Passado que está o período mais conturbado da vida dos Enchantya, que levou
a uma reestruturação total do line-up e a uma mudança
de editora, a banda de Rute Fevereiro regressa mais forte que nunca com On
Light And Wrath. Um disco com muito para descobrir e passos seguros rumo ao
inevitável crescimento de um dos mais interessantes projetos nacionais. A líder
do metal no feminino em Portugal falou-nos deste disco e das míticas
Black Widows que estão de regresso.
Olá Rute, como estás? Conversamos há sete anos a respeito de Dark Rising. Estamos a conversar agora a respeito de On Light And
Wrath. E a primeira questão é precisamente essa: porque tanto tempo entre
lançamentos?
Realmente demorou
muito tempo a fazer-se o segundo álbum On Light And Wrath porque houve
uma mudança no line up da banda. Em 2016 tive de recomeçar a banda
por completo uma vez que já não havia grande química com a formação anterior e
como tal as coisas não estavam a resultar. A partir de 2016 com a entrada
de novos elementos da banda, foi fácil compor para o novo álbum.
Em que projetos estiveste ocupada durante este tempo?
Em nada de muito
concreto. Posso dizer que foi um dos períodos mais inertes da minha
carreira musical, aquele entre 2014 e 2016. Participei como cantora convidada
no projeto Silent Delusion, mas desde que regressei com Enchantya
com toda a força, também tudo o resto começou a fluir. Sinto que estou num dos
pontos mais altos da minha vida musical.
Ora, para On Light And Wrath há uma série de novidades. Desde
logo a mudança da Massacre para a Inverse. Na altura tinha sido uma ligação
fácil à editora alemã. Voltou a ser fácil agora?
Sim, de facto não
tivemos qualquer problema em arranjar editora. Tivemos 10 propostas em cima da mesa
e no final decidimos assinar com a Inverse Records.
E porque a aposta numa editora finlandesa? Uma maior adequação ao vosso
som?
Por um lado, quisemos
apostar numa editora do norte da Europa, também eles são bastante bons no que
fazem além de que na Finlândia este género musical é bastante famoso. Para além
disto, queríamos ter uma editora que nos desse uma atenção mais personalizada,
algo que não acontece quando estás numa editora tão grande com é a Massacre.
Claro que a Massacre Records fez um bom trabalho por Enchantya
mas desta vez queríamos ter uma editora com a qual trabalhássemos par a
par.
Depois, os membros que te acompanham são todos novos. Este line-up já te acompanha há quanto tempo?
Este novo conjunto de
músicos de Enchantya já me acompanha desde 2016. Estamos a falar do Pedro
Antunes que toca teclas e faz as orquestrações, do Fernando Campos e
do Bruno Santos que tocam guitarra, do Fernando Barroso que toca
baixo e do Bruno Guilherme que assegura o lugar na bateria desde 2018,
ele que já tinha tocado antes connosco e que felizmente regressou a
banda.
Mas parece claro que On Light And Wrath é o
teu trabalho mais competente e consistente até à data. Tens esse feeling
ou esse feedback?
Em relação a Enchantya
concordo absolutamente, foi o trabalho mais complicado para mim a nível vocal
uma vez que exigiu muito maior versatilidade da minha parte, uma maior e melhor
técnica na colocação da voz e muita expressão na interpretação dos temas.
Para que isso acontecesse onde te focaste mais desta vez? Que cuidados
tiveste em termos de conceção, criação e gravação?
Foi basicamente um bom
trabalho de equipa em que todos sugerimos ideias uns aos outros, onde fizemos
muito trabalho de casa, demos críticas construtivas ao nosso trabalho e fizemos
uma boa pré-produção para percebermos e termos noção de como seria o álbum e
como poderíamos melhorar.
E foste mesmo muito mais longe do que seria previsível com os convites a um
violinista e um coro, isto para além dessa figura
mítica que é o Tear dos Desire…O que procuraste atingir com estes
convidados?
Todos tivemos a ideia
de pôr estes convidados. Especialmente o nosso teclista Pedro Antunes que falou
com os seus grandes amigos que participaram no coro, sendo eles atores
experientes que também cantam nas suas peças e isto deu obviamente uma
expressão e dramatismo que jamais conseguiríamos atingir sem eles estarem
presentes. Depois também houve a participação do Gonçalo no violino que trouxe
toda uma dimensão mais emocional e tivemos o convidado muito especial Tear
(Corvus) dos D E S I R E que contribuiu com a sua voz única para o
tema Once Upon A Lie. Estes convidados tiveram um papel muito único e
muito especial e enriqueceram imenso o nosso álbum.
Alguns destes convidados te acompanhará ao vivo?
Sim, o coro participou no concerto de lançamento do
álbum no RCA Club. Além deles ainda tivemos a participação do modelo que entrou
na capa do nosso álbum, o Miguel Januário, que teve algumas participações teatrais
onde interagiu comigo. Não está fora de hipótese novas participações do coro, e
o Gonçalo irá acompanhar-nos à Assembleia do Metal em dezembro.
Quanto às Black Widows estão, definitivamente, terminadas ou ainda pensas
em fazer renascer esse nome icónico do metal nacional?
As Black Widows
estão de volta. Aliás, até tocámos na Feira do metal em abril deste ano
e espera-se novidades para o outono. Estamos de volta em força.
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