Entrevista: Graveyard


Os titãs do death metal espanhol, Graveyard lançaram, recentemente, o seu quarto álbum, Hold Back The Dawn. Sem contemplações, trata-se de mais uma descarga de old school death metal, mesmo que o terno old school não seja totalmente do agrado do guitarrista Javier Félez, com que conversamos a respeito deste lançamento.

Olá Javier, obrigado pela disponibilidade. Três anos depois, Hold Back The Dawn marca o vosso regresso. O que nos podes dizer a respeito do novo álbum?
Olá Pedro! Hold Back The Dawn é o terceiro episódio de uma quadrilogia que começamos em 2012 com The Sea Grave, baseado na cosmologia de Lovecraft. Começamos a compor em agosto de 2018 e a gravamos no início de 2019. Como sempre, todo o processo de composição, ensaio e gravação foi muito rápido, temos uma ideia muito forte e clara sobre como devemos soar, pelo que desta vez, novamente, tudo foi muito suave.

Portanto, os vossos fãs não ficarão desapontados... será mais um ataque de old school death metal?
Para mim, não existe old school ou new school. Só vejo o death metal clássico e o resto. Hoje em dia, a maioria das coisas consideradas Death Metal não parecem ser o que eu considero ser como o Death Metal foi concebido há mais de 30 anos. A esse respeito somos muito puritanos. Hold Back The Dawn representa tudo o que se relaciona com a nossa visão sobre Death Metal. Maléfico, obscuro, sombrio, dramático, épico e distorcido. Eu odeio bandas que parecem brutais apenas para serem brutais, se é que me entendes. Death Metal deve ter vibe, tocar a alma. Quando tudo se resume a ser super rápido e super brutal, esse sentimento que todas as bandas antigas costumavam ter, perde-se.

Existe algum significado para este título, Hold Back The Dawn?
Ao manteres o amanhecer, a noite torna-se eterna. Portanto, não há luz purificadora, apenas trevas infinitas. E isto encaixa na letra, mas também na música. Nós gostamos deste tipo de títulos enigmáticos, mesmo que não soem necessariamente a Death Metal.

Entretanto, mudaram de guitarrista. Desde quando C. S. está na banda?
Mark, o nosso guitarrista anterior, decidiu concentrar-se na sua banda principal, Körgull the Exterminator. Não tinha tempo para as duas bandas, pois estava a trabalhar demasiado. Tanto quanto me lembro, pedimos ao Carlos que se juntasse a nós no início de 2016. Ele é um bom amigo da banda e uma pessoa impecável, com o mesmo gosto musical e um incrível sentido de humor, algo que exigimos a qualquer pessoa que se junte ao nosso gangue. Na altura estava a tocar nos Morbid Flesh, que é a banda do nosso baterista.

Já teve oportunidade de cooperar no processo criativo para este álbum?
Ele entrou na banda quando ...For Thine Is The Darkness, o nosso álbum anterior, já estava gravado, por isso não fez parte desse álbum. Quando chegou a altura de preparar Hold Back The Dawn, todos trouxeram ideias ou músicas finalizadas. Fui eu, juntamente com o nosso baterista Gusi, que montamos tudo e decidimos quais as ideias ou músicas ficariam no álbum. Carlos trouxe algumas músicas, The Shrike e Madre de la Noche que adicionaram uma nova dimensão às nossas coisas de sempre. Acho que ele ainda compôs uma terceira música que não apareceu no álbum por algum motivo que não lembro agora...

Podes falar um pouco dos convidados deste álbum? Como se proporcionou a sua colaboração?
Apresentamos sempre, em todos os discos, algumas colaborações de convidados, é como uma tradição. O processo é sempre o mesmo: perguntamos a alguns dos nossos amigos pessoais dos últimos anos se querem fazer parte do álbum e a maioria concorda. Hold Back The Dawn conta com 4 convidados: Eloi dos death metallers espanhóis Vidres a la Sang (vocais), Michael Koch dos Atlantean Kodex (solo principal), Felipe Plaza dos Nifelheim/Destroyer 666/Procession (vocais) e Alex dos Black Oath (vocais). Também tivemos a oportunidade de incluir Martin Van Drunnen dos Asphyx - um amigo de longa data – em alguns vocais, mas já foi tarde e o álbum já estava na fábrica para a impressão. Fica para uma próxima.

Entretanto já lançaram um single. Pode ser considerado como a imagem dado álbum?
Nós não lançamos singles, é mais como um avanço do álbum, por assim dizer. Para ser honesto, foi mais uma decisão da editora. Até os anos 90, a palavra single significava que era a música mais forte do álbum. Alguns álbuns tinham algumas músicas fixes (basicamente os singles) e o resto do álbum era péssimo. Era comum que bandas e editoras colocassem todo o seu esforço nos 2 ou 3 singles, porque sabiam que essas eram as músicas que tocariam na rádio, tinham os seus videoclipes com uma exibição decente na TV, as pessoas ouviam em clubes ou discotecas de metal... Nós lançamos álbuns, não apenas algumas boas faixas e mais seis fillers.

Obrigado, Javier. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado pela entrevista, espero que tenham gostado do álbum! Foi lançado a 20 de setembro pela War Anthem Records, nos formatos LP/CD/cassette. Logo após o lançamento do álbum, temos uma tournée europeia com os nossos amigos Corpsessed e Lie in Ruins. A última vez que tocamos em Portugal foi em 2008 (Barroselas), vamos ver se podemos voltar em 2020. Felicidades!



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