25 anos! Foram duas dezenas e meia de anos a rockar em português. Com
momentos bons e outros menos bons. Mas os Alcoolémia estão aí, renascidos, com
sangue novo. E ao mesmo tempo que olham para o futuro não esquecem o trajeto
que os trouxe até e aqui e celebram com uma série de amigos esse percurso. Manelito,
figura mítica da nossa história rockeira
é o motor que faz andar esta banda. E é ele que connosco fala sobre todos estes
assuntos, a começar pelo seu mais recente disco XXV Anos.
Olá Manelito, tudo bem? Antes de mais, parabéns
pela vossa longa e bem-sucedida carreira. Olhando para trás, pode afirmar-se
que valeu bem a pena…
Sim, sem quaisquer dúvidas, tivemos problemas que acho
que são perfeitamente normais neste ramo com a banda, mas tendo em conta que
entrámos no meio musical tipo gatinhos
acabados de nascer com os olhos fechados as coisas até que não correram assim
tão mal, em que fomos aprendendo com os nossos erros, fruto da nossa
inexperiência, por vezes das nossas opções, o cair, levantar de seguida, e ter
a capacidade de continuar e poder estar nos dias de hoje a comemorar 25 anos, sim
valeu a pena, embora se pudesse alterar algumas coisas no passado voltava para
fazer outras opções...
Ainda numa espécie de retrospetiva, quais pensam
que foram os vossos momentos mais altos?
Os momentos mais altos inquestionavelmente em termos
de conquistas, afirmação, sucesso, prémios, foi durante a primeira década de
vida, embora neste momento a banda esteja ao seu melhor nível, isso posso
garantir e defendo com unhas e dentes, venha quem vier.
E tiveram momentos menos bons – daqueles onde
apetece parar tudo…?
Os momentos menos bons vieram no seguimento dos
problemas com a editora Movieplay que lançou os 3 primeiros álbuns que nos encostou
literalmente na prateleira a seguir a termos lançado o álbum acústico Até Onde em finais de 1998. Foi uma boa
aposta a nível de produtor, o inglês Jonathan Miller, foi gravado nos estúdios
Namouche e no Um Só Céu, tivemos alguns convidados, fizemos promoção, gravámos o videoclipe do tema Quero Protestar mas apesar disso tudo o
álbum não vendeu tantos exemplares como os 2 primeiros álbuns o Não Sei Se Mereço de 1995 e Não Há Tretas de 1997. Nunca nos passou
pela cabeça parar tudo nesses momentos menos bons, não desistimos, mas alguns
que comigo começaram esta caminhada, deixaram de acreditar, não estavam
preparados para este tropeção, alguns até influenciados por terceiros que lhes impingiam
que não havia futuro. Não souberam pensar pela sua própria cabeça e hoje até
podem estar arrependidos mas a vida é assim e quanto a isso só posso
acrescentar que dos fracos não reza a história e a banda está no acivo para o
que der e vier.
Olhando para a vossa produção discográfica,
verifica-se que têm três álbuns entre 1995 e 1998 mas, depois só volta a haver
uma gravação em 2007. O que se passou neste entretanto?
Nós por volta de 2001 ainda apresentámos uma demo à editora com alguns temas, mas não
houve interesse algum por parte da editora na edição dos mesmos. Começaram
apostar em bandas que cantavam em inglês, e quanto a nós era um silêncio,
optando por lançar 3 temas Não Sei Se
Mereço, o Quero Protestar e o Portugal o Nosso País em 3 coletâneas
diferentes, já somente em 2004, e andámos ali numa situação que não desejo a
ninguém, que nos fez perder bastante, uma banda que não lança álbum, não faz
promoção, não aparece nos media, para
o público que nos acompanhava originou rumores que a banda acabou, mesmo com a
banda a tocar ao vivo. Só em 2005 nos conseguimos desvincular do contrato com a
Movieplay e finalmente em 2007 retomar as edições com o lançamento do nosso 4º
álbum Alcoolémia já por outra editora.
Durante todo este tempo de carreira devem ter
alguma história bizarra que vos tenha acontecido, ainda por cima com um nome
como Alcoolémia… Querem compartilhar com os
nossos leitores?
Não dá para fugir, histórias bizarras até que não,
temos sim é quase sempre aquela pergunta da praxe se nos chamamos Alcoolémia
veneramos o álcool, e gostamos de beber bastante etc etc, só rir. Atualmente na
formação que temos ninguém bebe, é tudo boa gente e com juízo. Mau é algumas
pessoas que não nos conhecem servem-se do nome para nos associar a problemas,
retirarem-nos crédito e digo mais, em várias alturas da nossa existência fomos
aconselhados a mudar de nome, mas nunca cedemos até aos dias de hoje.
A forma de comemorarem estes 25 anos foi com a
edição desta compilação. Quando surgiu a ideia de trabalhar num trabalho deste
género?
