Um pouco mais de dois
anos depois voltamos à conversa com Anssi Korkiakoski. Porquê? Porque a sua
banda, os Wishing Well, voltaram aos discos com Rat Race e, mais uma vez, numa forma magistral. Nesta conversa, Anssi,
falou-nos dos convidados, do processo de gravação, da inclusão de um mágico Hammond, do uso da religião das letras e deixou
escapar um sonho…
Olá Anssi, como estás?
Os Wishing Well estão de volta com um novo álbum. Como foi o trabalho criativo
para este disco? Foi o mesmo método usado anteriormente, ou houve mudanças
significativas?
Foi o mesmo e diferente ao
mesmo tempo. Quero dizer que eu escrevi as músicas e usamos o mesmo estúdio e
engenheiro, Henrik Sirelä. Tínhamos músicas antigas e novas e o principal era
decidir quais gravar no álbum. É claro que uma grande diferença foi que Rafa e
Arto uniram forças e a pré-produção demorou um pouco mais de tempo por causa
disso. De qualquer forma, foi ótimo trabalhar com os dois. Rafa surgiu com muitas
boas ideias de arranjos e nós usámo-las. O Rafa é um engenheiro de nível profissional,
gravamos os seus vocais nos estúdios da DarkGlass Electronics e divertimo-nos
muito. Também foi muito bom adicionar o órgão Hammond em todas as músicas e trabalhar com o Arto foi muito fácil,
porque a maneira como pensamos sobre a música é muito parecida.
Uma das novidades
mais notórias foi a passagem para um quinteto, com a entrada de um membro
permanente para os teclados. Considerando a vossa sonoridade, era efetivamente
uma necessidade?
Eu sempre fui um grande fã
do órgão Hammond e acho que isso adiciona
um valor extra à nossa música. Pode ser um pouco desafiador, por vezes,
organizar todas as partes, além de encontrar o equilíbrio certo e é,
definitivamente, um trabalho extra para a banda, mas vale a pena todo o
trabalho. Sei que o Hammond não é,
necessariamente, muito apreciado por toda a gente, mas eu adoro, tanto no álbum
quanto especialmente ao vivo, porque juntos temos uma enorme parede de som. As
músicas do primeiro álbum também soam incríveis com o Hammond.
Também tiveram algumas
alterações no line-up. Situações normais, suponho... Até porque o
vocalista que tinha participado em Chasing Rainbows já tinha saído aquando da nossa última conversa...
As bandas são diferentes, as
pessoas são diferentes, hoje em dia todos estão ocupados com muitos projetos e
assim por diante. Além disso, há essa coisa da química, há muito mais do que
apenas praticar e tocar as músicas. Naturalmente, a qualidade da música vem em
primeiro lugar, mas, se possível, quero passar um bom momento a fazer isto, em
vez de tolerar a energia negativa em torno de tudo.
E já que falamos de
elementos, tens aqui dois convidados que acabam por ter um peso significativo
no resultado final do álbum. Como se proporcionaram essas participações?
Eu ouvi o Mouafak tocar violino
árabe num evento no centro de Helsinquia e fiquei impressionado com a sua
técnica e com toda a atmosfera que ele criou com o seu violino. Percebi
imediatamente que o queria no Pilgrim
Caravan, por isso, fui ter com ele e propus-lhe, ali mesmo, uma cooperação.
Ele concordou, ensaiamos na casa dele algumas vezes antes de irmos ao estúdio e
ele gravou as suas partes. Durante algumas horas ele improvisou e nós gravamos
tudo. Depois montamos o que achamos que eram as melhores partes. Estou muito
feliz com o resultado e sinceramente acho que a sua interpretação melhorou a
música. Mouafak vem da Síria e tocou em todos os lugares no Oriente Médio e
Norte da África, ele toca qualquer coisa. Maria é uma jovem cantora muito
talentosa com um tom de voz agradável e decidimos usar os seus vocais em Falling Out Of Love porque Rafa pensou
que seria uma boa ideia adicionar vocais femininos no refrão. E ele estava
certo!
Musicalmente, pode-se
dizer que Rat
Race é a continuação lógica de Chasing
Rainbows?
Acho que sim. Queríamos
fazer um forte sucessor do primeiro álbum e acho que conseguimos e as pessoas
parecem gostar do álbum. Assim como o primeiro, Rat Race inclui muitos estilos diferentes, desde lentos a canções
rápidas e assim por diante e é isso que queremos fazer. No futuro, queremos levar essa ideia ainda mais longe.
Também continuas
focado na diversidade musical. De onde vem a inspiração para incluir coisas tão
diferentes como elementos orientais e ciganos ou coros infantis?
As ideias surgem em qualquer
lugar e em qualquer altura. Do que ouço na rádio, da letra de uma música ou de
alguém a tocar nos ensaios. Mas há sempre muito trabalho incluído. Sentar com
uma caneta e papel, a pensar no que traria um valor extra às músicas mais o que
seria possível. Quero dizer que seria ótimo adicionar uma orquestra sinfónica
completa em algumas músicas e gravar nos estúdios Abbey Road, mas não é muito
provável que consigamos fazer isso!
Em termos líricos,
parece haver uma tendência para letras mais religiosas. Esta é uma leitura
correta da minha parte? E isso tem algum significado?
A religião é uma fonte
inesgotável de inspiração para letras, um tema muito forte em torno de tudo e
eu usei isso em muitas músicas. É muito mais forte do que qualquer outra coisa
como amor ou festas ou coisas sociais. Em Rat
Race, Pilgrim Caravan e Grain Of Sand lido com a religião. Do ponto
de vista islâmico ao cristão, mas é o mesmo, é sobre encontrar misericórdia e
salvação através da oração e fazer uma viagem pela alma.
Já estão prontos para
ir para a estrada? O que têm planeado a esse nível?
Já tocamos ao vivo aqui e
ali de vez em quando na Finlândia, agora tours
organizados ainda não. Mas estamos a trabalhar nisso, tentando encontrar bandas
adequadas para a tournée. Para nós
seria melhor fazer uma tournée como
suporte de uma banda maior na Escandinávia. Vamos ver o que podemos fazer,
temos negociações com algumas bandas para o fazer pela Escandinávia.
Obrigado Anssi! Queres
acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado e olá a todos os
leitores, vamos continuar a perseguir o arco-íris no mundo livre!
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