Reviews: Maio (III)

Zabriskii (SEMISTEREO)
(2019, Freia Music)
De Amesterdão surgem os Semistereo que com o enigmático título de Zabriskii atingem o seu quarto álbum. E mesmo movendo-se para sonoridades mais pesadas, Zabriskii mantém o seu habitual e misterioso espectro musical que os leva a navegar entre passagens alternativas, progressivas, sinfónicas e post-rock. Com sobriedade e letargia, este conjunto de temas reflete muita emoção transcrita em forma de música, mas pouca sensibilidade melódica. Um cruzamento tentado entre o prog rock e o post rock com estruturas metropolitanas e expansionismo apaixonado, onde não falta – embora de forma não muito convincente – erupções vulcânicas, passagens atmosféricas e um groove de aspeto moderno. [58%]


Into The Fire (MIDNIGHT BULLET)
(2019, Inverse Records)
Os Midnight Bullet são uma nova banda formada por membros com 15 anos de experiência noutras bandas finlandesas. E, na opinião do quarteto, o nascimento de uma banda nova deveria acarretar uma diferente abordagem musical. Assim contece com Into The Fire, terceiro registo, depois de um hiato de quatro anos. Into The Fire é um disco onde os temas apresentam uma forte dose de riffs que ajudam a construir faixas pesadas, com groove e onde o stoner, o thrash e nu metal se conjugam. Os temas são bastante curtos, logo diretos e com poucas nuances, nunca sendo grandemente apelativos. Curiosamente, a faixa final, Leavings, está num patamar completamente à parte, mostrando uns Midnight Bullet como nunca os tínhamos visto. [66%]


Rebis (REBIS)
(2019, Independente)
Dizem-se inspirados por Deftones, Tool, Baroness ou Melvins e a sua estreia surge neste ano de 2019 com um EP homónimo. São italianos, de Turim, chamam-se Rebis e nascem da ideia do baixista Federico De Leo (ex-Know Margaret) e do guitarrista Sabino Matera (ex-My Sins Don’t Bother You). São cinco faixas, onde se inclui uma curta intro, de metal alternativo cheio de apontamentos de modern metal e até algum post rock. Os riffs duros e os vocais puxados, mas com alguma melodia, mostram um coletivo que se mexe bem dentro do seu género. Sendo certo que nada de novo acrescentam, este cartão-de-visita deixa, no entanto, boas indicações, se atendermos à postura e à vontade com que destilam riffs de enorme densidade, ao mesmo tempo que conseguem introduzir a preceito as necessárias mudanças rítmicas. [64%]


Head Without Eyes (PER WIBERG)
(2019, Despotz Records)
Durante mais de 30 anos, o multi-instrumentista Per Wiberg já tocou em álbuns dos Opeth, Spiritual Beggars, Candlemass, Kamchatka, Switchblade ou Clutch/Bakerton Group, por isso estava na altura de se aventurar a solo. A solo quase a 100%, já que apenas a bateria não é tocada por ele – fica a cargo de Daniel Lidén. E assim surge Head Without Eyes, uma forma de Wiberg mostrar a sua vontade de mudança estilística. E que resulta num conjunto de temas que visitam o heavy, o doom e o industrial, sendo que há espaço para algumas camadas melódicas no topo de uma amálgama de experimentalismo. No fundo, bem diferente daquilo a que nos habituou o sueco, numa obra difícil de categorizar e que tanto se inspira em Hawkwind como em Killing Joke, Young Gods ou Van Der Graaf Generator. [65%]


Natural Born Sinners (CIRCLE OF WITCHES)
(2019, Sliptrick Records)
Natural Born Sinners é o terceiro álbum dos italianos Circle Of Witches e traz um novo capítulo com o foco em algumas figuras rebeldes da religião, história, antropologia e literatura. Diversas personagens são invocadas de forma mística e trazidas à memória num competente, bem balanceado e compacto disco de heavy metal com influências de atmosferas doom, situando-se numa zona de intersecção entre os Judas Priest, os Grand Magus e os Candlemass. Captado nos Alpha Omega Studios, Natural Born Sinners é composto por onze faixas, com todo o conceito a estar associado ao elemento Fogo, pelo que é notório o registo ardente, enérgico e cheio de paixão. Deus Vult, tema vocal em latim e inspirado pela Inquisição e pelo Malleus Malleficarum, é demonstrativo do nível já atingido pelos italianos. [73%]

Comentários

DISCO DA SEMANA #47 VN2000: Act III: Pareidolia Of Depravity (ADAMANTRA) (Inverse Records)

MÚSICA DA SEMANA #47 VN2000: White Lies (INFRINGEMENT) (Crime Records/We Låve Records)

GRUPO DO MÊS #11 VN2000: Earth Drive (Raging Planet Records)