Os elogios aos
Derdian começam a ameaçar tornar-se repetitivos face ao que a banda nos apresenta, álbum após
álbum. DNA é a sua mais recente proposta e, em termos
de originais, sucede a Human Reset sendo que até se pode encontrar alguma sequencialidade como nos explica Enrico Pistolese.
De resto, para este que é já o sexto álbum dos transalpinos, a maior novidade é
o regresso de Ivan Giannini, sanado que está o diferendo entre o vocalista e a
banda.
Olá Enrico, tudo bem?
Aqui está o vosso regresso e parece que Ivan Giannini faz parte do DNA dos Derdian.
Estou certo?
Olá Pedro, claro! Ele juntou-se
à família mais uma vez!
A última vez que falamos,
estavam muito chateados com ele. Estão resolvidos os problemas?
Ambas as partes estavam
zangadas, mas já esclarecemos tudo, há um ano atrás, antes da nossa primeira tournée no Japão e, falando, descobrimos
que, com a nossa guerra, apenas desperdiçamos o nosso tempo em vez de o gastar de
forma construtiva.
Mas o facto é que
ninguém canta as vossas músicas como ele… Não concordas?
Sim, procuramos outro, mas o
resultado não foi o mesmo. Percebemos a fórmula matemática: Ivan Giannini:
Derdian = Bruce Dickinson: Iron Maiden (risos). Piadas à parte, realmente acho
que num qualquer canto oculto do universo algo ou alguém decidiu que nascemos
para tocar juntos.
Quando foi que ele
regressou? Pergunto-te isso, porque há dois anos diziam-nos que a preparação do
novo álbum estava a ser muito lenta devido à falta de um cantor…
Ele regressou em maio de
2017. Contactamo-lo para se juntar a nós para a primeira tour no Japão em agosto de 2017. Foi uma oportunidade que não
poderíamos deixar escapar. As músicas de DNA
estavam prontas e depois dessa tournée
decidimos trabalhar nelas juntamente com Ivan e foi como se ele nunca tivesse
deixado a banda. Ótimo!
Pela mesma altura,
próximo do lançamento de Revolution
Era, disseste-nos que estavam a trabalhar
em novas músicas. DNA
é o resultado desse trabalho?
Sim, claro!
Este é um álbum que
mantém o DNA dos Derdian mas, como sempre, incorpora alguns arranjos novos e
orquestrais. É a evolução sistemática da banda?
Talvez. Quando compomos novas
músicas, não pensamos muito no que estamos a tocar. Todas as influências e
arranjos estão livres de qualquer bloqueio ou consideração.
Por exemplo, de onde
aparece aquela parte de jazz no meio de Elohim? Ou o solo 60’s de Hammond
em Fire From Dust?
Como disse antes, todas as
escolhas são extremamente naturais e não serei capaz de te dizer de onde essas
surgem. Suponho que a partir do feeling
do momento.
Todos vocês têm, como
sempre, performances brilhantes, mas permite-me fazer uma referência
ao trabalho de piano de Marco em algumas introduções. Às vezes traz à memória
algumas músicas populares italianas que podemos ouvir no filme O Padrinho. É, também, uma das vossas influências?
Também, porque não. A banda
sonora de The Godfather é muito melancólica e sombria. Acho que ser italiano
significa também ter no nosso DNA esse tipo de atmosfera. Sentimento e sensibilidade
são caraterísticas típicas dos italianos... melhor da fração do povo italiano capaz
de pensar em algo (risos).
E depois, também,
referências a tarantellas e até música clássica italiana são notadas
não só nas partes de piano, como em grande parte dos arranjos. Dá muito
trabalho incorporar esses estilos nas composições metal?
Acho que não. Normalmente,
quando ouves algo como uma tarantella,
isso significa que a música já nasceu assim. Eu não estou muito familiarizado
com esse tipo de música, mas Garry sim. Portanto, quando ouves uma tarantella ou algo assim, significa que
está lá a sua contribuição.
Em Revolution Era, apresentaram um tema novo, Lord Of War, que não aparece aqui, mesmo sendo uma excelente música. O facto de
ter sido cantada por Fabio Lione foi a razão para não aparecer em DNA?
Também não pensamos em
colocar essa música no DNA. Já estava
em Revolution Era. Ela já tinha sido
bem interpretada por Fabio Lione, portanto, para que gravá-la outra vez?
Considerando que
nunca tiveram uma música cantada em italiano (segundo julgo saber), porque uma
em espanhol, nomeadamente a versão de Nothing Will Remain?
Na Itália não temos uma
grande base de fãs. A nossa música é internacional e notamos que, assim como no
Japão, temos muitos fãs no mundo latino. Assim, pensamos que seria um bom
presente para todos eles.
No que diz respeito à
capa, podes explicar o seu significado?
Sim, claro! Representa o
laboratório chamado “o jardim do Éden” na Bíblia sagrada onde o primeiro homem,
Adão, foi criado misturando o DNA alienígena com o dos hominídeos.
E quanto aos aspetos
líricos, que tópicos são abordados neste disco?
DNA é inspirado por uma visão alternativa do antigo testamento
da Bíblia Sagrada. Recentemente, alguns estudiosos descobriram que, traduzindo literalmente
a Bíblia, ela descreve uma realidade muito diferente daquela que nos foi
transmitida pela Igreja Católica. A palavra hebraica Elohim, que foi traduzida como Deus expressa, na realidade, pluralidade.
E de acordo com esta versão, parece que há 200.000 anos atrás uma raça
alienígena chamada Elohim veio de
outros planetas para colonizar a terra e criar a recente raça humana que
conhecemos, misturando o seu próprio DNA com o dos hominídeos que habitavam o
planeta naquela época. Como disse antes, o laboratório que se vê na capa é o
Jardim do Éden, onde as experiências de DNA originaram a criação de Adão, o
primeiro homem! De facto, nesta versão, os mesmos estudiosos descobriram que,
se traduzires literalmente a Bíblia, a descrição do jardim é semelhante à
descrição de um laboratório... Descobrimos que era um tema encantador para
desenvolver um conceito, independentemente das inclinações religiosas pessoais e
assim tentamos manter esta versão mais cinematográfico e tem sido muito
emocionante! Uma ótima experiência! Além disso, encaixa-se muito bem como a
sequência de Human Reset, portanto, porque
não?
Têm alguma tour
planeada para promover este álbum?
Acabamos de chegar ontem de
uma tournée no Japão. Temos mais alguns
eventos e concertos agendados para o próximo ano, mas não temos planeada mais
nenhuma tour para o DNA. Mas vamos ver o que podemos fazer.
Obrigado, Enrico! Queres
deixar alguma mensagem ou adicionar mais qualquer outra coisa?
Eu gostaria de te agradecer,
Pedro, por nos colocares continuamente nas tuas playlists e agradecer a todos os leitores de Via Nocturna. Apreciamos muito! Muito obrigado!
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