Entrevista: Skypho

Já lá vão seis anos desde que Same Old Sin colocou os Skypho nas bocas do mundo. Foram seis anos a trabalhar, calmamente, no seu sucessor. E este aí está. Chama-se Karma-Sutra, um trocadilho que será explicado ao longo desta entrevista que o vocalista Carlos Tavares nos concedeu. Ele que deixa, também, o aviso que o próximo álbum não demorará tanto tempo.

Olá Carlos, esperando que a vaga de incêndios não tenha afetado a vossa zona, já lá vão quase seis anos desde a última vez que conversamos. O que fizeram os Skypho neste longo período?
Boas, felizmente os incêndios não chegaram à nossa terra, andou perto mas lá nos safamos. Obrigado pela preocupação. Durante estes 6 anos, os Skypho, inicialmente apresentaram o Same Old Sin por onde surgiu oportunidade. Entretanto começamos a trabalhar em novos temas e devido aos trabalhos e vidas pessoais (infelizmente não nos é possível viver da música) fomos fazendo tudo muito calmamente, mesmo em estúdio para darmos o melhor de nós neste novo trabalho.

Entretanto chegam a um novo álbum, sucessor de Same Old Sin, não é? Porquê tanto tempo de intervalo?
Como respondemos em cima, a nossa vida pessoal não nos proporcionou o tempo necessário para criarmos as músicas tão rápido como o que desejaríamos. Mas fica aqui prometido que o próximo trabalho não vai demorar tanto tempo a sair (Risos).

Desde logo, porque a escolha deste título, Karma-Sutra?
Karma-sutra é um dos temas que para nós é dos mais fortes, se não o mais forte do disco e como vem sendo hábito nos Skypho o tema ou o nome mais forte dá nome ao trabalho e este não foi exceção. Também foi um trocadilho “perfeito”, tendo em conta os temas que abordamos durante esta viagem sonora. Abordamos temas como o sentimento, o prazer, karma da atração pela pessoa errada, a morte, a partida antes do tempo, o Trump, a liberdade... etc.

Os temas que agora apresentam resultam do trabalho de criação ao longo destes últimos anos ou é algo mais recente?
Alguns temas foram escritos durante a tour do Same Old Sin, pelo menos a parte instrumental. Outros surgiram já mais próximos da nossa ida para estúdio tal como as letras à exceção da Come As You Are que o Kurt Cobain fez-nos o favor de a escrever nos anos 90 (risos).

Em Same Old Sin já se tinha notado bastante o vosso processo evolutivo e até falámos disso na altura. Agora esse processo continua evidente, por isso pergunto onde se nota mais a evolução e a variedade para os vossos trabalhos anteriores?
Same Old Sin foi um álbum mais experimental, este novo trabalho é um disco Rock puro e duro. Trabalhamos os temas como um todo e estamos muito satisfeitos com o resultado final.

E se na altura Same Old Sin era caraterizado por nós como “indescritível”, agora parece ser “mais descritível”, mas também mais maduro. O que acham?
Pensamos que está um trabalho mais maduro, mais direto mas com versatilidade qb. As bandas, na nossa opinião, têm que ser versáteis, e muito mais num país pequeno como o nosso. Karma-Sutra tem mais letras em português, mais solos de guitarra, achamos que tem mais de cada um de nós.

Acho fantástica a forma como misturam o português e o inglês no mesmo tema. Como é pensado o tema para que isso aconteça da forma que acontece, ou seja perfeitamente enquadrado?
As nossas letras inicialmente eram só e apenas em inglês, mas com o passar dos anos sentimos a necessidade de escrever algo na nossa língua materna e fundir com o inglês. Como o resultado foi do nosso agrado, tivemos sempre o cuidado de repetir a fórmula e tentar passar a mensagem nas duas línguas. É uma opção arriscada porque temos feedbacks positivos e negativos, mas a nós soa bem e dá-nos prazer fazer trocadilhos com o Português e inglês tentando unir duas línguas completamente diferentes numa única mensagem e isso por si só é desafiante e nós nunca viramos as costas a um bom desafio.

E continuam sem grandes expetativas quanto aos vossos lançamentos, mesmo quando as primeiras reviews parece ser bastante promissoras?
O futuro nestas coisas é sempre muito incerto. Em Portugal, o panorama tem-se agravado para as bandas de rock mais pesado. Não há espaços para promover e vivemos na era do fast music. Mas nem tudo é mau (risos) primeiro, porque nós começamos nisto pela amizade, somos um grupo de amigos que tínhamos em comum o gosto pela música e em vez de irmos jogar futebol ou beber copos, juntamo-nos e fazemos música. E num piscar de olhos passaram 18 anos (risos). Em segundo, o feedback do disco tem sido, maioritariamente positivo, o que nos motiva mais a continuar.

Como surge uma versão de Come As You Are neste disco? É um tema que frequentemente toquem nos vossos concertos?
Esta versão já nos acompanha quase desde o início, tocamos quase sempre ao vivo. Ao longo dos anos foi sofrendo alterações, mas nunca tinha tido espaço para entrar num disco até que desta vez surgiu e decidimos que estava no ponto para entrar num disco de Skypho.

Desta vez não tem uma escola de samba, mas têm um convidado para o saxofone. Querem apresentá-lo, falar do seu trabalho e explicar como se proporcionou esta ligação?
O Saxofonista é o Tiago Martins, que para além de músico freelancer e tocar com inúmeros músicos conhecidos do nosso panorama musical, como o Nuno Norte, é também saxofonista na banda Funk You Brass Band que é grande cena. O Tiago é da nossa terra e num soundcheck ficamos de boca aberta com o que ouvimos. Quando estávamos a compor a True Or Lie sentimos que a cereja em cima do bolo era um solo épico de saxofone. Propusemos isso ao Tiago e ele nem olhou para trás, veio connosco para estúdio e fez um trabalho incrível.

Como foi a experiência de gravação desta vez? E a metodologia de trabalho foi similar?
Sim, foi basicamente a mesma metodologia do álbum anterior.

Sei que desde a apresentação do álbum na vossa terra, que têm tido a oportunidade de tocar. Como está a ser a aceitação destas novas músicas?
Temos recebido bastantes criticas positivas, temo-nos apercebido que alguns já sabem as letras o que é muito positivo. Estamos a trabalhar na agenda para levar o álbum por todo o pais. Por isso quem nos quiser receber já sabem...

E já têm mais datas agendadas?
O próximo concerto vai ser no Ovelha Negra em Sever do Vouga dia 2 de dezembro.

Obrigado, Carlos. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Nós é que agradecemos o vosso apoio e interesse no nosso trabalho. Só nos resta aproveitar a oportunidade de dizer que este é o nosso novo trabalho e que nos podem acompanhar e apoiar no:
Temos o nosso disco à venda a preço verde na Fnac do Norte Shopping e podem adquirir connosco através do nosso facebook ou email todos os nossos trabalhos e merchandise a preços bastante acessíveis.

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