Uma
das maiores surpresas do rock nacional chega do Porto, têm o estranho
nome de 47 de Fevereiro e são praticantes (segundo eles próprios) desse ainda
mais estranho género que é o fute-rock
mediterrâneo. Acabados de chegar de Itália e ainda antes de iniciarem a segunda
volta do seu campeonato, ou melhor, da tour que os levará por palcos de Portugal e Espanha, Francisco Beirão, aka El Killo, contou-nos como correu a época
passada e do vinil de Luta Pela Manutenção, em breve nas lojas.
Olá
Francisco, tudo bem? 47 de Fevereiro?!?!? Onde raio foram arranjar este nome
(risos)?
Ciao a tutti!!... Na realidade foi na esplanada da Tendinha dos
Poveiros, no Porto, enquanto bebíamos umas birras
depois de um ensaio. Surgiu num momento e soou logo bizarro; daí a ser uma
hipótese para o nome foi um instante... Primeiro estranhou-se, depois
entranhou-se, e aqui estamos nós para lutar pelos 3 pontos em todos os jogos!
E
pelos vistos lá se safaram da descida na compensação do último jogo. Foi uma
época complicada?
São sempre épocas
complicadas, provavelmente porque vivemos numa época complicada...e confusa.
Este disco acaba por refletir vários pontos de vista comuns dos elementos da
banda sobre algumas temáticas, não só porque somos amigos há muito tempo, mas
também porque já trabalhámos juntos noutras bandas.
Ainda
assim, os vossos adeptos não foram dar porrada ao centro de treinos, pois não?
(risos) De todo... O
pessoal da TORCIDA 47 gosta é de beber uns canecos ao som de Fute-Rock Mediterrânico... De qualquer
das formas fiquem sabendo que damos sempre o máximo nos “treinos” e nos
“jogos”! Aproveitamos para mandar um abraço aos nossos “tifosi” e agradecer a
presença calorosa nos concertos, por vezes fazendo uns bons quilómetros para
nos verem...ALLEZ!!
Bem,
agora a sério, quem são os 47 de Fevereiro e o que vos motivou a criar este
projeto, depois de todas as vossas anteriores experiências?
Os 47 FVR surgem das cinzas
de uma banda chamada Touro, da qual eu fazia parte juntamente com o Fiscal
Santos, e à qual se juntou mais tarde Capitão Moura. A dissolução dessa banda
não dissolveu a vontade de alguns elementos continuarem a explorar esse tipo de
sonoridades, tendo os atuais membros dos 47 começado a juntar material novo... Depois,
claro, começar uma banda de raiz nunca é um processo fácil, e ao longo desse
tempo Fiscal acabou por sair, tendo o baixo ficado a cargo de Sargento Zero, ao
mesmo tempo que entrava Roque Xandeiro para a guitarra eléctrica... e
portuguesa, instrumento que nos pareceu interessante introduzir no nosso Rock. Daí para a frente fomos fazendo o
nosso caminho e as coisas foram ganhando a forma atual com uma grande sucessão
de acasos e coincidências... Muito honestamente, desde o fim de Touro nunca
pensámos que as coisas assumissem esta forma... Mas as coisas são o que são…
(risos)
Mesmo
levando isso em linha de conta, este projeto assume-se, atualmente, como principal
ou será sempre paralelo?
Essa é uma pergunta de
resposta difícil... Teria de ser feita a cada um dos elementos... E também um
projeto desta natureza é difícil que se assuma como principal fonte de
receitas... (risos) Temos um longo caminho a percorrer, mas aquilo que nos
parece evidente é o total compromisso que cada um tem com a música que fazemos,
e a alegria que sentimos quando tocamos juntos... Y ahora que?? Paralelo ou principal???... Fica a dúvida…
A
temática do futebol (o tal fute-rock mediterrâneo) parece brincadeira, mas as
temáticas abordadas são muito sérias. Como conjugam estes dois aspetos?