Em meados de 2016 começámos a trocar ideias para
comemorar os nossos 25 anos tínhamos que fazer algo diferente do que tínhamos
feito até aqui, e a melhor ideia que surgiu entre nós, foi pegar nos temas que
ao longo dos anos sentimos mais feedback
positivo através do público nos nossos espetáculos ao vivo e conciliar com as escolhas
dos atuais elementos da banda.
De facto, os convidados que apresentam ajudam os
vossos grandes temas a ganharem uma vida nova. Como se processou a sua escolha?
Nós tivemos algum cuidado nas escolhas, conhecíamos o
trabalho feito dos convidados e sabíamos de antemão as qualidades de cada um,
foi uma questão de encaixar a voz no tema certo tendo em atenção a letra a cadência
do tema para se tirar o melhor resultado possível para ficarmos tanto a banda
como o convidado em si satisfeitos com os resultados. Quero aproveitar e
agradecer aqui publicamente a todos os convidados do Alcoolémia XXV Anos. Sem as suas participações o álbum não teria o
mesmo valor e significado para nós.
Curiosamente, apenas um tema não tem um convidado
que é Batam com a Cabeça no Chão. Porquê?
Inicialmente pensámos num convidado específico para o
tema, mas devido a problemas de saúde e por estar em tratamentos, ele agradeceu
mas declinou o convite, nós compreendemos e acabámos por não convidar mais
ninguém, com muita pena nossa, mas era tanta coisa ao mesmo tempo, que caiu no
esquecimento. Mas quem sabe se conseguirmos esgotar a primeira edição não seja o
motivo para fazer o convite outra vez e desta vez pelas melhoras que nós
sabemos que teve, e ainda bem, aceite o convite desta vez.
Em termos de originais já não há nada de novo desde
2014. Para quando o sucessor de Palma da Mão?
O sucessor de Palma
da Mão está a ser trabalhado. Neste momento já existem algumas ideias para temas, algumas até já com letra e
música, e só estamos aguardar que haja disponibilidade e condições para voltar
para o estúdio e começar a trabalhar a 100% nisso. Para já a prioridade é a
promoção deste álbum XXV Anos que
saiu para o mercado em junho passado. A promoção a sério vai arrancar este mês
de setembro, e já temos algumas coisas marcadas, datas de showcases nas Fnac´s, entrevistas em Rádios, e também Tv´s.
A língua portuguesa continua sempre a ser a vossa
aposta? De que forma isso afectou ou não a vossa internacionalização ou esse
aspeto não foi prioritário para os Alcoolémia?
Os Alcoolémia nunca pensaram em internacionalização, nem
tão pouco que iríamos estar no panorama musical neste momento com 25 anos em
cima. Éramos apenas um grupo de amigos que comprou uns instrumentos e se
divertiam juntos a tocar, sem objetivos concretos. O cantar em português surge
pelas influências dos membros iniciais da banda, da sonoridade que estávamos na
altura a desenvolver e que encaixava. A ajudar também nisso é que o primeiro
vocalista a cantar em inglês não se tinha safo tão bem como se veio a confirmar
em português, assim sendo tudo veio naturalmente, sem grandes planos. Vamos
continuar a cantar em português isso é certo, porque gostamos e já faz parte da
identidade da banda.
Este novo trabalho surge associado a uma nova
editora. Como tem sido a vivência nessa nova casa?
Esta nova editora é um tremendo desafio, até agora não
existe razão de queixa, nós confiamos nas pessoas que estão por detrás da
Display Music, o João Correia e o Vasco Andrade são amigos de confiança de
longa data e os Alcoolémia foram a 1ª banda a ser lançada, como tal estamos
todos empenhados para que resulte o melhor possível para a editora ter
continuidade e crescermos todos juntos, hoje nós, amanhã outros talentos que
existem aqui nas redondezas e não são assim tão poucos que espreitam uma
oportunidade de uma editora apostar neles.
Que projetos ainda têm em mente, digamos, para os
próximos… 25 anos (risos)?
(Risos) Isso é muito tempo à frente, mas temos algumas
ideias em carteira, o gravar um álbum ao vivo, um dvd ao vivo, se possível mais
álbuns de originais, estamos nesta altura com um bom grupo de músicos, empenhados
em levar a banda para a frente, o que é super importante, com uma boa equipa
desde agência, o manager, as nossas promotoras,
equipa técnica que nos acompanha na estrada e quando o assim é, tudo se torna
uma questão de tempo para se atingir mais e melhores valias.
Obrigado, Manelito! Queres acrescentar mais alguma
coisa?
O agradecer esta entrevista, agradecer os vossos parabéns
e o interesse demonstrado neste nosso trabalho de comemoração dos XXV Anos, tão especial para a banda.
Obrigado nós.
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