Entrevista: Buckets Rebel Heart


Dave “Buckett” Colwell tem um passado cheio de glória em bandas como Humble Pie, Bad Company, entre outras. Há cinco anos atrás lançou Guitars, Beers & Tears sob a denominação de Buckets & Co., mas o desejo de partir de uma base a solo para um trabalho em formato banda levou-o até aos Buckets Rebel Heart. Aqui encontrou outros amigos de longa data e a estreia – auspiciosa, diga-se – intitula-se 20 Good Summers, provavelmente o tempo que lhes resta, na sua opinião.

Olá Dave, tudo bem? Buckets Rebel Heart é um novo projeto com músicos experientes. Quando decidiram começar esta nova aventura musical?
Olá Pedro, estamos muito bem e com um final de 2018 movimentado com o lançamento do nosso álbum 20 Good Summers. O meu último álbum, Guitars, Beers & Tears foi lançado sob o nome de Buckets & Co. há 5 anos atrás e foi um álbum a solo. Para este disco decidi formar uma “banda” real. Quando comecei a pensar em juntar as músicas, liguei para Paul Edwards, começamos a escrever e essa parceria transformou-se nos Buckets Rebel Heart. Nós tocamos juntos durante 40 anos e há um bom entendimento. Trabalhamos juntos pela primeira vez quando entrei para os 720, Paul mudou-se para os The New Torpedoes, com o Phil Lewis (LA Guns, Girl) e depois disso reagrupamo-nos nos The Torpedoes. Nós dois temos uma resolução completamente comum em escrever músicas com letras com substância, além de ser uma banda de rock’n’roll. No início, a melhor maneira de mostrar isso foi com um formato de banda com algumas aparições de convidados.

O que tentaram alcançar com esta abordagem musical neste álbum?
Nós dois temos as mesmas influências musicais. Nós dois gostamos de compositores "contadores de histórias"... como Springsteen, Tom Petty, Bob Seger e também somos fortemente influenciados pelo rock clássico britânico, como Free, Bad Company e Humble Pie. Para além disso, somos ambos grandes fãs de rock sulista dos EUA como Lynyrd Skynyrd, The Georgie Satellites e Blackberry Smoke. Portanto, misturei tudo e saiu Buckets Rebel Heart e 20 Good Summers!

Como surge este nome para a banda - Buckets Rebel Heart?
Tive a sorte de tocar em algumas grandes bandas ao longo dos anos e construímos uma base de fãs leal, por isso fazia sentido chamá-la de Buckets Rebel Heart, em vez de apenas Rebel Heart, e espero que todos os que me seguem há muito tempo continuem a jornada agora como BRH. A parte de Rebel Heart? Bem, suponho que todos os rockers "são rebeldes de coração”!

E a que se referem com um título como 20 Good Summers?
É provavelmente o tempo nos resta, se nos comportarmos adequadamente (risos). O tempo é precioso, não deve ser desperdiçado… Mas, nós dois fizemos muito, quer dentro, quer fora do negócio musical, pelo que tivemos muitas experiências para aproveitar. Nós dois costumamos escrever sobre temas universais, vida, amor, amizade e a passagem do tempo... não somos letristas do género "Yeah, yeah, baby". Tentamos, e esperamos ter conseguido, fazer um álbum que superasse o teste do tempo e acho que isso é refletido no título do álbum, na imagem da capa e letras que as pessoas podem identificar e interpretar da sua própria maneira… tudo conduzido por uma banda de rock’n'roll, é claro!

Como foi a experiência do estúdio? Tudo correu como planeado?
Teve os seus desafios! Eu moro em Londres, Paul vive no Mediterrâneo, em Malta, e Jim, o vocalista vive em Minneapolis nos EUA. Para o sentimento do disco, foi importante que a bateria e as guitarras fossem captadas ao mesmo tempo, na mesma sala, de modo que isso foi feito em sessões entre Malta e Londres. Graças às maravilhas da ciência moderna, Jim fez os seus vocais nos EUA e todos os backing vocals e teclados foram feitos em Londres depois disso. Finalmente o álbum foi misturado em Nashville.... oh, e Rick Richards gravou os seus vocais em Atlanta, portanto é algo muito internacional!

De que forma a vossa experiência foi canalizada para a criação dos temas em 20 Good Summers?
O negócio da música mudou muito ao longo dos anos, as editoras ficaram menores e o dinheiro é menor, por isso tens que fazer muito mais internamente. Nós  escolhemos fazer o disco fora dos limites de uma editora antes de começarmos, pois isso deu-nos a oportunidade de escrever a partir do coração, sem ter quaisquer restrições sobre o material. No processo de composição das músicas, geralmente um de nós surge com um título, ou um refrão ou uma ideia de guitarra e começamos a trabalhar, enviando ideias uns aos outros. A coisa boa é que como trabalhamos juntos durante tanto tempo, colocamos sempre a música em primeiro, ao contrário de puxar pelas nossas próprias partes. É por isso que nas canções compartilhamos os créditos, em vez de nos preocuparmos com quem fez o quê e quando. Funciona muito bem para nós, já que todos sabemos o que ansiamos. Portanto, estamos muito empolgados da forma como as coisas foram tão longe, felizes por termos chegado até aqui e vamos ver até onde ainda poderão ir.

Todas as músicas são recentes ou algumas delas foram escolhidas do vosso trabalho passado?
Regravamos algumas músicas que fizemos juntos nos nossos primórdios - Animal Beat e Customized Car – e como nunca haviam sido gravadas antes pensamos que precisavam de estar cá fora. Todos os outros temas são material das sessões de gravação deste álbum nos últimos dois anos. Constantemente temos novas ideias, e assim que o processo de escrita começa verdadeiramente, começamos a puxar por todas as ideias para construir a partir daí.

Na música Radio State Of Mind consigo perceber uma aproximação ao icónico Video Killed The Radio Star. Sendo mais ou menos contemporâneos dos The Buggles, de alguma forma eles são uma influência para vocês, ou, pelo menos nesta música?
Provavelmente não (risos), embora ambas falem da radio e da forma como ela mudou. Radio State of Mind é sobre uma viagem que Paul fez por toda a América, e quando se muda de estado para estado, a música muda para refletir a área. A Geórgia é principalmente música negra, Tennessee é country puro, Arkansas é bluegrass, e depois chegas ao Mississippi e tens o blues. Portanto, não, os The Buggles não foram uma influência, mas se tivermos tantas royalties como eles tiveram com Video Killed The Radio Star, seremos muito felizes!

Muito obrigado, Dave! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Apenas para agradecer por quereres fazer a entrevista connosco e por promoveres os Buckets Rebel Heart em Portugal e esperamos chegar a tocar aí um dia! Saudações!


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