Em quatro anos muita
coisa mudou no seio dos Parallel Minds. Mas a vontade de fazer música arrojada
e que desafia os sentidos continua bem presente. A dupla de primos Stepháne
Fradet (vocais) e Grégory Giraudo (guitarras) continua a ser a força motriz do coletivo
gaulês que promete, neste entrevista por intermédio do vocalista, não demorar
mais quatro anos para ter um novo álbum. A conversa passou, ainda, por Franky
Constanza, pelos Orphaned Land e… pela Síria. Confiram!
Olá Stéphane, como estás?
Quatro anos depois, eis o vosso regresso. Quais os teus sentimentos em relação
a este novo álbum?
Estamos ótimos! Quer dizer,
estamos muito felizes com o resultado. Mais uma vez, as críticas têm sido
entusiasmantes e agora somos uma banda a sério.
O que fizeram durante
este período?
Estivemos algo parados porque
Greg (guitarrista) lançou um álbum com uma das suas outras bandas (The Enders, numa vibe mais hard rock) e
também demoramos tempo a encontrar as pessoas certas para que um simples
projeto pudesse evoluir para uma banda a sério.
Os Parallel Minds
continuam a assentar a sua força em ti e no teu primo? Como decorreram os
trabalhos desta vez?
Não foi muito diferente, já
que os outros elementos só entraram quando a maioria das músicas já estava
escrita. Ainda trabalhamos com ideias embrionárias, com o Greg a enviar-me
partes musicais, ou eu a enviar-lhe vocais e partes rítmicas. Normalmente,
temos 99% de “mentalidade paralela” e o processo de trabalho é bastante fácil. E
quando discordamos, limitamo-nos a conversar sobre que parte precisa ser mudada.
Entre nós há zero ego ou problemas de susceptibilidade.
Para este álbum já
não contam com o Franky Constanza na bateria. O que aconteceu? Quem é o novo
baterista agora?
Desde o primeiro dia, que não
tínhamos certeza de continuar com Franky. Isto é, ele é um verdadeiro
profissional com toneladas de bandas e tours,
e a sua agenda não era compatível com a nossa. Mas tivemos a sorte de encontrar
o Eric, o primeiro baterista que nos respondeu. Ele ocasionalmente teve aulas
com Franky, portanto têm o mesmo estilo de bateria. Podes imaginar que ocupar o
lugar de Franky não foi uma tarefa fácil, mas conseguimos. Além disso, ele é
uma das pessoas mais fáceis que já conhecemos, pelo que se tornou um verdadeiro
amigo!
Qual é o significado
deste título - Every
Hour Wounds… The Last One Kills?
É uma citação latina famosa.
Soa a metal e resume bem o álbum. Cada
música lida com a humanidade a estragar tudo - guerras e vícios. Ou seja, basicamente
sofres toda a tua vida e no final... morres. Eu estava com um humor de merda
quando escrevi as letras do álbum. Além disso, faz lembrar esses títulos de
álbuns thrash em duas partes como Peace Sells… But Who’s Bying? e esse
tipo de coisa. Como metalhead, soou-me
bem.
Conta-nos como se
proporcionou a participação de Kobi Farhi e Yossi Sassi na canção Syria…
Limitei-me a perguntar-lhes.
Começou como uma piada, já que minha esposa é uma grande fã de Yossi Sassi. Ela adora Orphaned Land, mas também gosta muito
da música de Yossi. Por isso brinquei com ela: “que tal perguntar-lhe para ele tocar
no álbum“? E enviei-lhe um mail. Foi há cerca de um ano, quando ele lançou o seu quarto
álbum e nós fomos de férias até Israel na semana em que ele fez o espetáculo de
lançamento do álbum, tendo conseguido conversar com ele no final. Ele estava
muito entusiasmado, mas deixamos de ouvir falar dele durante meses, por isso pensamos
que se tinha esquecido... E, alguns dias antes da fase de mistura, deixou-nos
as suas faixas de guitarras sem avisar. Ficamos super felizes! Aconteceu o
mesmo com Kobi, exceto que os Orphaned
Land vêm a França com frequência, sendo, por isso, mais fácil conhecê-lo
pessoalmente. Ele também concordou e ambos acabaram na música. Sorte a nossa!
Também tentei o Chuck Billy para
cantar em Amerinds, mas não fui bem-sucedido!
Aliás, Syria
é uma das músicas mais fortes do álbum e da vossa carreira. Aborda a situação
da Síria e do terrorismo que tantas vezes tem afetado o teu país?
Temos refugiados sírios em
toda parte em Paris, e sinto-me muito preocupado. Às vezes paro para lhes
comprar um pouco de comida ou levo chocolate para as crianças, mas eles são incontáveis...
Basicamente lida com a sua situação, sim, como eles estão destruídos por nossa causa,
os países ocidentais e sobretudo os EUA. Isto é, na maior parte fomos nós que criamos
esta situação de terrorismo, levando a guerra ao seu país em nome da democracia
"sagrada". Simplesmente não queremos que as pessoas pensem de outra
maneira. Claro, quando eu digo "nós", quero dizer os nossos
políticos. Os civis são sempre vítimas das suas más decisões, na França, nos
EUA, no Oriente Médio e em todo o mundo. Sobre o terrorismo deves ouvir I Am C.
Como bónus têm a
música Tonight
He Grins Again dos Savatage da música. De
que forma essa música, original de 1991, ou mesmo os Savatage, te influenciaram
como músico?
Os Savatage são uma das nossas bandas favoritas de todos os tempos. Já
os acompanho desde o Edge of Thorns de
1993 e estamos muito tristes por eles já não fazerem mais música. TSO é apenas uma versão leve e
comercial dos que eram os Savatage,
uma má cópia. O sentido de musicalidade era insano e ninguém soa como eles.
Quer dizer, há toneladas de bandas na linha de Sabaton, Metallica, Helloween, etc... Mas há apenas um Savatage. Jon e Zak são cantores
incríveis, sem falar no talento de Cris Oliva.
Para Greg é a música favorita da banda.
Planos para o futuro?
Tentar crescer e fazer bons espetáculos
ao vivo. A internet mudou tudo no que
diz respeito a acessibilidades. A banda não poderia existir sem ela. Até a
maneira como trabalhamos é baseada nisso, enviando sistematicamente arquivos mp3. Mas, ao mesmo tempo, estamos perdidos
no meio da multidão... Espero que com a ajuda da Pitch Black Records as coisas mudem um pouco. E já temos demos para a maior parte do terceiro álbum,
portanto, não vamos esperar mais 4 anos para voltar a falar!
Muito obrigado,
Stepháne! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Sejam curiosos e, por difícil
que pareça, tentem ouvir algumas coisas novas. Quando compram uma edição
limitada de um CD dos Metallica/Maiden,
podem comprar 3 ou 4 CD’s independentes pelo mesmo dinheiro. Não me interpretem
mal – adoro essas bandas, mas como podem supor elas têm dinheiro suficiente
para arriscar. Experimentem novas bandas... começando por nós!
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