Reviews: Maio (IV)


Primitive (THE DIRTY COAL TRAIN)
(2019, Groovie Records/Hey Pachuco Records/Vinyl Experience)
Que dizer de um grupo que lança um álbum com 34 músicas e cerca de um ano depois volta à carga com um novo registo e mais… 23 temas? Produção em série, e não trabalho criativo, é o nome que se pode dar ao processo de fazer canções utilizado pelos The Dirty Coal Train. Este novo conjunto de temas (sejamos diretos – isto não são canções!) foi gravado… em dois dias! Como é possível? Não é! O tema maior tem 2:48 minutos e isso dá para ter uma ideia do conjunto de recursos que não é possível usar. Ainda assim, seja por ser mais curto, seja por ter sido gravado maioritariamente ao vivo da forma mais crua possível, seja por ter o primeiro tema original escrito em português, Primitive consegue ser ligeiramente melhor que o seu antecessor. [58%]


Depart (AKKU QUINTET)
(2019, 7d Media)
Depart é o quarto álbum do ensemble de jazz suíço Akku Quintet, projeto do baterista Manuel Pasquinelli, mais conhecido pelos art-post-minimalist-prog-rockers Sonar. Depart traz o habitual toque minimalista e experimentalista sem perder a dimensão cinematográfica nem os momentos de dramatismo. Ainda assim, Depart é um álbum um pouco mais direto e expressivo que os anteriores trabalhos dos Akku Quintet, deixando espaço para os solos crescerem e se desenvolverem. A gravação, foi feita em formato live em estúdio e, de facto, só assim, é possível sentir toda a vibe e mood destas faixas - uma intrincada conversa musical com belos efeitos melódicos e arriscadas estruturas. [70%]


Desalmadamente (LENA D’ÁGUA)
(2019, Universal Music)
Há trinta anos que Lena D’Água, voz que popularizou temas como Robot (com os Salada de Frutas), Tu Aqui (com letra e música de António Variações) ou Sempre Que o Amor Me Quiser, não gravava discos em nome próprio apesar de diversas aparições com alguns artistas nacionais. Desalmadamente é, então, essa marca histórica da cantora, atualmente com 62 anos, e marca uma nova fase da sua carreira ao juntar-se a uma série de novos colaboradores. Entre eles estão Pedro da Silva Martins (Deolinda), António Vasconcelos Dias ou Benjamim que ajudam a relançar a carreira de Lena D’Água de uma forma soft e centrada na canção ligeira, com uma sonoridade fresca, embora num álbum nem sempre homogéneo. Aqui transparece a nostalgia de uma carreira passada, em temas que evidenciam que o brilho de outrora já não se pode repetir e que, portanto, a solução é reinventar-se. O que é feito de uma forma sensata sem ser demasiado radical em relação a um passado marcante. [70%]


Pride Before The Fall (IRON AGE MYSTICS)
(2019, Independente)
Pride Before The Fall é a estreia dos Iron Age Mystics (IAM), um coletivo que explora o patriotismo, a corrupção e a sobrevivência através de uma postura direta e descomprometida e praticada por um conjunto de músicos que têm gosto em experimentar. Mas estes, também são músicos com uma postura revolucionária e política. Por isso, será fácil encontrarem referências a Rage Agains The Machine, Nine Inch Nails, Living Colour ou mesmo Alice In Chains, U2 e Aerosmith no conjunto de faixas que compõem esta estreia. Os temas são obscuros e as melodias, nada óbvias, profundas e diversificadas, num registo que segue a mais negra e suja tendência de uma insurreição feita através do rock ‘n’ roll. [58%]


The New Routine (PORT NOIR)
(2019, InsideOut Music)
O power trio Port Noir destila uma espécie de rock alternativo de influência old school onde mistura influências do pop contemporâneo, do r&b e do hip hop. Inspirando-se em nomes como Rage Against The Machine, The Weekend, Daft Punk ou Queens Of The Stone Age, mostra uma sonoridade refrescante embora se perca bastante entre devaneios completamente desnecessários. The New Routine mostra uma faceta virada para uma componente muito comercial e um som muito polido procurando que a agressividade existente seja sempre excessivamente limada e controlada. Um controlo que se dispensava, até porque em termos líricos não existe esse cuidado. Para quem gosta de sonoridades modernas, diretas, enérgicas e intensas, esta pode ser uma boa solução. Para quem procura algo mais elaborado, esqueçam. [54%]

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DISCO DA SEMANA #47 VN2000: Act III: Pareidolia Of Depravity (ADAMANTRA) (Inverse Records)

MÚSICA DA SEMANA #47 VN2000: White Lies (INFRINGEMENT) (Crime Records/We Låve Records)

GRUPO DO MÊS #11 VN2000: Earth Drive (Raging Planet Records)