Mais de uma década! Mais precisamente 14 anos.
Foi o tempo que os Voice estiveram afastados das gravações. Afastados das
gravações e até um pouco do metal (como nos confidenciou Thommy Neuhierl),
embora com outras atividades musicais. Finalmente, deu-se o click que os fez regressar com um álbum que traz
uma capa de Augusto Peixoto. Todos estes foram motivos para a conversa que
mantivemos com Thommy Neuhierl.
Olá Thommy, sejam bem-vindos de regresso às
gravações. Qual é o feeling da banda com este regresso?
Olá pessoal e obrigado pela oportunidade de dar esta
entrevista... Bem, qual é o sentimento… Deixa-me dizer-te que é mais relaxado
que na nossa juventude! Sabes como é - quanto mais velho és, mais facilmente as
coisas correm. Sören, Oliver e eu, vivemos perto, por isso não nos encontramos
uma vez por ano e como somos amigos há anos, fomos mantendo o contacto.
Passaram, 14 anos desde a última gravação, mas
acredito que não tenham estado afastados da cena metal. O que fizeram
neste período?
Sören tocou numa banda de versões e ainda faz isso de
quando em quando. Oliver... hmmm
deixa-me dizer-te que ele era um tipo cantautor.
Quanto a mim, fiz uma pausa. Distanciei-me um pouco da composição e do metal. Tentei outros tipos de música,
mas apenas para mim próprio, em casa. Digamos que ampliei os meus horizontes
musicais.
Quando se deu esse click que fez com que
os Voice se juntassem de novo e começassem a escrever?
Depois de algum tempo, notei uma espécie de um novo
desejo de criar coisas... músicas. Fiz isso sozinho. Como sabes, hoje em dia,
podes fazer muito com o computador e todos os softwares disponíveis. Realmente gosto do processo de criação -
verificar sons, diferentes variações diferentes, até ter colecionado todas as
peças para uma boa música. Como disse, estive sempre em contacto com Sören e
Oliver e alguns queriam começar uma banda de versões e andavam à procura de um
guitarrista - era eu! Essa banda esteve em ação durante dois anos, e foi então
que percebemos que poderia ser muito bom fazer outro álbum. Disse que não havia
problema, que tinha muito material pronto. Foi este o ponto de partida para The Storm.
Portanto, este material não é todo recente?
Como já referi, colecionei muitas músicas durante os
anos. Apenas modificamos um pouco esse material mais antigo e, no final,
acrescentamos três novos. Desta vez, tivemos o luxo de escolher entre várias
músicas e isso foi realmente muito confortável.
Os membros originais estão todos, com exceção
do baterista, certo? Onde encontraram Stephan “Stocki”Stockburger?
Nem todos. Rico, o outro guitarrista original, tinha
outros planos e não estava disponível, pelo que todas as guitarras ficaram por
minha conta. Sim Stocki... ele é realmente especial, gosto de trabalhar com
ele, consegue fazer coisas realmente loucas na bateria. Procurem a sua outra
banda, os Cytotoxin, e perceberão o que quero dizer. Bem, essa questão é fácil
de responder, ele tocou na mesma banda de versões com Sören... para ganhar
algum dinheiro extra.
Os vossos três últimos álbuns foram lançados
pela AFM. Como e quando a Massacre Records surgiu no vosso caminho?
Alguns contactos antigos ainda funcionam!
O panorama musical mudou durante este período.
Como sentes essas diferenças?
É claro que muitas coisas mudaram... Algumas para
melhor, outras para pior. Por exemplo, todas essas coisas dos portais de download. Do lado musical, felizmente, a
cena do metal, como nós o tocamos no
passado não mudou de forma dramática. O nosso gosto musical mudou um pouco,
acho que estamos mais pesados agora, mas ainda gostamos de ter cativantes ganchos melódicos.
Em termos de composição, o que recuperam dos
antigos Voice e o que incluem de novo agora?
Antigamente, criávamos mais coisas durante os ensaios,
o que era um processo muito longo e nervoso. Agora pode fazer-se a pré-produção
completa em casa com o computador, obtendo um resultado onde observas uma clara
imagem das músicas e como soarão após a gravação. Isso é bom.
Este álbum tem algo português, já que a capa
foi feita pelo Augusto Peixoto. O que lhe pediram em particular?
Nos álbuns anteriores não tínhamos tido muito cuidado
com as as capas e, definitivamente, há muitas coisas que faria diferente nos
dias de hoje. Conversei com os outros elementos para, desta vez, nos
esforçarmos um pouco mais. A capa é uma figura de proa ótica para o álbum e
deve dar às pessoas um pré-gosto do que poderão encontrar dentro. Tenho o
contacto do Augusto a partir do meu bom amigo Ragnar Zolberg. Dei-lhe algumas
informações sobre o tema-título, algumas ideias que tinha em mente. Que posso
dizer? Ele é um artista! Ótimo trabalho! Thumbs
up!
Olhando para a capa e o título, Storm, somos levados
a pensar que este álbum fala de tempestades internas. É isso?
O pensamento por trás desta música é que nós, humanos,
atribuímos cada vez mais importantes decisões para os computadores, como
computadores a controlar máquinas, softwares
e assim por diante. Por isso, temos muita servidão. Alguns ganham muito dinheiro,
mas perdemos sentimentos verdadeiros, ficando desolados e perdendo a visão das
coisas realmente importantes e únicas da vida. No fim, iremos acordar (talvez)
e espero que não seja muito tarde para voltar ao caminho certo.
O que se seguirá para os Voice?
Essa é uma boa pergunta! De momento estamos muito
felizes com a forma como tudo decorreu com este álbum. Tivemos comentários
muito positivos, pessoas que cresceram com a nossa música enviaram-nos
mensagens eufóricas e percebemos que ainda estamos na memória de muitos metalheads. Agora estamos a verificar
possibilidades para uma curta tour,
alguns shows, open airs, mas ainda nada está definido.
Obrigado
Thommy. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Comentários
Enviar um comentário