Entrevista: Edenbridge


Ao décimo álbum de originais os austríacos Edenbridge consolidaram a sua posição na Steamhammer/SPV com aquele que é o seu terceiro lançamento pela mística editora germânica. Dynamind é um disco que segue todas as tendências da banda mas que consegue introduzir algumas nuances novas. Fomos tentar perceber o que mudou numa agradável conversa com o duo mentor do coletivo – Lanvall e Sabine Edelsbacher. Uma conversa que nos conduziu até umas férias em Lisboa e no Algarve e a um mestre da Fórmula 1.

Olá Lanvall e Sabine, obrigado pela sua disponibilidade. Novo álbum quase cá fora… o que têm a dizer a respeito de Dynamind?
Lanvall (LV): As minhas expetativas foram completamente cumpridas. Este é sempre um ótimo momento quando tocas o álbum para as pessoas e te sentas e simplesmente relaxas sobre tudo, porque sabes que tudo se encaixou.
Sabine Edelsbacher (SE): É sempre uma sensação boa quando o feedback dos outros concorda com a própria consciência.

Com este álbum, que mensagem tentam transmitir aos vossos ouvintes e fãs?
SE: O título Dynamind é um trocadilho com Dynamite, que também representa o momento que vivemos atualmente na Terra, bem como a segunda palavra "mente" para espírito. O espírito com que cada indivíduo contribui para o quadro geral e subsequentemente é reafirmado a partir da consciência coletiva. A humanidade move-se dinamicamente entre as polaridades e nós, seres humanos, ao que parece, estamos cada vez mais nas margens. Acreditar no que é bom e mau, muitas vezes faz-nos julgar o certo e o errado com muita rapidez. É a mente que ganha vantagem. É perigoso quando não estás interessado no mistério e na essência do outro lado/opinião. É preciso a ligação do coração e da mente, envolvendo o outro lado e não dividindo-o. Onde essas polaridades se conectam, o verdadeiro desenvolvimento espiritual pode ocorrer e é então Dynamind.
LV: Três músicas tratam do tópico da memória nos seus vários termos. A saber The Memory Hunter, All Our Yesterdays e Live And Let Go. E para citar mais uma faixa, Tauerngold. A inspiração veio de uma pequena vila intocada chamada Rauris nas montanhas austríacas (Hohe Tauern). A vila era famosa por sua ocorrência de ouro. 10% do ouro mundial foi lá escavado até ao século XV. Mas estima-se que ainda lá haja 80%. Há alguns anos, uma empresa americana prometeu 500 empregos para a população local lavar o ouro com produtos químicos pesados ​​que destruiriam para sempre o vale. O povo votou contra e, portanto, Tauerngold é sinónimo de ouro verdadeiro, a natureza quase intocada!

No álbum The Great Momentum, foste responsável pelo baixo. Agora tens o Stefan Gimpl. Ele é um pleno e permanente membro dos Edenbridge?
LV: Stefan é um membro permanente e tocou todas as partes do baixo no novo álbum. Estou feliz por não o ter feito desta vez. Só tive que produzir as peças e gravá-las!
SE: Eu fico sempre feliz quando nos encontramos. Stefan tem a viagem mais longa, pois ele é da Baviera. Ele tem uma personalidade muito equilibrada, mas também é muito engraçado. Musical e humanamente, somos uma boa equipa.

Quando sentiste a necessidade de ter um baixista a tempo inteiro?
LV: Para as atuações ao vivo, é importante ter um baixista. Quando tivemos que começar as nossas últimas, encontramos Stefan no final de 2016, quando os espetáculos ao vivo para o álbum The Great Momentum estavam próximos. Desde então, ele está a bordo.

Falando em membros, o processo criativo continua dependente apenas de vocês os dois, não é?
LV: A música é toda responsabilidade minha e em termos líricos, Sabine e eu trabalhamos juntos alguns títulos. Desta vez, escrevemos as letras de On The Other Side e Dynamind juntos.

Como descreveriam o Dynamind, especialmente em comparação com vossa carreira tão vasta?
LV: Acho que o novo álbum é mais pesado que o anterior, porque é principalmente o resultado de partes menos orquestrais e teclados mais subtis. No início nada disto foi planeado, mas muitas das novas músicas não precisavam de partes orquestrais, então por que colocá-las? Mal podemos esperar para apresentar as novas músicas ao vivo e acredito que muitas delas entrarão no nosso setlist para a próxima tournée.

