Desta vez os suecos Violent Divine demoraram menos
tempo a colocar cá fora um novo álbum. E também fizeram algumas coisas de forma
diferente. O resultado acaba por ser também diferente, mas não necessariamente
pior. Aliás, como o próprio vocalista Mike nos responde, Louder Than Love teve
mais nuances que um típico álbum
Violent Divine.
Olá Mike! Tudo bem? Novo álbum nas ruas, mantendo o
mesmo line-up. Foi, portanto, um trabalho assente na estabilidade?
Olá, sim tudo ok.
Sim, estamos muito felizes com o novo álbum e é realmente especial já que é o
primeiro álbum com a nova formação e nesse sentido o álbum consiste em apenas
novas músicas desta formação. O álbum anterior teve uma mistura de músicas onde
algumas delas tinham sido compostas com elementos anteriores, por isso, em
certo sentido, Louder Than Love é
como um álbum de estreia. Não tenho a certeza que isso signifique que tivemos
um processo estável. Estar numa banda e criar música pode ser um processo muito
dinâmico. Tenho a certeza de que todos os que já estiveram numa banda podem perceber
isso, mas é assim que funciona. Ou nos matamos ou temos um novo álbum.
Após Hyperactivity
Disorder apresentam Louder Than Love. Mudou alguma coisa na vossa forma de
trabalhar para este novo álbum?
Realmente foi um processo diferente. Em Hyperactivity Disorder escrevemos
músicas ao longo dos anos e incluímos algumas músicas antigas refrescadas com a
nova formação. Em Louder Than Love, escrevemos
a maioria das músicas no estúdio, à medida que as gravamos. Isso significa que nós
não tínhamos a menor ideia de como o álbum resultaria em tentarmos reduzir de 17
músicas para 13. O resultado final, acaba por sugerir algumas músicas que
talvez mostrem mais nuances do que o
típico álbum Violent Divine In Your Face.
Mas acho que foi o que queríamos fazer, pelo menos, ao nível subconsciente. Um
álbum de rock/metal com um pouco de
dinâmica.
Como ocuparam esse período de dois anos entre os
lançamentos dos dois álbuns?
Fizemos muitos espetáculos na Suécia, mas também
conseguimos uma curta viagem ao Reino Unido. Conhecemos muitos fãs novos e
antigos, e ocasionalmente também houve cerveja. Também passamos muito tempo on-line com atividades promocionais. Nos
dias de hoje, estar numa banda é muito mais do que simplesmente tocar música.
Tem os seus prós e contras, mas nós vemos isso como uma ótima oportunidade para
manter contato com os imensos indefetíveis fãs dos Violent Divine em todo o
mundo.
Este volta a ser um trabalho independente. Consideras
ser esta a melhor forma de trabalhar atualmente?
Gostaria de te poder dar uma boa resposta e alguns
bons conselhos a este respeito, mas é uma forma de o fazer que estamos sempre a
debater. Por um lado, é um facto que há muito pouco dinheiro envolvido no negócio
da música e ter uma editora que avance com a sua participação sem nos dar um orçamento
aceitável para promoção e/ou tournées,
significa que a única maneira de o fazer é assim, isto é fazê-lo tu próprio. Não
que isso mudasse realmente alguma coisa. Todos os artistas sempre tiveram menos
que as editoras e há tantos processos para contar essa história. A grande
diferença é que, atualmente, uma banda independente tem acesso a uma
distribuição mundial por um preço muito razoável e as empresas discográficas já
não possuem esse mecanismo de controle. Por outro lado, há uma enorme
concorrência lá fora e precisas ter a certeza que realmente as tuas músicas são
um pouco melhores ou que o teu álbum soa um pouco melhor e por aí fora. Por
outro lado, nada é esculpido em pedra. Se formos abordados pelas pessoas certas
ou por uma editora com um acordo que nos satisfaça, estamos perfeitamente
felizes em ter outra discussão sobre como fazer isso no próximo álbum.
O que querem dizer com este título, Louder Than Love?
Bem, queríamos intitular o álbum com um dos títulos
das músicas e Louder Than Love torna
possível um pouco o jogo de palavras, como Violent
Divine Louder Than Love. É a mesma ideia do nome da banda Violent Divine,
onde te podes referir à Bíblia e/ou o que seja violento. Portanto, quando
alguém googla Divine ou Divinity, nós surgimos nesse resultado
da pesquisa. Ou como referi numa das primeiras entrevistas em 2006 – o meu nome
é Mike. Eu sou Divino.
Sei que já têm vídeos para duas músicas, nomeadamente,
I Believe
e Unbeliever. Porque escolheram essas
músicas?
Bem, atualmente, não se escolhem singles, escolhem-se vídeos. Escolher Unbeliever foi bastante fácil, uma vez que tem apenas cerca de 3
minutos, um bom riff e coros
cativantes. É também a única canção deste álbum com um sino de vaca.
Obviamente, tentas escolher músicas que possam atrair a maior quantidade de público
possível. Estamos na missão de converter os fãs do R n B para começar a ouvir alguma música orientada para guitarra. I Believe foi escolhido por causa da sua
mistura um tanto original com riffs
estilo Rammstein e um coro que até faria Per Gessle dos Roxette desejar ter
sido ele a escreve-lo. E, francamente, como qualquer outra banda, adoraríamos entrar
no Billboard Top 40 e não tenho
vergonha em admitir isso.
Ainda antes do lançamento do álbum, foram lançando os
temas ou parte deles. Assim, dessa forma, vocês foram auscultando as reações dos
vossos fãs...
Absolutamente. Sentimos que demos uma espécie de passo
um pouco outside the box, daquilo que
os fãs poderiam esperar deste novo álbum e estávamos entusiasmados com as
reações que poderiam surgir. Obviamente, na altura o álbum já estava terminado e
não havia nada a fazer. É do tipo fazer ou morrer. Mas, de qualquer forma, é
importante para nós obter algum tipo de feedback
inicial dos fãs. Apesar de tudo, não somos nada para além de fãs de rock. Também no processo de gravação do
álbum procuramos os comentários de um grupo seleto de amigos em cujo gosto musical
confiamos, e foi sempre com polegares até ao fim.
Recentemente tiveram a vossa festa de lançamento do
álbum. Como decorreu?
Infelizmente, tivemos que cancelar a festa de
lançamento ao vivo, mas ainda tivemos a festa de lançamento on-line no Facebook. Tivemos uma conversa aberta e conversamos com muitas
pessoas de todo o mundo que já tinham ouvido o álbum. Como sempre acabou em
discussão sobre muitas outras coisas relacionadas com o rock como o novo álbum dos Metallica, festivais, cerveja e tudo o
resto. De qualquer forma, é divertido ligar-nos com outras pessoas.
A partir de agora, o que têm planeado em termos de
concertos?
Pode parecer um pouco estranho, mas nós não planeamos
muito. Desta vez, decidimos esperar um pouco para ver as reações ao álbum e
depois veremos. Falámos sobre ir mais para fora da Suécia, como Reino Unido,
Holanda e também seria ótimo voltar à Finlândia, onde já não vamos desde 2010.
Esta é a situação. Veremos o que acontece.
Muito obrigado, Mike, queres acrescentar mais
alguma coisa?
Bem, se alguém que estiver a ler isto não estiver numa
banda, comece uma banda! É o melhor. Abram uma cerveja, peguem numa guitarra e sigam….
Avisem-me da hora do concerto que eu estarei na audiência.
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