Misturar hard rock com gótico pode parecer estranho à primeira
vista. Mas os Poisonheart fazem isso no seu álbum de estreia Till The
Morning Light e saem-se muito bem. Fabio
Perini contou-nos o percurso da banda desde o tempo dedicado às covers até à criação deste álbum. E em exclusivo
para Via Nocturna deixou a notícia de um novo tema para incluir no segundo
disco. Que não irá demorar mais dez anos… garantiu o vocalista/guitarrista italiano.
Olá Fabio, como estás? Como tem sido a
experiência dos Poisonheart desde que criaste este projeto em 2000?
Olá Pedro, estou bem, obrigado. Estou a divertir-me
enquanto promovo o álbum e estou muito feliz com o feedback. Os Poisonheart nasceram na segunda metade da década de
2000 e éramos apenas uma banda de versões. Após alguns anos comecei a escrever
músicas originais e mudamos a nossa direção musical do punk para o glam/sleaze metal.
Em 2010 gravamos uma demo chamada Welcome To The Party que recebeu boas
críticas, mas como resultado de problemas internos, o baterista e guitarrista
abandonaram a banda. Passou um ano até encontrar os elementos certos para
completar o line-up. A raiva e a
frustração fizeram-me mudar a minha maneira de escrever música. Não mais
consegui escrever sobre festas e raparigas, mas senti a necessidade de explorar
alguns novos horizontes para a banda. Tentamos seguir o nosso caminho
introduzindo alguns elementos dark/goth
(especialmente nos vocais) misturados com uma sólida base musical de hard rock.
Sendo que os primeiros anos foram passados a
tocar covers, em que altura decidiram começar a vossa
produção própria?
Bem, nós começamos como uma banda de covers, mas cada membro tem um background hard rock/metal e, de alguma
forma, todos nós percebemos que gostávamos de glam em todas as suas formas, de T.Rex e Bowie a KISS e Twisted
Sister. Compus duas músicas, os restantes elementos gostaram e então começamos
a trabalhar no nosso próprio material. De repente percebi que escrever música
original era muito, muito melhor do que tocar covers!
E esse período em que estiveram envolvidos em covers justifica
totalmente que Till The Morning Light
seja apenas o vosso primeiro lançamento?
Não, o único problema foram as mudanças de formação
que nos atrasaram sistematicamente. Tivemos muitas mudanças e estávamos sempre
a necessitar de tempo para que os novos membros aprendessem as músicas e
encontrassem a ligação a um nível humano. Eu moro em Brescia, que não é uma
cidade grande, portanto é difícil encontrar as pessoas certas: estás a ver, eu
procuro músicos que gostam deste tipo de música (e o metal não é um género mainstream),
as minhas músicas, e o facto de saberem que juntando-se a uma banda se vai
gastar dinheiro e tempo para a glória, porque sabemos que é difícil,
atualmente, fazer algo no metal.
Agora que Till The
Morning Light está cá fora, qual é o
sentimento dentro da banda? Naturalmente felicidade, mas que mais?
Estamos felizes por todos os comentários positivos que
lemos. Combinar hard rock e dark/goth é incomum, portanto não havia
garantia de que agradasse aos reviewers.
Felizmente esta mistura incomum foi apreciada e, portanto, a nossa
personalidade e o nosso esforço para tentar fazer algo diferente. E como é
costume, recentemente mudamos o baixista, que agora é Andrea Verginella, um
antigo membro dos Dreamhunter. Estamos também satisfeitos com o trabalho da
nossa editora, Sneakout Records/Burning Minds Music Group.
Como foi o trabalho de criação de Till The Morning Light?
Normalmente, quando escrevo uma nova música, trago,
para a sala de ensaio, a linha vocal e uma linha de guitarra ritmo para propor
aos outros elementos. Se gostam da música, trabalhamos juntos: todos adicionam
a sua parte e depois organizamos a música. Foi assim para as músicas de Till The Morning Light, com exceção de Anymore, onde Andrea me ajudou a
escrever a parte musical, e Under My
Wings que foi escrita por Giuseppe. No estúdio de gravação, os Atomic Stuff
Studios, fizemos uma enorme quantidade de trabalho, tanto em termos de sons
quanto nos vocais. Eu e o produtor Oscar Burato tentamos muitas soluções
diferentes e gravamos muitas faixas, até chegarmos ao resultado que
procurávamos. Gosto muito de trabalhar em estúdio porque podes trazer as ideias
que tens para as músicas e obter o real, algo que, definitivamente, não podes
fazer nos ensaios ou a tocar ao vivo. Por exemplo, em Flames And Fire e Out For
Blood, adicionamos uma linha vocal mais áspera aos vocais graves e limpos:
o resultado é exatamente o que eu queria, mas nunca tive a oportunidade de o
fazer quando tocava ao vivo.
Estas canções são recentes ou foram sendo
compostas ao longo dos anos?
As músicas foram escritas em anos diferentes. As
músicas mais antigas são Lovehouse, Hellectric Loveshock e Baby Strange, e nota-se pelas suas
atmosferas cativantes. As mais recentes são Pretty
In Black, Anymore e Shadows Fall, que mostram um lado mais
noturno e reflexivo de Poisonheart.
Este é um álbum que vai desde o hard rock ao gótico,
como aliás já referiste. Não é uma conjugação normal, mas que resulta muito
bem. Como conseguem fazer isso?
Obrigado! Trabalhamos muito para encontrar um estilo
pessoal que vá além dos vulgares clichés
do género. O álbum precisava de muito para ver a luz do dia: isso foi, em
retrospetiva, uma coisa boa porque tivemos a oportunidade de praticar e crescer
juntos como banda. Cada um de nós tem os seus backgrounds pessoais e trouxe as suas próprias influências.
Pessoalmente, ainda escuto glam hard rock,
mas também gosto de bandas mais escuras como Moonspell, The 69 Eyes e The
Sisters Of Mercy. Acho que Till The
Morning Light é um álbum honesto, mostrando os reais Poisonheart. É uma
viagem através de diferentes sentimentos e atmosferas, da exuberância de You Make Me Rock Hard, passando por
momentos mais sombrios como Out For Blood
ou Anymore, até às melodias de Baby Strange e fechando com Pretty In Black que alguém descreveu
como uma mistura perigosa de WASP e The Cult.
Como tem sido a aceitação do álbum quer no
vosso país como fora? Tem-vos dado ainda mais motivação para começar a compor
um segundo álbum?
O álbum recebeu ótimas críticas, estou muito feliz.
Agradeço que os reviewers mencionaram
bandas diferentes para nos descrever. Isso significa que não é fácil nós nos inserirmos num género musical específico. Talvez encontremos o equilíbrio
certo entre o hard rock e o gothic como referiste antes. Esses feedbacks foram um incentivo para a
nossa criatividade, e em janeiro comecei a escrever novas músicas para o
próximo álbum com Andrea Gusmeri. Durante os ensaios, tocamos uma música
chamada Black Lullabies, e esta é uma
notícia em exclusivo para ti!
Obrigado, Fabio. Queres deixar uma mensagem
final?
Obrigado por esta entrevista e por incluírem os
Poisonheart na vossa lista dos melhores álbuns de 2017! Esses, são os tipos de
coisas que nos ajudam a continuar, boas lembranças que sempre levaremos
connosco! Espero ter o teu feedback
no próximo álbum. Desta vez, não precisaremos de 10 anos!
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