Segundo o próprio Jeff Aug, o disco homónimo dos
Ape Shifter foi trabalhado ao longo de toda a sua vida. O guitarrista americano
que reside na Alemanha estreia-se, assim, com um novo projeto e um novo formato
– em trio a fazer rock instrumental. Até porque a demanda por um vocalista e um guitarrista
ritmo não resultou. Contingência ou não, Ape Shifter, o álbum, está aí e foi bem aceite. Ainda a cumprir as datas da sua tour pela Alemanha, o guitarrista falou com Via
Nocturna.
Viva, Jeff! Podes contar-nos como surgem os Ape
Shifter e com que objetivos criaste este projeto?
Depois de concluir as faixas para o
álbum Is This Hyperreal? dos Atari
Teenage Riot, tive a súbita vontade de pegar em grande parte do material no
qual estava a trabalhar e arranjá-lo para guitarra, baixo e bateria. Uma vez
que não tinha cantor, não tive outra possibilidade se não fazer os arranjos
como instrumentais. Não ia ficar na sala de ensaios à espera que algum cantor
mágico caísse do céu.
Então não foi tua intenção, desde o início, fazer
um álbum totalmente instrumental? Foi uma contingência?
Se eu tivesse um cantor, já estaria a
trabalhar com ele, mas não fui tão intencional em relação a fazer um álbum
totalmente instrumental. Como agente, trabalho com muitos instrumentistas
(Allan Holdsworth, Carl Verheyen, Ewan Dobson, Terry Bozzio, Alex Skolnick,
Preston Reed, Soft Machine, etc ...), portanto nem pestanejei quando a decisão caiu
para fazer isso instrumentalmente. Além disso, sou um grande fã dos Karma To
Burn, e eles deram-me a inspiração para dizer, isto pode ser feito.
Sei que já estás na Alemanha há alguns anos. De que
forma esse país te inspirou na criação de Ape Shifter?
Se eu nunca me tivesse mudado para a
Alemanha, nunca teria começado uma agência de booking. Começar essa agência deu-me a oportunidade de trabalhar
com grandes instrumentistas. Esses instrumentistas inspiraram-me a dizer, o rock instrumental pode ser feito.
Durante quanto tempo trabalhaste neste álbum?
Toda a minha vida.
Como decorreram os processos de composição e gravação?
Originalmente compus para bateria,
baixo e duas guitarras. Depois de ensaiar com Kurty e Florian, e percebendo que
não iria encontrar um guitarrista ritmo que me satisfizesse, decidi retrabalhar
as peças de guitarra para que pudessem ser tocadas apenas com uma guitarra.
Para a gravação, sabia antecipadamente que queria ter todos os músicos na mesma
sala para tocar e gravar ao mesmo tempo (ou seja, sem punch-ins ou overdubs).
Joe Walsh disse que a música gravada perdeu-se com as autocorreções, pro-tools, loops, etc... Eu quis criar uma gravação autêntica.
Até o final deste mês continuas em tournée pela Alemanha,
tendo já passado pela Holanda. Como têm ido as coisas?
Temos explodido com todas as
audiências e estamos prontos para continuar a rockar.
Ao longo da tua carreira, já lançaste álbuns de punk, rock e até mesmo de guitarra acústica. Agora um álbum
instrumental elétrico. O que virá em seguida?
Já temos material suficiente para o próximo
álbum dos Ape Shifter. Também estou a planear uma gravação em estúdio com meu
duo de country rock acústico Dead
Tuna (com a lenda alemã da harmónica Hans Penzoldt).
Falando desses álbuns, como estão as outras bandas,
como Sorry About You Daughter e Banana Pell Buzz?
Viva, estão todas mortas,
disfuncionais e caíram no abismo do rock
‘n’ roll, mas através das suas gravações, irão resistir ao teste do tempo.
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