Se a outra pergunta era
difícil, esta é muito interessante... A forma que as músicas e os seus temas
foram tomando levou-nos a falar de coisas sérias... Mas sempre houve também um
toque de humor, até porque começámos por usar as expressões do Futebolês apenas como códigos para o
material que íamos juntando... Posteriormente é que vimos que estava ali um
filão de expressões fortes e com muito mais para explorar para além da bola... Aliás,
o futebol nos 47 FVR é apenas e só um ponto de partida, nunca de chegada! Mas
pelo meio acaba por haver uma certa ironia nessa dicotomia entre assuntos
sérios e coisas da bola... Na verdade precisamos de muito riso e humor para
irmos encarando a(s) realidade(s) sem perder a Esperança.
Outro
dos momentos hilariantes foi a escolha dos vossos nomes. De onde vieram todas
as ideias?
Já percebemos que esse é
uma parte da realidade dos 47 FVR que o pessoal curte... Até há quem declare os
seus preferidos... (risos) Alguns dos nomes já eram alcunhas, outros são
derivações de alcunhas, outros inspirados em personagens, outros vêm de
histórias antigas... Há de tudo, e mesmo todos aqueles que participaram no
disco e que não tinham um nome “artístico” tiveram de o arranjar, tendo sido um
exercício criativo que todos aceitaram com gosto... E com resultados
hilariantes!!!
Depois
da edição, em março, do álbum em formato CD, lançarão em breve o álbum em
vinil. Que objetivos nortearam esta opção?
Fundamentalmente porque ficámos
de tal forma satisfeitos com o disco, desde o som até ao art work, passando por todo o conceito, que achámos que fazia
sentido editá-lo nesse formato histórico... Mal acabámos de pagar a edição do
CD decidimos avançar para o vinil sem grandes histórias... Segue caminho!
E a
escolha do dia 5 de outubro não foi de todo inocente, suponho…
Supões bem… É uma data
importante e sobretudo simbólica, porque apesar de a Monarquia ter sido abolida
em 1910 há outros “reis” que se governam e nos desgovernam... os famosos
DDTs...
La Favorita é o single de apresentação
desse vinil. Um tema forte e com uma mensagem perfeitamente atualizada. Já
houve reações à vossa abordagem musical ao tema?
Sim, é um facto, o tema
toca as pessoas talvez precisamente pela sua força e pela actualidade que
referes... Mas deixamos o desafio a quem ler esta entrevista para procurar o vídeoclip feito pelo nosso caro amigo
Augusto Lado (½ Pirata Mau, videografo e vocalista dos Ghosts of Port Royal,
banda da qual eu sou o baterista)... A leitura dele sobre o tema e a
concretização das ideias em vídeo é algo que nos deixou siderados... Vejam,
façam esse favor a vocês próprios!!
No
vosso FB deixaram uma referência à morte de Aretha Franklin. De que forma ela é
ou foi uma referência para vocês?
Da mesma forma que o
fizemos quando morreu o Scott Weiland (Stone Temple Pilots), o Lemy
(Motorhead), o Bowie, o Malcom Young dos AC/DC, o Chris Cornell... Foram
grandes músicos que crescemos a ouvir e que de uma forma ou de outra nos
marcaram, e como tal estão presentes algures na nossa música... Tratam-se de
simples homenagens e de partilha de música que para nós é importante.
Já
estão a jogar a segunda volta da tour de promoção de Luta Pela Manutenção?
Acabámos de chegar de Itália onde tocámos em Bergamo, depois de também
termos tocado no Festival Viana Bate Forte. Esses foram os últimos concertos de
Verão e a partir de Outubro vamos estar na estrada a promover o vinil, com
passagens confirmadas por Porto (Barracuda),
Lisboa (Sabotage), Figueira da Foz (DRAC), Vitória-Gasteiz (Ertekaleor), Esmoriz (Uncle`s Joe), etc. Mas há mais datas na
calha... Vamos andar por aí... Vagabundo!
Obrigado,
Francisco! Queres deixar alguma mensagem?
Queremos agradecer-vos o
vosso interesse na nossa música e dizer ao pessoal para não se resignarem e
para acreditarem e lutarem sempre pelas vossas ideias. “A Luta pela Manutenção”
começa em cada um. ALLEZ!!
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