Identidade.
É desta forma que os Vultures Vengeance se descrevem a si próprios. E é com The
Kinghtlore, primeiro longa-duração, depois de uma demo e dois EP’s
que a banda italiana eleva o conceito do epic metal a um patamar superior.
Para nos falar desta proposta conceptual fomos falar com o guitarrista, vocalista
e membro fundador Tony T. Steele.
Olá
Tony, obrigado pela tua disponibilidade! Podes apresentar esta nova banda
Vultures Vengeance aos metaleiros
portugueses?
Eu
descreveria a banda com uma palavra apenas: identidade.
Quando
é que decidiram começar este projeto e quais foram as vossas intenções ou
objetivos?
A banda foi
fundada por mim em 2009 e a ideia inicial era formar uma banda influenciada pela
NWOBHM, especialmente pela sua veia mais escura (Witchfynde, Witchfinder
General, Incubus, Dark Heart, etc.), mas com o tempo as
composições foram ganhando uma forma mais dura e mais próxima do epic metal
americano. Nessa altura éramos um power trio
composto por mim, pelo K. Khel, alguém que eu já conhecia há muitos anos e pelo
Nail, que conheci em vários concertos em Roma. A chamada formação estável veio
com a entrada do Matt Savage para o baixo. Antes
da formação dos Vengeance Vultures tocámos juntos nos Necromancer,
mas nunca gravámos nada, só fizemos alguns concertos. Eu pensei no nome e fiz o
logo. Em relação ao nome pensei nele como numa metáfora: os abutres são as pessoas
que vivem fora das gaiolas impostas pelo mundo moderno, mas que ao mesmo tempo
são discriminados e forçados a viver à margem. Assim, o nome tem um duplo
significado que também pode ser interpretado como algo inexorável.
Quais
são vossas principais influências?
As
influências dos Vultures Vengeance são muitas e derivam não apenas dos
anos 80, mas também dos anos 70, especialmente em algumas atmosferas. Musicalmente
estamos perto do heavy metal americano e canadiano (Omen, Virgin
Steele, Crimson Glory, Warlord, Black Knight, Witchkiller,
Valhalla, Breaker etc.), mas as minhas influências pessoais
também estão enraizadas em grupos dos anos 70, como Rush, Dust, Sorcery,
Jerusalem, Birth Control, High Ride, Iron Claw, Alkana,
etc… São muitos nomes para mencionar… e obviamente, acho bem mencionar as
bandas icónicas que fizeram grande este género.
Como
descreverias The Knightlore nas
tuas próprias palavras?
The
Knightlore pode ser definido como um álbum conceptual sobre
identidade, desenvolvimento (crescimento) e mudança, descrevendo as formas
pelas quais percebemos a nossa vida e tudo o que nos rodeia. Tentando encurtar
a história, poderíamos dizer que são os conflitos entre duas gerações
diferentes. Ainda assim, Fates Weaver é sobre a inevitabilidade do
destino; Pathfinder’s Call é uma ode à criatividade e às paixões como
único salvador do abismo que mantemos dentro de nós; The Knightlore é sobre o pedido feito pelos homens para serem
ajudados pelos deuses; The Lord Of The Key
é sobre a dependência de drogas, enquanto Dead Man and Blind Fate falam sobre o
arrependimento e as escolhas dificultadas pela nossa mortalidade; Eyes Of
The Stranger é sobre se perder e ser condenado a cometer os mesmos erros
repetidas vezes; finalmente, Chained By The Night conta a última batalha
de dois guerreiros e fala ainda do fim da fraternidade.
Como
é que entraram em contacto com a Gates Of Hell Records?
O primeiro
contacto aconteceu em 2015 quando a nossa primeira demo saiu e eu me
encontrei com o Enrico da Cruz Del Sur num concerto dos Dark
Quarterer em Roma. Nessa altura eu tinha a fita da demo comigo e dei-lha
pessoalmente. Depois disso, ele disse-me que uma subsidiária tinha acabado de
nascer e que se orientava para o género de heavy metal mais clássico. Chamava-se
Gates of Hell Records e a nossa colaboração nasceu.
