Entrevista: For All We Know

Há vários álbuns guitarrista dos mediáticos Within Temptation, Ruud Jolie aproveita todo o tempo livre que tem para se dedicar a outras atividades e projetos. For All We Know é uma dessas fugas que já estava em silêncio desde 2011. O tão aguardado sucessor da sua estreia homónima surge agora com uma abordagem, pelo menos em termos de elementos, ligeiramente diferente, sendo dada mais primazia ao conjunto em detrimento dos convidados.

Olá, Ruud, como estás? Obrigado pela tua disponibilidade. Passaram seis anos desde a tua estreia. Os Within Temptation consomem muito do teu tempo que terias para dedicar ao teu projeto?
Olá e obrigado por me convidares. Nos momentos de tempo livre dediquei os últimos 4 anos a trabalhar neste novo álbum. Mas como a FAWK não paga as minhas contas nem sempre me concentro nisto a 100% devido a outros trabalhos como Within Temptation, Maiden UniteD ou o ensino na Metal Factory em Eindhoven, na Holanda.

Ainda assim, seis anos é muito tempo. O que mudou nos FAWK?
Acho que os principais ingredientes são os mesmos: música melódica e aberta, basicamente com instrumentos puros. Não é muito direto, mas também não é muito complicado. A música ainda é o mais importante. Mas desta vez, acho que as músicas pesadas são mais pesadas e as músicas suaves são mais suaves, pelo que é mais extremo nos dois sentidos. Também acho que este álbum tem uma vibe mais positiva. Continua a ser pesado, mas não é um pesado "irritado".

Em termos musicais, o que podem os fãs esperar de Take Me Home?
Um álbum com música honesta e sem compromissos. Como fui eu que financiei não tive prazos, pude fazer o que quisesse. Assim, estou 100% satisfeito com o resultado final deste álbum. Pessoas que gostem de melodias e harmonias e ritmos interessantes vão adorar este álbum.

Os músicos que o acompanham são basicamente os mesmos, certo? Não houve mudanças significativas a este respeito, pois não?
Não, na verdade não. Bem, desta vez colaborei muito mais com o Wudstik. Penso que 90% das melodias vocais no primeiro álbum eram minhas. Para estas novas canções tinha ideias vocais, mas não as apresentei imediatamente ao Wudstik. Queria saber o que ele poderia imaginar. E 90% das vezes gostei mais das suas ideias. Se um vocalista canta as suas próprias ideias, eles tendem a parecer mais naturais e é isso que eu gosto.

Este álbum foi criado ao longo de cinco anos. Podemos esperar assuntos muito diferentes de acordo com o momento em que foram criados?
Têm-me perguntado se este é ou não um álbum conceptual. Poderia contar-te algumas histórias interessantes sobre ser um álbum conceptual, mas com toda a honestidade não é. No entanto, há tópicos que atravessam as letras.

Mas será, acima de tudo, um disco mais pessoal e introspetivo?
Sim, definitivamente. Quando escrevi a maior parte das letras, estava a passar por uma depressão. A escrita funcionou bastante como terapêutica. Os artistas tendem a emocionar-se mais facilmente e penso que isso é visível na maioria das letras. Take Me Home refere-se a encontrar meu eu 'normal' depois de estar deprimido durante algum tempo.

Anneke van Giersbergen, com quem tens trabalhado frequentemente, participa aqui como convidada. É a única ou tens mais alguém?
É a única. O álbum de estreia teve muitos artistas convidados como Sharon Den Adel (Within Temptation), Daniel Gildenlöw (Pain Of Salvation), John Wesley (Porcupine Tree) e Richie Faulkner (Judas Priest). Desta vez quis que este álbum fosse mais como o resultado do esforço de uma banda. Mas durante as gravações dessa música Wudstik parou no meio da frase e disse ao microfone: “sabes quem seria ótimo cantar esta música comigo?" Bem, podes adivinhar a quem ele se referia (risos).

O álbum teve a ajuda de uma campanha bem-sucedida de crowdfunding. A resposta excedeu as tuas expetativas?
Bem, nunca sabes o que esperar. Os tempos mudaram muito nos últimos 6 anos no que diz respeito às vendas de álbuns. Mas poderia oferecer suficientes itens porreiros que as pessoas podiam comprar, por isso resultou. Alcancei 143% do meu objetivo financeiro

Já que falamos de expetativas, onde achas que este novo álbum te pode levar?
Às vezes leio críticas que dizem que após o lançamento do primeiro álbum "o grande sucesso nunca aconteceu e que eu estava tão dececionado que não era suficientemente corajoso para fazer um segundo”. Mas quero dizer que tudo o que aconteceu foi incrível. O meu principal objetivo era ter um álbum com as minhas próprias músicas e meu objetivo secundário era, pelo menos, superar financeiramente. Ambos os objetivos foram alcançados com o primeiro álbum. Quem ouviu e quem está por dentro deste estilo de música gostou. Isso foi fantástico para mim. Espero alcançar os mesmos objetivos desta vez.

E uma tour será possível para breve?
Farei 3 espetáculos na Holanda em março de 2018. Não sei se haverá ou não mais espetáculos ou festivais. Estou preparado para isso, mas tudo depende do calendário dos Within Temptation.

Quanto aos Within Temptation, já sem álbuns de originais desde 2014, há novidades?
Agora estamos a trabalhar em música nova. Mas, infelizmente, ainda não conheço a programação.

Obrigado Ruud. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Muito obrigado pelo convite. Espero que as pessoas ouçam o meu novo álbum. É um álbum para o qual é preciso sentar-se e digeri-lo lentamente. Cada vez que o ouves, descobrirás novas coisas.

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