Desta vez, como foi a vossa abordagem à composição, tanto no aspeto musical quanto lírico?
LV: Praticamente como sempre. Juntar ideias durante um período de tempo, começar a organizá-las e tentar entrar no fluxo. Às vezes é difícil, mas depois de uma pausa mais longa no verão de 2017, tudo correu muito bem. Para mim, é importante o manter nosso estilo típico, mas experimentar bastante. Isso mantém a música fresca. Quando a música termina, ou, digamos, quando a maioria das músicas termina, chega a fase de começar a escrever as letras. Eu tenho uma longa lista de possíveis títulos de músicas.

Musicalmente, Dynamind mostra uma habilidade composicional complexa e madura. Podes descrever um pouco do que os fãs podem esperar deste novo álbum?
LV: Esperem o inesperado (risos)!! Bem, acho que é o nosso álbum mais pesado até agora e o espectro de atuação é extremamente grande, desde a atmosférica faixa-título à longa e épica canção de 12 minutos, uma música irlandesa...

Mais uma vez, precisamente, com um tema muito longo, The Last Of His Kind. Podemos considerá-lo como a continuação ou conclusão de The Grand Design ou Myearthdream?
LV: Sim, absolutamente! The Last Of His Kind, a faixa épica de 12 minutos, lida com a morte catastrófica de raças de animais no nosso planeta e é a 3ª parte da história que comecei com The Grand Design e o seu sucessor Myearthdream.

O CD bónus traz a totalidade do álbum em versão instrumental. Quem teve a ideia e qual o seu propósito?
LV: Acho que é um bónus porreiro, pois muitas pessoas gostam de ouvir as versões instrumentais para perceber o que acontece sem vocais. Além disso, é frequentemente usado na televisão austríaca durante as corridas de Fórmula 1. Fiquei impressionado e emocionado, quando as 25 vitórias de Niki Lauda foram resumidas em 6 minutos, apenas sublinhadas com os sons do motor e a nossa música como um epitáfio do nosso tricampeão mundial e um dos meus maiores heróis!
SE: Os nossos fãs cantores também sabem fazer muito com a nossa versão de karaoke!!

Depois de uma carreira tão longa, ainda sentem a mesma energia e força na altura de compor novas músicas, gravar novos álbuns e tocar ao vivo?
LV: Absolutamente, mas precisamos de intervalos para recarregar as baterias e ter novas ideias e inspiração. Para mim é impossível estar num constante de álbum/tournée/álbum/tournée, pois não consigo ser criativo em tournée.

Com tantos álbuns lançados, ainda têm surpresas durante os processos de criação e gravação?
LV: Absolutamente. Às vezes, uma música cresce durante a sua produção final, como foi o caso de What Dreams May Come deste álbum. Durante a fase de demos era das minhas menos favoritas, embora ainda a considerasse forte, mas com os vocais e coros finais, é com certeza um dos destaques.

Karl Groom foi, mais uma vez, o nome escolhido para a mistura. Há um perfeito entendimento entre vocês…
LV: Nunca se muda uma equipa vencedora e é simplesmente ótimo trabalhar com Karl. Foi tudo gravado no nosso estúdio Farpoint Station, exceto a bateria, onde fomos para outro estúdio aqui na Áustria. Depois voei até Karl e fizemos a mistura em 9 dias, mais outros 3 dias para verificar e executar as misturas para a masterização. Para se ter sucesso na mistura, é preciso ter um plano claro no processo de produção. Este é o nosso sexto álbum com Karl e a cada nova mistura estamos a evoluir para novos patamares. Eu acho que a mistura é clara, pesada e extremamente bombástica.

Ainda não tocaram em Portugal, mas conhecem o nosso país?
LV: Infelizmente nunca tocamos em Portugal, pelo que esse facto precisa ser mudado o mais rapidamente possível! Mas, pelo menos Sabine e eu, passámos umas ótimas férias em Lisboa e no Algarve há 2 anos. Lisboa acabou por ser uma das nossas cidades favoritas. Que beleza! Alugamos um carro, conduzimos pela costa atlântica e passamos um bom bocado nas rochas do Algarve. Precisamos fazer isso novamente em breve!

A nova tour de promoção a Dynamind incluirá Portugal?
LN: Infelizmente não na tournée de primavera com os Visions of Atlantis, mas espero poder ir aí fazer alguns festivais mais tarde. Portanto, esta é uma chamada a todos os promotores portugueses, aqui estamos e estamos prontos para tocar no teu belo país!

Obrigado Lanvall e Sabine! Foi uma verdadeira honra! Querem acrescentar mais alguma coisa?
LV e SE: Muito obrigado pela entrevista e muito obrigado a todos os nossos fãs portugueses!


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