Irreverente e uma mulher de
causas, Ana Bacalhau estreia-se a solo e, literalmente, em Nome Próprio, um disco onde recupera as suas influências e se demarca da banda que
a notabilizou, os Deolinda. Numa fase em que já tinha apresentado ao vivo este
seu novo conjunto de temas, e antes de avançar para uma tour mais longa que a levará a vários pontos do
país, fomos falar com ela sobre este inicio de carreira a solo que, prevê a
vocalista, deverá ter continuidade.
Olá Ana, como estás?
Obrigado por esta oportunidade. Um álbum a solo já estava nas tuas conjeturas,
mas porque só agora?
Senti que agora
era o tempo certo para mim. Estava preparada para avançar para um disco, mais
madura e com mais certezas do que queria fazer e avancei.
Para além de um álbum a solo
parece ser, também, um álbum autobiográfico, a atender pelo título Nome Próprio. Confirma-se?
É autobiográfico
e biográfico, tanto pelas letras que eu escrevi e que contam algumas coisas pessoais,
como pelas letras escritas pelos autores que convidei, que me mostram de forma
muito fiel.
Precisamente, desafiaste uma
série de compositores para escreveres as canções deste disco. Porque optaste
por esta solução?
Porque em
primeiro lugar, sou uma intérprete. Gosto de cantar as palavras de outros,
dar-lhes vida e corpo e queria cantar estes autores que estão no disco há muito
tempo.
Ainda assim, deste a esses
compositores algumas dicas do caminho a seguir ou deste-lhes total liberdade
para compor?
Disse-lhes que
escrevessem sobre a Ana que conheciam e que as influências deste álbum estariam
entre o trabalho de Fausto e o de António Variações.
Ainda assim, é curioso
porque já em 2013 te tinhas estreado a solo com o projeto 15. Em que consistiu esse projeto e que reflexo teve agora em Nome
Próprio?
No 15 cantava canções que foram importantes
na minha vida, que me ajudaram a formar. Esses concertos foram muito
importantes para este disco, uma vez que pude olhar para trás, para o meu
início, ver o caminho que percorri e perceber de que forma podia celebrar tudo
isso num disco a solo.
Também em 2013, foste uma
das convidadas para participar na canção One Woman, um
projeto da ONU. És uma mulher de causas?
Sim, pode-se
dizer que sim. Não concebo fazer parte de uma sociedade, de uma comunidade e
não contribuir para o seu bem de alguma forma.
E em termos musicais, como
definirias este teu trabalho? Recuperas algumas das tuas influências inicias
como o jazz e o blues?
Tento recuperar
uma data de influências, entre elas o Jazz,
os Blues, o Rock, mas sempre mantendo o foco na matriz portuguesa, claro.
Que músicos te acompanham
neste disco?
O Luís Figueiredo
nos teclados, o Luís Peixoto no bandolim, bouzouki
e cavaquinho, o Zé Pedro Leitão no contrabaixo e baixo e o Alexandre Frazão na
bateria.
Deste trabalho já foram
extraídos dois vídeos – Ciúme e Leve Como uma Pena. Qual a razão de teres optado por estas
canções?
Porque me
pareceram ser canções fortes e que representam bem as várias matrizes presentes
neste disco.
Deslocaste-te até Londres,
ao mítico Abbey Road, para gravar. Podes
falar-nos um pouco dessa experiência?
Eu não gravei nos
estúdios da Abbey Road, a
masterização é que foi lá feita, mas eu não estive presente. Eu gravei nos
estúdios BOOM, em Vila Nova de Gaia,
com o João Bessa, um dos grandes produtores e técnicos de som de Portugal e foi
um prazer trabalhar com ele. Conseguimos um verdadeiro trabalho de equipa e a
sua contribuição para este disco é importantíssima.
Em suma, o que aqui
apresentas é um disco marcadamente Ana Bacalhau e não um álbum “da vocalista
dos Deolinda a solo”. Isso foi seguramente conseguido?
Era muito
importante para mim conseguir que este primeiro trabalho mostrasse um todo com
uma identidade artística e estética minha, pessoal e que não se pudesse
confundir com o trabalho da banda à qual pertenço. Penso que o consegui, mas a
última palavra é sempre do público.
Estou feliz,
porque as pessoas que ouvem o disco e que vão aos concertos gostam do que ouvem
e me dirigem palavras de apoio e carinho. Tenho muitas ideias que gostaria de
concretizar no futuro, por isso, haverá mais discos meus no futuro, quero crer
que sim.
E quanto aos Deolinda?
Quando haverá novidades?
Para já, todos
nos dedicamos aos nossos projetos a solo. Voltaremos quando sentirmos que é a
altura certa para o fazer.
Já há concertos marcados
para Porto, Lisboa e Famalicão. Depois arrancarás para um tour mais longa?
Já estive também
em Loulé, Aveiro, Ponte de Lima e Vila do Conde e tenho concertos marcados por
uma boa parte de Portugal.
A terminar, ainda pensas em
ser professora de Português e Inglês?
Não, já não faz
sentido para mim. No entanto, quando for velhinha, gostaria de dar aulas de
interpretação e performance.
Muito obrigado. Fica o
espaço para, caso queiras, acrescentar alguma coisa mais!
Nada a
acrescentar, obrigada!
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