Entrevista: Infrared


Os Infrared não são propriamente uns novatos nestas coisas, pois já nasceram nos anos 80, embora tivessem estado parados entre 1990 e 2014. Os dois álbuns lançados na segunda fase da existência da sua vida provam que o thrash metal old school está bem vivo. Este EP, Back To The Warehouse, traz ainda reminiscências desse passado, com um conjunto de temas grandiosos que, finalmente, tiveram o tratamento que mereciam. A pensar já num novo longa-duração, os canadianos, acederam a falar com Via Nocturna através do seu vocalista e guitarrista Armin Kamal.

Olá Armin, obrigado pela disponibilidade! Quem são os Infrared? Podes apresentar este projeto aos metalheads portugueses?
Infrared é uma banda de thrash metal de Ottawa, no Canadá, formada em meados dos anos 80, ainda como adolescentes, dissolvida em aproximadamente 89 ou 90 e depois reagrupada em 2014 com 3 dos 4 membros originais. Os Infrared são Alain Groulx na bateria, Kirk Gidley na guitarra, Mike Forbes no baixo e eu, Armin Kamal, nos vocais e guitarra. Até agora já lançamos dois longa-duração, No Peace e Saviors e um EP chamado Back To The Warehouse. Já tocamos com muitas bandas como Anvil, Sacrifice, Razor, Venom Inc., Flotsam & Jetsam e muitas outras. Apesar de agora estarmos mais velhos, continuamos muito ativos e temos muitas outras músicas para trazer ao mundo do metal.

Quando decidiram reerguer este projeto, quais foram as vossas intenções ou objetivos?
Nós não consideramos isto como um projeto, mas sim, a amizade de quatro pessoas que adoram este estilo de música e que já eram amigos muito antes de começarmos a banda. Portanto, a intenção é apenas fazer o que gostamos. Se outros também gostarem, isso é apenas um bónus para nós.

Quais são as vossas principais influências?
As pessoas podem ouvir os The Big Four como quatro grandes influências no nosso estilo, mas teremos que mencionar os grupos com os quais crescemos e que tiveram uma tremenda influência sobre nós, como Iron Maiden, Judas Priest, Black Sabbath e Scorpions. Claro, existem mais, mas estes estão mais destacados.

Podes descrever a música de Back To The Warehouse...
Back To The Warehouse é a última das nossas músicas antigas. No Peace era todo constituído por músicas antigas dos anos 80, Saviours foi com todas músicas novas escritas entre 2014 e 2017 e Back To The Warehouse é a última das músicas antigas, mas misturada com os nossos textos e arranjos de hoje, bem como com letras e fraseado ajustado. É um casamento entre o velho e o novo. E, claro, contém uma versão de Wrathchild dos Iron Maiden.

Precisamente, por que razão escolheram Wrathchild? É uma música que costumem tocar ao vivo?
Todos nós adoramos as antigas músicas dos Iron Maiden e combinam melhor com o meu estilo vocal do que as músicas com Bruce Dickinson. Mesmo que gostemos dos dois vocalistas, os primórdios dos Maiden tocam-nos mais. Era cru e as músicas eram todas sensacionais. Quando nos reagrupamos em 2014, foi muito difícil encontrar músicas que funcionassem connosco. Mas facilmente concordamos com essa música. Tocamo-la ao vivo algumas vezes e adoramos. É muito divertido de tocar.

E por que razão essa quinta faixa, a versão de Wrathchild, apenas aparece no formato físico e não no digital?
Essa é uma boa pergunta. O Bandcamp não permite vender versões, mas se forem à nossa página do CDBaby, aí já pode comprar a versão digital. Podem chegar lá através do nosso site.

Qual foi o vosso principal objetivo quando decidiram lançar este EP, depois de dois álbuns incríveis?
Um objetivo era garantir que não perdêssemos estas músicas antigas, porque gostamos muito delas. Foram escritas mais tarde nos anos 80 e nunca tiveram a oportunidade de serem gravados, exceto numa jam session ao vivo. Assim, ficamos com a certeza que elas tiveram o que mereciam, que é uma boa gravação. O segundo objetivo era dar aos nossos fãs algo extra para ouvir, tanto em CD/MP3, como ao vivo. As músicas são divertidas para se tocar ao vivo, pelo que esperamos incorporá-las todas nos nossos sets.

Como foi o processo de trabalho que vos levou até esta incrível coleção de músicas?
Até agora, o nosso processo de escrita e gravação tem sido bastante similar para todos os álbuns. Kirk e eu temos muitos riffs que moldamos em músicas. Gravamos versões e arranjos crus que apresentamos à banda. Aí, em conjunto, moldamos as músicas, os arranjos, planos, basicamente todas as coisas que ajudam a tornar as músicas especiais. Depois gravamos um rascunho da versão final, seguido do corte final. Normalmente sou eu quem escreve todas as letras, mas Kirk dá-me alguns temas de música e algumas ideias líricas.

E quais são essas temáticas líricas que são abordadas pelos Infrared?
Nós tocamos em muitos tópicos, guerra, ganância, abuso de poder e por aí fora, mas especificamente para Back To The Warehouse, as nossas músicas são em grande parte baseadas na opressão social. Uma sociedade que quer dobrar-te e moldar-te à sua vontade. Esse é o sentimento geral de Meet My Standars e Animated Realities. One Mouth Two Faces é o que parece... backstabbers. Hate Today Despise Tomorrow é como a guerra e o genocídio contra um grupo se voltam, mais tarde na história, para a guerra e genocídio contra outro grupo pelo mesmo grupo que o sofreu primeiro. Mostra como não aprendemos com as lições e como a humanidade não progrediu.

Têm algum vídeo de promoção deste trabalho?
Ainda não. Mas acabamos de lançar um vídeo para o Genocide Convention do álbum Saviours, que trata do genocídio contra os povos indígenas no Canadá por meio do sistema escolar residencial. O governo queria matar o "índio" na criança e basicamente branqueá-lo. Isto levou a muitas atrocidades e sofrimento ao longo de um período de 120 anos e ainda hoje tem um tremendo efeito negativo sobre a sua cultura e comunidades. Podemos fazer um vídeo para uma música deste EP, mas ainda não temos certeza... é caro e demorado e gostaríamos de nos concentrar num novo álbum o mais rápido possível.

O que têm previsto em termos de tournée para promover este EP?
Temos previstos alguns espetáculos no outono e inverno que definitivamente terão algumas dessas músicas nos sets. Também planeamos uma mini-tournée em Ontário para o outono, para ajudar a testar as músicas em novas comunidades.

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