares de caráter alternativo e ainda do jornal do Cine Clube de Viseu e das nossas próprias edições. No cult.urb_viseu.fest deste ano apresentamos mais uma edição da Flanzine com o João Pedro Azul e ainda o 2º número do nosso fanzine Karma com a Inês Flor. Para além disso teremos a II Mostra Internacional de Fanzines e Edições de Autor, com cerca de 300 edições vindas de todos os continentes.

Falta ainda falar do espaço físico onde decorrerá este evento. Seguramente, face à tal multidisciplinaridade, estará um pouco espalhado pela cidade de Viseu. Mas haverá algum ponto mais central?
O festival acontece no Carmo’81, a sede da nossa cooperativa, que é um espaço indoor, com 5 salas com várias valências e ainda um pátio ao ar livre, onde, por curiosidade, ‘vive’ o nosso lince ibérico, que nos foi deixado pelo Bordalo II no contexto do cult.urb_viseu.fest do ano passado.

Em termos de apoios, têm sentido que as entidades (públicas ou privadas) da região têm acarinhado este projeto?
O Carmo’81 é um projeto que programa com regularidade ao longo de todo o ano. Em 2016 tivemos 117 eventos. Temos trabalho com capitais e risco próprios. Queremos começar agora, depois de mostrarmos do que somos capazes, a difícil caminhada dos apoios e parcerias. No caso específico do projeto cult.urb_viseu.fest, e só neste mês de Abril, seremos apoiados em 55% pelo Município de Viseu.

Obrigado! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Estamos presentes online em todas as plataformas, nomeadamente no nosso website (carmo81.pt), no Instagram, Twitter e Facebook. Basta procurar por Carmo’81.

Comentários

DISCO DA SEMANA #47 VN2000: Act III: Pareidolia Of Depravity (ADAMANTRA) (Inverse Records)

MÚSICA DA SEMANA #47 VN2000: White Lies (INFRINGEMENT) (Crime Records/We Låve Records)

GRUPO DO MÊS #11 VN2000: Earth Drive (Raging Planet Records)