Entrevista: Magnolia


Os Magnólia são uma banda de Sintra formada a partir de três ex. e atuais elementos dos Eterna Saudade. Compostos por Filipa Pinto (vozes e letras), Nuno Gonçalo (guitarras e composição) e Paulo Bucho (bateria e percussão), a banda formada em janeiro de 2018, lançou em novembro de 2019 o seu primeiro álbum de originais, Cynthia, naquela que é uma das maiores revelações do ano passado. Fomos assistir a um ensaio dos Magnólia onde captamos as suas impressões.

Qual a origem do vosso nome?
A origem do nosso nome está relacionada com todo o misticismo da Serra de Sintra. Inicialmente até tínhamos outro nome - Meme de Morte - só que não nos identificamos muito com aquilo que tínhamos escolhido. Quando surgiram as composição das letras no sentido mais místico e mais a ver com toda esta ambiência de Sintra e então eu acabei por num dos ensaios, olhar dentro das minhas memórias passadas e recordei-me de que quando estava sentada ao lado da minha avó nas noites de verão e recordo-me de estarmos sentadas uma ao lado da outra nas escadinhas que havia ao lado da porta dela e  de ela dizer assim: que cheirinho tão bom a magnólia, e eu virei-me para eles e disse o que acham do nome Magnólia? Concordaram e acharam que o nome se encaixava em tudo isto e acabou por ficar.

Como é que tudo começou?
Anteriormente estávamos todos noutra banda que pertencia a José Costa e as coisas não estavam a correr da melhor forma e então acabamos por ter esta ideia de sair e construir um projeto. Saímos todos de Eterna Saudade. Quando iniciamos o projeto, a Sofia Boucinha estava presente, mas a meio das gravações e, por razões pessoais, quis abandonar e acabamos por ficar só nós os três no resto da criação do álbum. Acabamos por criar este projeto quando saímos da Eterna Saudade.

Quais as vossas expetativas para este projeto Magnólia?
Tentamos dentro deste projeto alternativo em que sabemos que os nossos ouvintes acabam por ser em número um bocado limitado. Estamos a tentar com este projeto chamar cada vez mais seguidores para este estilo de música se bem que acabamos de criar um estilo de música um bocado próprio de todas estas nossas criações e invenções. Temos expetativas que as pessoas oiçam, que as pessoas entendam o que estamos a sentir e que estamos a querer transmitir.

Quais as vossas referências e influencias musicais?
Todos somos fãs de Madredeus, não conseguimos definir um estilo, bandas clássicas, clássico moderno. Acabei por fazer uma junção. Desde miúda que sempre tive um gosto diversificado. Por exemplo, quando comecei a cantar e a ter aulas de canto foi no coro da igreja da vila de São Martinho. Foi aí que começou toda a minha formação musical e mais tarde com aulas de música, mas sempre ouvi do pop ao rock. Mais tarde ouve a paixão pelo metal (Metallica, Megadeth), depois também tive a onda hippie, a onda punk. Eu não tenho um estilo definido, é consoante aquilo que vou sentindo, cada momento, cada fase da vida.

Em que consistem as vossas letras?
Comecei a mergulhar na minha saudade, do que passei. Eu tive uma perda muito grande na minha vida que foi um dos meus grandes amores, a mulher que me criou, a minha avó e pensando na Serra e inspirando-me nela veem sempre aquelas memórias e os ensinamentos que ela me deu. Era uma mulher muito especial e acabei por me inspirar num todo e o álbum acaba por ser para mim quase como uma terapia porque foi estar a resolver emocionalmente certas coisas do passado dentro de mim. Foi o deitar cá para fora algumas revoltas, tristezas. Foi um misto de sentimentos, acaba por ser uma inspiração acerca de todo esse misticismo.

Quais as vossas expetativas para o projeto Magnólia?
A minha ambição é qb. Não é aquela ambição desmedida. É óbvio que como a música, sendo uma das minhas grandes paixões, era o que gostava de fazer a tempo inteiro. Espero que este álbum seja ouvido, entendido e que consiga alcançar algo de bom. O álbum foi feito, não a pensar na fama nem no dinheiro. Foi um trabalho feito com grande emotividade e que tudo isto seja entendido.

Como se sentem neste momento por estar a lançar o primeiro álbum?
Achamos que devíamos avançar e, para mim, foi o concretizar de um sonho. As coisas na minha vida, tudo o que conquistei, foi sempre com muita luta. Foi sempre uma luta muito grande para ter seja o que for e para mim chegar aqui e gravar o álbum, lançar cá para fora, foi um concretizar de um sonho.

Como vêm o meio alternativo em Portugal?
Tivemos a sorte de encontrar o Mário da Fatsound Productions que é uma pessoa cinco estrelas e que acabou por nos puxar - vamos embora lá gravar isto. O meio é muito complicado, um meio muito pequeno e um meio fechado e limitado para um determinado número de pessoas que gostam. Temos poucos apoios ou nenhuns. Desde os artistas às editoras está tudo contado ao tostão.

O que podem esperar os vossos admiradores para os anos de 2020-21?
Tentar tornar isto consistente ao vivo, através de alguns concertos. 8 de fevereiro na FNAC do Vasco da Gama; 15 de fevereiro na FNAC do Colombo e dia 22 vamos estar na FNAC do Algarve.

Querem deixar uma mensagem para os vossos seguidores aqui na Via Nocturna?
As pessoas podem não gostar, mas aconselho-vos a ouvir isto num momento mais introspetivo. Têm de abrir a vossa mente, os vossos corações para conseguirem sentir todo este misto de emoções, para conseguirem compreender toda esta energia e então aí vão sentir-se realmente apaixonados por muitas coisas.
[Entrevista por: Rita Sequeira]

Comentários

  1. Um cd fantastico com uma musica própria, sentida e muito bem cantada. Parabéns.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

DISCO DA SEMANA #47 VN2000: Act III: Pareidolia Of Depravity (ADAMANTRA) (Inverse Records)

MÚSICA DA SEMANA #47 VN2000: White Lies (INFRINGEMENT) (Crime Records/We Låve Records)

GRUPO DO MÊS #11 VN2000: Earth Drive (Raging Planet Records)