Como
foi o método de trabalho que levou à criação desta coleção de músicas?
Eu gravei
todas as músicas em casa com programas de áudio antes das gravações reais em estúdio.
Isso demorou muito tempo porque ter uma música em mente é muito diferente de a ouvir.
E nunca fiquei 100% satisfeito. Muitas vezes deixei passar vários dias antes de
ouvir uma música para entender o que poderia ser melhorado. Por esta razão costumo
regravar muitas partes. Para mim, o resultado satisfatório corresponde a ter um
arranjo onde cada parte única é algo diferente do habitual, algo que não lembre
diretamente nada do que foi feito até agora. Às vezes, neste género, parece
impossível sair de algumas estruturas canónicas, como os típicos 3 acordes em
que algumas bandas basearam a sua carreira. Em The Knightlore podes
reconhecer estruturas "canónicas" de heavy metal, mas durante
a escrita do disco tive a perspicácia de mudar a essência dos três acordes
típicos do heavy metal, tornando as partes mais interessantes através da
adição de frases, harmonias ou arpejos. Muitas peças, sem esse tipo de arranjo,
não teriam o mesmo impacto. Além disso, muitas partes lembram uma imagem ou uma
ideia. Por exemplo, a fase inicial e final de A Great Spark From The Dark
lembram exatamente um "brilho" como no título da música. E o álbum
inteiro está cheio dessas referências. Logo depois de ter composto tudo, mandei
as pré-produções para os restantes membros e durante a fase de gravação houve
outros arranjos. Infelizmente, hoje o ouvinte médio é muito preguiçoso e fica
excitado quando ouve algo que permanece nos cânones.
Que
assuntos abordam nas vossas canções?
Inspiramo-nos
na vida quotidiana. Muitas letras são histórias épicas que funcionam como uma
metáfora para contar histórias da vida real, mas existem muitas facetas que o
ouvinte pode captar e interpretar. As letras dos Vultures Vengeance são
inspiradas no que nos rodeia. Mesmo se revestidas de imagens épicas, todas se
referem à realidade em que vivemos. A vida e os seus vários níveis de perceção,
realidade e facetas, contos de homens e sociedades.
Já
têm algum vídeo para este álbum?
Para ser
honesto, temos pensado muito sobre isso, mas acho que ainda não nos focamos suficientemente
na ideia. Seria ótimo visualmente poder recriar as atmosferas deste álbum,
especialmente em canções como The Knightlore. Mas para fazer o que temos
em mente, seria necessária uma boa equipa de filmagem, produtores, atores e
efeitos especiais, o que de momento não é possível. Escusado será dizer que, se surgir a
possibilidade de fazer um videoclipe, naturalmente iremos considerá-la!
E
quanto a tournées? Alguma coisa em vista?
Sim, temos
uma tournée europeia marcada para novembro! Vamos tocar na França,
Espanha, Bélgica, Alemanha e Suíça. Todas as datas serão publicadas em breve!
Muito
obrigado, Tony! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Podemos dizer
algo mais sobre o título do álbum: The Knightlore é sobre aqueles homens
que lutam por aquilo em que acreditam, aquilo que consideram certo. Agora parece
que as pessoas não têm mais nada por que lutar, abandonam a sua moral e os seus
ideais com medo de não serem aceites ou serem julgados. Todos tentam ser alguém
para os outros sem nunca se perguntar quem realmente são, levando-os a viver
uma vida que não lhes pertence e com isso, alimentam os seus medos e poluem os seus
corações, exacerbando-os a separarem-se uns dos outros. Os Cavaleiros são
aquelas pessoas com o dom da fala num mundo de surdos, que lutam mesmo sabendo
que vão cair. Obrigado pela entrevista! Até uma próxima! Felicidades!
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