Entrevista: Coronatus


O primeiro álbum com título em inglês dos Coronatus volta a mostrar a banda na plenitude da sua envolvência multilinguistica. Por outro lado, Secrets Of Nature, é a primeira abordagem no campo dos álbuns conceptuais. Tínhamos assim muitos motivos para conversar, mais uma vez, com Mats Kurth. E, desta vez, ficamos a saber da envolvência familiar do baterista e das dificuldades que banda está a encontrar para poder tocar ao vivo. Confiram!

Olá Mats, como estás? Os Coronatus continuam em alto nível no que diz respeito à criação de metal sinfónico e gótico. Agora, com o vosso último álbum, Secrets Of Nature, qual é o sentimento no interior da banda?
Hey! Ótimo! Obrigado! Tanto quanto sei, todos os envolvidos na criação deste registo estão satisfeitos quanto ao resultado. A minha opinião pessoal é que este é, realmente, o nosso melhor e mais maduro álbum que fizemos.

Este é o primeiro álbum com um título em inglês. Qual é o motivo dessa escolha?
O motivo do título de inglês reside simplesmente no facto de que, desta vez, a maioria das letras são em inglês. Assim, seria de alguma forma estranho ter um título alemão ou latino, como nos álbuns anteriores. O motivo das letras em inglês, no entanto, reside no "fluxo" em que se está, quando se trabalha na música. Principalmente, no nosso caso, as letras são escritas depois da música estar concluída. Quando escrevo as letras de uma nova música, tem de haver uma "imagem" ou tipo de cena de vídeo que vem à minha mente, decorrente da própria música. E desta vez foram principalmente palavras inglesas em vez de alemãs. Isto não é nada que siga um plano. Simplesmente acontece. No entanto, também temos duas músicas escritas em alemão.

Precisamente. Aliás, este álbum mantém a tendência para o multilinguismo, já que também há um tema em sueco…
Sim, claro! O multilinguismo sempre fez parte dos Coronatus! O motivo das letras em alemão é óbvio, já que somos uma banda alemã! O motivo das palavras suecas tem diferentes origens. Primeiro: eu e a minha esposa somos fãs de encontros medievais que atualmente são bastante populares na Alemanha e a música dos Coronatus frequentemente contém elementos musicais medievais! Assim, escolhemos Herr Mannelig como a única canção para fazer uma versão. As letras muito originais desta música estão em sueco e decidimos usá-las também nesse idioma. Outro motivo, foi o facto de que Mareike, Carmen e Kristina falam sueco. Assim, não houve qualquer problema em concretizar este projeto.

É também a primeira vez que gravam um álbum conceptual, certo? Qual é o tema abordado?
Sim, é o nosso primeiro álbum conceptual. É sobre o misticismo da natureza em geral. Este é um tema muito amplo, é claro. As letras falam tanto de assuntos naturais como sobrenaturais. Com a relação dos seres humanos e a sua envolvente natureza, bem como todos os tipos de espíritos da natureza e criaturas místicas.

O que te motivou agora a embarcar neste caminho dos álbuns conceptuais?
Eu gosto muito da natureza. Adoro entrar na floresta em volta da pequena aldeia onde vivo. É um lugar para me acalmar depois de uma dura semana de trabalho. Clarifica a compreensão e o pensamento. No entanto, é também um lugar para sonhar e fantasiar. Assim, a natureza e o seu misticismo são um tema rico para mim! E dão-me muitas ideias para letras!

E de que forma a música medieval do tema Herr Mannelig se encaixa neste conceito?
Esta canção trata da história de uma mulher troll, ou seja, uma criatura mística. Ela quer-se casar com o jovem Herr Mannelig para aliviar a sua praga e angústia. Mas ele não quer fazer isso porque não é uma mulher cristã!

Já agora, como aparece esta música no vosso alinhamento? É algo que toquem frequentemente ao vivo?
Pensamos que as músicas ou peças medievais se encaixam muito bem no metal sinfónico em torno da música dos Coronatus! Não há oposição nem no aspeto lírico nem musical. Infelizmente, atualmente, não tocamos ao vivo com muita frequência, uma vez que parte da banda não tem tempo para o fazer, especialmente Carmen, com os seus 3 filhos, família e trabalho, que é quase impossível sair em tour. Mas, espero que essa situação mude no futuro!

Já que falas da família da Carmen, este também acaba por ser um disco de família. O teu filho, com apenas 17 anos, fez uma música e a tua esposa toca violino...
É verdade, sim. Max escreveu a música de uma melodia muito fina, Dance Of The Satyr. Estou muito orgulhoso! Normalmente, as suas ambições tendem mais para a música eletrónica, mas essa melodia encaixa-se muito bem nos Coronatus. Decidimos trabalhar nela e ajustá-la ao nosso som. Até agora, Kristina tem tocado música clássica. Foi a primeira vez que esteve em estúdio com uma banda de rock! Mas gostou e fez um trabalho maravilhoso!

Em termos vocais, este parece ser o álbum mais ambicioso até agora, com a inclusão de vocais masculinos. Como trabalharam esse aspeto?
Uma das intenções, no que diz respeito a vocais, era inclui muitas partes nos coros. Assim, perguntamos a Gaby Koss (soprano) e a Teddy Möhrke (tenor) para participarem no projeto, para ter mais variação nas texturas vocais. Além disso, houve várias partes que eram para ter vocais masculinos desde o início do processo de composição, como em The Hunter. No entanto, em The Little People Of Iceland, só aconteceu nas sessões de estúdio em que as partes de Teddy se ajustaram muito bem à música. Por isso, decidimos deixá-lo cantar todas as linhas vocais a solo!

Os arranjos orquestrais também estão mais ousados. Quem trabalhou isso?
Como já fizemos no último álbum, Raben Im Herz, todos os arranjos orquestrais foram trabalhados por Dennis Schwachhofer. Ele recebe de mim as músicas completamente trabalhadas, incluindo melodias, ritmos, acordes, sequência de peças, linhas para bateria, baixo, guitarras, vocais, coros e as principais linhas de melodia instrumental. Aí ele trabalha essas linhas para orquestra e adiciona-as ao coração da canção. Também contribuiu para as partes dos coros e deu muitas ideias adicionais para as peças orquestrais. Sem dúvida, voltou a fazer um excelente trabalho!

Já vimos que não está a ser fácil a preparação da estrada…
Eu espero que possamos levar estas músicas para palco num futuro próximo! Temos de encontrar uma solução para resolver os nossos problemas. Talvez a situação de Carmen possa mudar, quem sabe... e, nessa altura, regressaremos à estrada!  Enquanto isso, vamos aguentando, pelo menos, com um projeto ambicioso!

Obrigado, Mats! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado a todos aí fora, por comprarem a nossa música. Vamos continuar a escrever boa música para vocês! Fiquem fiéis a nós!

Comentários

DISCO DA SEMANA #47 VN2000: Act III: Pareidolia Of Depravity (ADAMANTRA) (Inverse Records)

MÚSICA DA SEMANA #47 VN2000: White Lies (INFRINGEMENT) (Crime Records/We Låve Records)

GRUPO DO MÊS #11 VN2000: Earth Drive (Raging Planet Records)