A Holanda é
sobejamente conhecida pelos seus grupos de rock
progressivo e, mesmo nos dias de hoje, são muitos os músicos que seguem o
caminho traçado pelos grandes nomes do passado como Focus, Kayak, Ayreon entre
muitos outros. E um dos mais prolíficos músicos desta nova geração é Han Uil
que tem discos lançados com os TumbleTown, Seven Day Hunt e a solo. E o motivo
que nos leva à conversa com o criativo multi-instrumentista do país das tulipas
é mesmo Esoretic Euphony, o seu mais recente
– e espetacular, refira-se – disco a solo.
Olá Han! És conhecido
como membro dos Tumble Town e Seven Day Hunt e também tens três lançamentos a solo.
A primeira pergunta é, precisamente, como consegues definir para que projecto
estás a compor…
Olá Daniel, muito obrigado
pelo teu interesse na minha música! Na altura de compor e fazer demos, não sei em qual projeto, solo ou TumbleTown, uma música terminará. Com
exceção daquelas situações em que termina numa faixa de blues rock, não vou incomodar TumbleTown
com isso. Geralmente é assim: quando tenho várias músicas, envio-as aos meus
amigos dos TumbleTown, Aldo Adema e Erik Laan. Algumas faixas que não se encaixem no álbum podem
resultar, posteriormente, num trabalho a solo. Neste disco, combinei essas
faixas com algumas músicas novas que escrevi.
Como analisas, de
forma comparativa, o trabalho que apresentas como artista a solo ou incluído numa
banda?
Eu acho que os meus
trabalhos a solo são um pouco mais variados em estilos e atmosferas. Com os TumbleTown, é preciso haver um consenso
sobre que músicas vamos trabalhar. Elas precisam encaixar-se no idioma do rock sinfónico/rock progressivo, porque esse é o nosso ponto em comum. A solo não
tenho nenhuma restrição, exceto que deve haver algum tipo de coerência no
álbum. Por exemplo, Esoteric Euphony
encaixa-se no género de crossover prog,
enquanto o álbum de 2015 Lawless Local
Heroes é mais como um álbum de blues
rock Americana.
De
qualquer forma, podemos considerar Esoteric Euphony como o teu álbum mais próximo dos álbuns de TumbleTown?
Sim, tem o espírito de TumbleTown, mas num estilo um pouco
mais amplo e mais blues. Acho que é
mais maduro do que o meu álbum de 2010, Dark
In Light, que também pode ser considerado um álbum de rock progressivo.
Para
este álbum, tiveste a ajuda de alguns convidados. Podes apresentá-los e falar
um pouco do papel deles no
álbum?
Em quatro faixas, sou
apoiado pela vocalista Esther Ladiges.
Ela costumava cantar em Illumion e fez
uma faixa para Ayreon. Também já
tinha trabalhado comigo no meu álbum anterior, Lawless Local Heroes. A voz dela combina muito bem com a minha e é
uma ótima pessoa, sendo um prazer trabalhar com ela. Peter H. Boer toca baixo em nove faixas. Conheci-o quando trabalhei
com Esther há alguns anos. Ele também tocou em Illumion (e S.O.T.E.). Ouvi
os álbuns deles e sabia que ele seria a pessoa ideal para este trabalho. Felizmente,
ele quis ajudar e fez um ótimo trabalho! Aldo
Adema tocou numa música, The Next
Door Bully. É uma faixa que trabalhamos nos TumbleTown, mas que não foi lançada no álbum Never Too Late. Para as partes de bateria, encontrei Maurizio Antonini num site de músicos de sessão. Ele é uma
pessoa fixe, muito fácil de trabalhar e apresentou ótimas performances para o meu álbum. Em algumas faixas, quis um som vocal
diferente e foi assim que me deparei com as cantoras Caroline Joy e Kate Mitchell.
Uma das músicas mais
fortes do álbum é We
Are United, uma música que fala dos
atentados no Manchester Arena. É a Theresa May que ouvimos nesse discurso lá
incluído?
Sim, é Theresa May.
Incluímos esse sample porque ela
articulou muito bem como nos sentimos em relação ao ataque. A minha namorada
assistiu a um concerto naquele local um dia antes do atentado. Portanto, está
muito próximo. Um homem, consciente e voluntariamente, destrói a vida de tantos
jovens e pais. É uma loucura!
Como foi todo o trabalho
no estúdio, considerando que foste compositor, tocaste guitarra e teclados,
cantaste e até fizeste a mistura e masterização?
Adoro todos esses aspetos
mencionados. É tudo divertido, mas quando se trata da minha música, também sou
uma espécie de maníaco por controlo. Com os TumbleTown, sou capaz de abandonar algumas partes, porque Aldo Adema e Erik Laan são melhores do que eu no que fazem. Começo sempre com a
música e uso instrumentos virtuais para fazer uma demo. O meu teclado é péssimo, mas com o midi consigo muito. Depois vem a parte mais difícil e menos
divertida: escrever a letra. Depois disso, as coisas divertidas começam
novamente com a prática e a gravação dos vocais e as partes da guitarra
principal. Depois disso, os outros músicos podem fazer as suas partes e a começa
a mistura e masterização.
Por que Esoteric Euphony? Existe algum significado para este título ou para os temas abordados no
álbum?
Eu escolhi o título deste
álbum porque este álbum não é para as massas. Eu não escrevo músicas para
ninguém além de mim. É o meu mundo musical, a minha eufonia esotérica. Claro,
espero que alguém, para além de mim, também goste.
Tens alguma coisa
planeada para apresentar este álbum ao vivo? Portugal está incluído?
Não tenho banda e as possibilidades
de eu tocar estas músicas ao vivo são pequenas. Também existe o facto de que não
há muitas oportunidades para tocar o próprio trabalho aqui na Holanda, especialmente
quando é rock progressivo. E se conseguires
tocar, as audiências são baixas. Para mim, não vale todo o esforço necessário
para fazer um espetáculo, especialmente quando se depende de músicos
convidados. Mas estou muito feliz com o meu papel como músico de estúdio.
Muito obrigado Han. Queres
adicionar mais mais alguma coisa?
Muito obrigado por esta
entrevista e pela tua review!
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