A
navegar entre as baladas, o country e a música Mexicana, mas atualmente e morar
no meio da civilização europeia, em Londres, George St. Clair junta um conjunto
de novos temas, refaz alguns mais antigos e apresenta Ballads Of Captivity
And Freedom. E foi a respeito deste álbum
que fomos conversar com ele – em inglês, apesar de George até falar
razoavelmente bem português. E uma vez que a sua influência mexicana é muito
forte, não podia deixar de aparecer por aqui uma história de um certo muro que
alguém quer construir!
Olá
George, como estás? Ballads Of Captitivity And Freedom
mostra o teu lado baladeiro e country, sem diminuir a influência mexicana. Como é
feita essa mistura no processo de composição?
Viva! Estou
bem, obrigado! Está frio aqui em Londres! Estou bastante confortável quer com
as influências mexicanas, quer do country.
Quando estou a compor, limito-me a juntá-las de uma forma natural. Algumas
músicas claramente começam num estilo ou noutro, por isso pode ser apenas um
processo de seguir a melodia ou a ideia lírica da forma como originalmente me
surge. Mas também pode depender do mood
em que estou na altura.
Algumas
destas músicas já estavam no lançamento de 2016, Tularosa. De que forma as recuperaste? Deste-lhes
uma nova roupagem?
Algumas foram
completamente gravadas, noutras refiz o baixo e a bateria para lhes dar um feeling maior naquilo que eu pretendia. Nas
sessões da Califórnia aproveitei alguns grandes músicos. Na realidade,
refizemos tudo nos estúdios da Califórnia, mas algumas músicas originais que
fiz em Londres ainda se destacavam como sendo as melhores.
Embora
atualmente vivas na Europa, este disco não perdeu nada do sentimento americano.
Isso deve-se ao facto de teres gravado nos EUA?
Este registo está
muito baseado no sudoeste dos EUA e nas fronteiras mexicanas e eu queria
músicos que trouxessem esse som autêntico. A Califórnia tem imensos músicos ótimos.
Por exemplo, o meu produtor neste disco também é um baixista virtuoso e um
verdadeiro aluno das raízes americanas e estilos diferentes como o jazz latino, salsa e samba. Para mim,
foi muito importante confiar nos músicos para os deixar fazer as suas próprias
coisas.
Como
vive um cowboy na Europa? Estás cá há quanto tempo? Foi uma
adaptação fácil?
Já estou em
Londres há uma década e acho que gosto disto aqui! Sinto falta do sol, do
deserto, das montanhas e da paisagem aberta. Na realidade, não te consegues
perder em qualquer lugar da Europa, e esse tem sido o maior sacrifício para
mim, estar sempre no meio da civilização. Mas a profundidade da história e
variedade de lugares construídos pelos humanos na Europa são infinitos e
fascinantes.
Musicalmente,
incorporas alguma influência europeia nas tuas composições?
Bem, estou
certo de que sou influenciado pela tradição da poesia e dos versos que atravessa
a literatura, poesia e música britânica e espanhola, que tive a oportunidade de
ler e escutar. Em particular, a poesia esparsa e poderosa do flamenco que sempre
me moveu, e é impossível não sentir o humor e sagacidade na literatura
britânica. Tudo o que me afeta, eventualmente encontra o seu caminho para a
música.
Sendo
um músico que cruza o som do Texas com folk mexicano, como
vês essa ideia de Trump de querer construir um muro?
Eu acho que a
ligação dos EUA com o México é um dos nossos maiores ativos. O México é verdadeiramente
a nossa nação irmã - nós compartilhamos história, terra, pessoas e muitas coisas.
O México é um país tão rico em tantos aspetos que a sua influência também contribui
para os EUA. Para mim é triste que algumas pessoas politicamente poderosas tentem
ser populares a espalhar a ignorância sobre este facto.
Que
vídeos já criaste para este álbum?
Estou agora a
terminar um vídeo para a música New
Mexico! Vou publicá-lo brevemente. O próximo que irei fazer é para a música
Up To Fail, portanto, fiquem atentos.
Quem
é Pedro Páramo que aparece no teu álbum?
Pedro Paramo
é uma personagem infame no romance homónimo do autor mexicano Juan Rulfo. É uma
história curta, poderosa e surreal sobre um homem que exerce a sua vontade num
lugar isolado, por alturas do início da revolução mexicana. Tenho a certeza que
se traduz bem para Português!
Tens
alguma coisa planeada para a Estrada para os próximos tempos?
Estarei em tour pelos EUA para fazer alguns
espetáculos em Austin, Texas. Depois terei um par de datas em Londres em junho.
O meu próximo passo é organizar uma tour
pela Europa para promover o disco. Adoraria tocar em Portugal, portanto,
gostaria de conhecer alguns bons locais onde fazer um espetáculo.
Muito
obrigado George, queres acrescentar mais alguma coisa?
Apenas quero
agradecer ao Via Nocturna por tocar a minha música e agradecer aos teus
ouvintes em Portugal! Significa muito pode levar esta música a novas pessoas.
Se os teus ouvintes gostarem do disco, por favor, baixem-no e façam-me chegar
as vossas reações. [Em Português – parte não editada] Na realidade eu falo Portugues razoavelmente bem – nao assim bem para
compor cancoes – mais suficiente bem para corresponder. Mas se eu tiver a
oportunidade eu adoraria passar um tempo la para remediar minha limitacao
linguistica! Um abraco e tchau!
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