Nada o fazia prever, nem era essa a intenção do mentor
Farhad Hossain, mas a verdade é que One Day Closer To Yesterday, o mais recente trabalho dos Shumaun atinge uma bitola
de peso e crueza assinalável. Continua a ser progressivo, mas agora está mais
dentro do metal do que do rock. Este foi, de forma natural, um dos assuntos
conversados com o vocalista, guitarrita e teclista.
Olá Farhad, obrigado pela tua disponibilidade. Quando se
dá essa transformação nos Shumaun de um projeto solo para uma banda completa?
O prazer é meu! Bem, quando deixei a minha última banda, Iris Divine, estava a escrever material
para um álbum a solo. Era muito não-metal,
ou "progressista" para eles. Foi aí que decidi que queria tocar em
uma banda completa e recrutei alguns amigos para se juntarem a mim. Tanvir (o nosso
baterista) também tocou comigo nos Iris
Divine e deixou o grupo na mesma altura que eu. Foi depois de termos uma
formação completa que eu me voltei a encontrar, mais uma vez, com a escrita no
estilo hard rock, então mandei para a
sucata todo o material que tinha e comecei a reescrever tudo para o álbum de estreia
de Shumaun, por volta de 2013-2014.
Novo álbum cá fora – como definirias One Day Closer To Yesterday?
Acho que o álbum é uma progressão natural para mim como escritor. As
letras são um pouco mais pessoais e de natureza mais espontânea, muitas das quais
foram tiradas diretamente de sessões improvisadas, para o melhor ou para o pior.
De forma concisa, o álbum tem músicas mais curtas em comparação com o nosso
primeiro, mas ao mesmo tempo também inclui a música mais longa que escrevemos
até agora, com um pouco mais de 15 minutos, que é a faixa título One Day Closer To Yesterday.
Este álbum acaba por ser um pouco mais pesado e cru
que o último. Decidiste que seria assim logo desde o inicio do processo ou acabou
por acontecer?
Surpreendentemente, antes de começar a escrever, achei que o álbum seria
suave e mais ambiental, mas acabou por se transformer no oposto. Foi bastante
chocante para mim quando todos esses riffs
pesados de guitarra começaram a sair naturalmente. Na altura não estava a
ouvir nada pesado. Às vezes, as guitarras fazem o álbum soar um pouco mais
alternativo. Mas, honestamente estas músicas são mais difíceis de tocar ao vivo
do que as do nosso álbum de estreia, pelo menos no aspeto técnico. Eu percebo
que muitas pessoas considerem esse álbum mais “Progressivo”, por qualquer
motivo. Não tenho problemas com a forma como as pessoas nos classificam - progressivo,
alternativo, metal - sou bom em
qualquer um!
Como têm reagido os vossos fãs mais tradicionais a este
aumento de peso?
Muitas pessoas apreciam o álbum um pouco além da minha compreensão. Claramente
está a vender mais cópias. No entanto, estou ciente de alguns queriam que fosse
mais rock progressivo e não incorporasse
muitos dos elementos metálicos deste
registo. Eu só faço o que é natural e honesto para mim. Este disco é um retrato
honesto de onde eu estava naquele momento e por tudo que me possa ter
inspirado. Temos uma balada acústica, pelo que não é tudo pesado. Acho que é um
pouco pesado do ponto de vista emocional, de modo que isso pode ter influenciado
a minha forma de tocar guitarra.
Quando começaste a trabalhar neste novo álbum e como
foi a abordagem do processo de escrita desta vez?
Este álbum saiu um pouco mais natural e rápido que o primeiro, mesmo
levando em linha de conta que o processo de gravação teve alguns momentos que
atrasaram o lançamento. Quando estava a escrever as letras, notei que havia uma
temática. Assim, decidi torná-lo num conceito único e construir uma história em
torno dele. Isso também inspirou algumas das passagens musicais, com a
finalidade de juntar um pouco mais as músicas. Conscientemente escolhi
incorporar menos teclados, que sem querer, deu por vezes ao disco uma sensação
alternativa dos anos 90.
Ora, precisamente, sendo One Day Closer To Yesterday um
álbum conceptual, qual é base da história?
É essencialmente sobre dois amantes. Os personagens fazem uma conexão
profunda um com o outro enquanto num estado de pré-existência. No entanto, logo
que lhes são atribuídos corpos na Terra eles experimentam tempos turbulentos. O
relacionamento falha miseravelmente devido às variadas origens socioeconómicas
do casal, tentações mundanas e uma miríade de outros problemas. O protagonista
percebe que mesmo sabendo que conheceu a sua verdadeira alma gémea na Terra,
circunstâncias mundanas impedem-nos de estar juntos em paz, pelo que se encontra
à espera da morte para voltar ao dia em que eles podem ser um novamente. O
álbum toca em muitas lutas reais, conflitos e experiências pelas quais podem
passar os relacionamentos românticos… bons, maus, espirituais e terrestres.
O que te fez escolher Go para primeiro single?
Senti que Go é uma ótima
música para dar aos fãs aquele gostinho de esperar pelo novo disco. É conduzido
pela guitarra, progressivo, melódico e tem um grande refrão memorável. Realmente
senti que a música ressoaria nas pessoas.
E depois do lançamento do álbum, o que têm programado
para palco?
Tivemos um espetáculo de lançamento do CD para promover o disco e
geralmente tocamos na área de Washington DC, Virgínia, Maryland, nos EUA. Também
existem planos para tentar fazer uma tour
no final do verão. Isso seria pela região do Nordeste/Atlântico Médio dos EUA.
Muito obrigado Farhad! Queres acrescentar mais alguma
coisa?
Muito obrigado muito pela entrevista. Espero que as pessoas possam
conferir o nosso site www.shumaun.com. Ouçam e divulguem a nossa banda. É o único caminho para uma banda como
a nossa sobreviver nesta indústria musical em constante evolução.
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